Brasil

Ex-campeão da Chapecoense em 1977, Janga diz que Deus levou seus amigos

Ex-jogador vende cachorro-quente na Arena Condá e é querido pelos torcedores

Por G1 01/12/2016 08h01
Ex-campeão da Chapecoense em 1977, Janga diz que Deus levou seus amigos
Reprodução - Foto: Assessoria

Jandir Moreira dos Santos, 61 anos, o Janga, é um personagem que está na memória carinhosa dos moradores de Chapecó e, principalmente, dos torcedores da Chapecoense. Ele jogou no time de 1977, que se sagrou campeão estadual, o primeiro título do clube. Hoje, vive o luto de ter recebido a notícia da morte de amigos, então diretores da Chape, que estavam no avião que caiu na Colômbia.

“Todos que Deus levou são meus amigos. Eu era muito chegado, muito próximo deles. Tanto jogadores, diretores e também os amigos da imprensa. Foi uma tristeza muito grande. Deus quis assim, chegou a hora deles, temos de juntar os cacos e ver o que faremos daqui em diante”, disse Janga, emocionado.

A história dele com o clube começou em 1976, quando saiu do time gaúcho Lajeadense, para jogar na Chapecoense. “Daí começou tudo aqui. Joguei dez anos, de 1976 a 1986. Fui campeão catarinense em 1977, fui campeão da Taça Santa Catarina em 1979 e disputei um campeonato brasileiro em 1978.”

Janga segue sua rotina de ir ao estádio em dias de jogos. Ele tem um quiosque na Arena Condá, onde vende cachorro-quente. “Estou nesse ramo há 20 anos. Acabo ajudando a divulgar ainda mais o time, não tem jeito, a torcida sempre se encontra comigo. Eu sempre tive uma relação muito forte com a torcida, tanto que recebi da direção essa Kombi para trabalhar e vender meu cachorro-quente.”

Janga ganhou uma Kombi para montar um food truck e lamenta morte dos amigos da Chapecoense (Foto: Glauco Araújo/G1)

O presente da diretoria do clube foi entregue há cerca de cinco meses em uma cerimônia montada na frente do estádio e com a presença de torcedores do Chapecoense. “Eu sempre fui um cara muito exemplar, que fez as coisas da forma correta. A pessoa que é correta recebe a recompensa depois, fiquei lisonjeado.”

Emocionado, ele se diz agradecido pelos amigos dirigentes. “Fica o sentimento de gratidão e pesar muito grande por essa perda.”

Janga relembra que foi a relação que ele teve com a torcida enquanto era jogador que o fez decidir por morar em Chapecó.

“Minha relação com a torcida sempre foi boa quando jogava, esse tempo todo que estou em Chapecó é por conta da torcida, eu tenho muito respeito por eles. Sou muito bem acolhido, sou muito querido, é por causa deles que estou em Chapecó até hoje.”

Ele se orgulha de o clube ter reeditado uma camisa retrô com o número 5 que vestia enquanto jogava. “A única camisa que tinha original da época em que joguei eu doei para o clube. Era de malha de algodão e de manga longa, era um calor danado, eu perdia três quilos por partida.”

Janga também mostra orgulhoso o álbum de figurinhas da Chape em que ele aparece em duas fotos na capa. “Não é todo jogador que consegue isso, que tem esse reconhecimento”, disse.

Janga, ex-campeão pela Chapecoense, colocou uma bandeira do clube e um laço preto em sinal de luto na porta da sua casa (Foto: Glauco Araújo/G1)

Janga mostra com orgulho placa que recebeu da diretoria da Chapecoense pelos anos que jogou pelo time (Foto: Glauco Araújo/G1)