Própolis vermelha: tesouro da biodiversidade alagoana

O material é a primeira Indicação Geográfica da biodiversidade das Américas

Por Ana Paula Omena e Wellington Santos / Revisão: Bruno Martins | Redação

A própolis vermelha, um produto nobre originado das abelhas que habitam nos manguezais de Alagoas, tem ganhado popularidade e cada vez mais destaque devido aos seus benefícios à saúde e ao interesse crescente por sua produção, sendo considerada um verdadeiro tesouro da biodiversidade alagoana.

A Universidade Federal de Alagoas (Ufal), em colaboração com a União dos Produtores de Própolis Vermelha (Uniprópolis), busca não apenas expandir a produção da matéria-prima, mas também fortalecer a pesquisa e a inovação no setor apícola e meliponícola do estado.

Para se ter uma ideia, a universidade alagoana é responsável por 52% do total de patentes sobre própolis vermelha depositadas no Brasil e por 12% dos depósitos internacionais na Organização Mundial da Propriedade Intelectual [Wipo - World Intellectual Property Organization].

Há décadas pesquisando a própolis vermelha de Alagoas, o professor pós-doutor Ticiano Nascimento, - do Instituto de Ciências Farmacêuticas (ICF) da Ufal, e membro do Conselho Técnico-Científico da Uniprópolis, é enfático ao afirmar que o produto de Alagoas é o único do Brasil composto por isoflavonóides, substância que ajuda no processo inflamatório.

Ele destacou que o produto se popularizou para além de Alagoas e houve outro avanço importante com a obtenção da (IG) Indicação Geográfica para a Própolis Vermelha dos Manguezais de Alagoas, registrada no Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI)

O docente explicou que este selo garante que as empresas alagoanas usem a marca “Própolis Vermelha de Alagoas”, se diferenciando de outros estados, uma vez que cada região tem características ambientais e químicas únicas que influenciam no produto final.

O selo da Denominação de Origem dos Manguezais de Alagoas pode ser usado nos extratos seco, alcoólico e aquoso



“O IG destaca a própolis vermelha de Alagoas com a sua herança histórico-cultural e o seu caráter comunitário. Tal indicação define que o Estado de Alagoas possui um produto cujas qualidades têm influência exclusiva ou essencial por causa das características locais, resultando em um produto singular”, garantiu.

APOIO

A Uniprópolis, que é detentora e gestora da marca (IG) Indicação Geográfica Própolis Vermelha dos Manguezais de Alagoas, além da Ufal, tem o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa de Alagoas (Fapeal) e do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) para que esse trabalho seja contínuo.

"A pesquisa e a inovação têm sido um pilar importante para o desenvolvimento deste mercado em Alagoas, já que diversos depósitos de patentes foram realizados, com alguns produtos já chegando ao mercado, trabalhando em parceria com empresas locais para lançar mais produtos derivados da própolis vermelha", ressaltou o professor.

'OURO NAS MÃOS'

Para o reitor da Ufal, Josealdo Tonholo, o estado tem 'ouro nas mãos', que é a própolis vermelha de Alagoas. "Não estamos falando apenas de abelha, de caixa, estamos falando de algo mais complexo, que são as oportunidades transversais, como agricultura familiar, agricultura de recursos hídricos, ciência, tecnologia e muito mais”, destacou. "O material é a primeira Indicação Geográfica da biodiversidade das Américas", pontuou.

Reitor da Ufal, Josealdo Tonholo I Foto: Edilson Omena

"É inegável a importância da própolis vermelha como um produto genuinamente alagoano, que traz impactos sociais, econômicos e científicos, que pode ser comprovado pelo quantitativo de pesquisas produzidas sobre a temática na universidade. Por isso, precisamos investir em estratégias de divulgação e de adensamento da cadeia produtiva”, afirmou. 

Conservar rabo-de-bugio eleva produtividade   

O gerente de Competitividade Setorial do Sebrae Alagoas, Carlos Henrique Soares, enfatizou que todos os produtores apicultores atendidos pelo programa de boas práticas do órgão são estimulados à preservação do meio ambiente, de onde extraem a matéria-prima, já que o aumento da produção está intimamente ligado à conservação das plantas rabo-de-bugio dos manguezais de Alagoas.

“Estamos desenvolvendo uma proposta de projeto junto a diversos outros atores para que em breve haja mais apoio a esta cadeia produtiva específica da própolis vermelha no estado”, avisou.

“Atualmente nossos atendimentos aos produtores se concentraram em boas práticas de produção e extração da própolis, visando um produto de melhor qualidade e mais competitivo no mercado. Visto que, atualmente, várias empresas locais já trabalham com produtos à base de própolis vermelha”, disse Carlos Soares.

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Produção de própolis vermelha em Alagoas traz benefícios para a agricultura familiar, economia, meio ambiente, emprego, renda e turismo

Propriedades da Vida
Revolução da própolis vermelha no combate a feridas, câncer e infecções


Há pouco mais de cinco anos, uma ideia simples, mas promissora, uniu ciência, inovação e sustentabilidade em um mesmo propósito: transformar o que era descartado como resíduo pela indústria de própolis em uma esperança terapêutica para pacientes com câncer de boca. A professora Camila Dornelas, da Universidade Federal de Alagoas, lembra bem do início. “Começamos com estudos in vitro, observando as propriedades antineoplásicas da própolis vermelha. Depois, veio o edital PPG Empresa, promovido pelo CNPq e Fapeal, que viabilizou nossa parceria com a empresa Fernão Velho”, contou.

O objetivo inicial era desenvolver enxaguatórios bucais sem álcool — um agente sabidamente carcinogênico — capazes de aliviar sintomas comuns em pacientes com carcinoma epidermóide da cavidade bucal, como mucosite e candidíase. A fórmula, elaborada com a borra da própolis vermelha — um subproduto antes descartado — demonstrou não apenas propriedades anti-inflamatórias e antifúngicas, mas também efeito antineoplásico.

Professores Camila Dornelas e Ticiano Nascimento lideram estudos com própolis vermelha no enfrentamento a doenças como câncer, lesões cutâneas e inflamações, em parceria com universidades, empresas e o Hospital Universitário (HU) I Foto: Adailson Calheiros



“Resgatamos toneladas de própolis ainda viáveis que seriam jogadas fora. Sustentabilidade também é isso: transformar o que era lixo em solução de saúde pública”, diz a pesquisadora.

Sem álcool, com ciência

A inovação, explicou Camila, está também na segurança do uso. Enquanto a maioria dos enxaguantes contêm álcool, a solução desenvolvida é totalmente livre da substância. Isso evita irritações e riscos adicionais, especialmente em um organismo já comprometido por tratamentos oncológicos.

Apesar dos avanços, a pandemia de Covid-19 interrompeu parte dos estudos clínicos com pacientes oncológicos. Atualmente, outra frente de pesquisa — em colaboração com o professor Haroldo e a equipe da Faculdade de Nutrição da Ufal — dá continuidade aos testes com cápsulas de própolis para pacientes bariátricos, em uma amostragem que já contempla 10 voluntários, com meta de chegar a 50.

“A obesidade também é uma doença inflamatória. A própolis tem se mostrado eficiente para apoiar a recuperação pós-cirurgia e ajudar no equilíbrio metabólico e psicológico”, acrescentou Camila.

Lesões e curativos inteligentes


Outra linha de pesquisa que está sendo liderada pelo professor Ticiano Nascimento diz respeito ao uso da própolis vermelha no tratamento de feridas provocadas por leishmaniose e escaras hospitalares. A novidade? Uma biomembrana 100% vegetal, feita com celulose e própolis, que substitui curativos convencionais e plásticos sintéticos — com potencial de reduzir riscos, acelerar a cicatrização e evitar resíduos tóxicos no organismo.

“A pele é uma barreira vital. Hoje, sabemos que até partículas de plásticos presentes em curativos comuns podem atravessar essa barreira e causar doenças graves. Nossa proposta é um curativo natural, biodegradável, com poder de cicatrização e sem efeitos colaterais”, frisou Ticiano.

Foto: Adailson Calheiros



Os testes com biomembranas foram realizados inicialmente em porcos, cuja pele é muito semelhante à humana, e estão sendo ampliados com camundongos. A pesquisa também mira doenças raras, como a epidermólise bolhosa, que atinge 18 pacientes em Alagoas.

Próxima etapa: o SUS


A expectativa da equipe é que, com os bons resultados obtidos, as tecnologias possam ser incorporadas ao Sistema Único de Saúde (SUS), beneficiando pacientes em todo o Brasil. “Já conseguimos patentes e a produção de cápsulas com apoio da Fapeal e da iniciativa privada. Mas precisamos avançar para uma estrutura de estudo clínico mais robusta, com mais hospitais envolvidos. Só o HU não dá conta. Um estudo multicêntrico seria o ideal”, afirmou Ticiano.

Muito além de um remédio

A própolis vermelha de Alagoas já é reconhecida por sua qualidade e possui Indicação Geográfica, o que fortalece seu valor ambiental e socioeconômico.

“Estamos lidando com um produto da biodiversidade local, que tem um impacto direto na preservação ambiental e na geração de renda para apicultores. Mostrar suas aplicações clínicas reforça a importância de políticas públicas de incentivo à ciência e à produção sustentável”, finalizou Camila.

Estudantes durante experimentos no laboratório da Ufal I Foto: Adailson Calheiros

Entre curativos que se dissolvem na pele, enxaguantes que não causam mais dor, e cápsulas que tratam com suavidade, a ciência alagoana mostra que mesmo nas menores partículas de própolis podem residir grandes revoluções para a vida.

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Novas variedades de própolis


O presidente da Uniprópolis, Mário Agra, tem defendido uma abordagem ousada, não só com a própolis vermelha, mas também com o estudo de diversas variedades de própolis no estado.

Estudos feitos por pesquisadores da Ufal têm buscado identificar diferentes variedades de plantas e melhorar as técnicas de manejo das abelhas, com o objetivo de aumentar a produção e a qualidade, garantindo a sustentabilidade ambiental e a competitividade no mercado.

"Além da própolis vermelha, os estudos sobre outras variedades, como a própolis marrom, também estão ganhando força. Uma pesquisa, liderada pela União dos Produtores de Própolis Vermelha, está explorando novas regiões de Alagoas, como as Serras de Alagoas, onde as abelhas produzem a própolis a partir de plantas como a Baccharis Cinerea (chamada de Erva de Santa Maria)", disse.

O professor Ticiano garantiu que estudos fitoquímicos e botânicos identificaram estas plantas como sendo as preferidas pelas abelhas, e os pesquisadores já mapearam áreas nos municípios de Novo Lino, Colônia Leopoldina, Ibateguara, União dos Palmares, Capela, Palmeira dos Índios e Quebrangulo, com a intenção de expandir mais a pesquisa para outras localidades do estado.

Atualmente, o professor universitário Ticiano Nascimento tem se debruçado nestes novos estudos, em outros tipos de própolis, além da marrom da região de Serras alagoanas (Dos Quilombos), também da própolis verde da Jurema Preta, no Agreste e Sertão de Alagoas e Pernambuco, esta última com a capacidade de trabalhar a depressão e a ansiedade, bem como futuramente combater o autismo em crianças.

Estudos estão sendo realizados pela Ufal e Universidade de São Paulo (USP)


🐝 Mapa da Própolis em Alagoas

Produções por região:

📍 Litoral
➡ Própolis Vermelha
Produzida nos mangues, é exclusiva da costa alagoana e rica em compostos bioativos.

🏞 Serras
➡ Própolis Marrom
Extraída de áreas de vegetação densa e diversificada, típica das regiões serranas.

🌵 Agreste e Sertão
➡ Própolis Verde da Jurema
Originada da planta Jurema-preta, típica do semiárido, com alto potencial medicinal.

ATENÇÃO GLOBAL

Ticiano Nascimento apontou que a própolis vermelha de Alagoas, originária dos manguezais do estado, tem sido estudada desde 2005 e atrai a atenção global devido às suas propriedades medicinais. De acordo com o professor PhD, os avanços científicos têm permitido transformar os extratos tradicionais em produtos inovadores, como cápsulas de nanopartículas cosméticas.

“Algumas patentes já foram concedidas e novos produtos estão em desenvolvimento, incluindo uma versão lipossomal da própolis vermelha para pacientes que não podem consumir álcool, como é o caso de comunidades árabes e pessoas em tratamento oncológico”, destacou.

Fomento à pesquisa e inovação

O apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (Fapeal) tem sido fundamental e ocorre de três formas principais:

Subvenção econômica
- Financiamento de projetos inovadores voltados ao empreendedorismo, por meio de editais específicos.

Auxílio à pesquisa
- Recursos destinados a projetos desenvolvidos em Instituições de Ensino Superior, sob a cooperação de pesquisadores doutores, podendo envolver parcerias com empresas.

Bolsas de pesquisa
- Apoio a projetos que envolvem a própolis vermelha nos editais de bolsas de iniciação científica (Pibic Jr.), mestrado, doutorado e pós-doutorado.


🧪 Própolis Vermelha: Ciência com Selo Alagoano

Desde 2010, o Governo de Alagoas, por meio da Fapeal, tem impulsionado pesquisas sobre a própolis vermelha, apoiando cientistas e empresas em diversas frentes de inovação.

💡 Programas que incentivaram as pesquisas:

PAPPE Integração – 2011;

Tecnova I e II – 2013 e 2020;

PPSUS (SUS) – 2016 e 2020;

PPG Empresa – 2018;

Centelha II AL – 2019;

Pibic Jr. – 2023 e 2025;

Tecnova III e Startups NE – 2024 (em avaliação);

Além de editais anuais de bolsas e auxílios à pesquisa.

🏛 Instituições envolvidas:

UFAL – Universidade Federal de Alagoas;

IFAL – Instituto Federal de Alagoas;

UNCISAL – Universidade Estadual de Ciências da Saúde;

CESMAC – Centro Universitário Cesmac;

Empresas privadas também foram contempladas com apoio à inovação.

🌍 Por que isso importa?

Graças aos investimentos da Fapeal, Alagoas se tornou referência nacional em pesquisas sobre a própolis vermelha, destacando seu potencial terapêutico, científico e comercial.

Demanda por própolis vermelha é maior que produção

Conforme o docente Ticiano Nascimento, para suprir a crescente demanda interna no Brasil, a Uniprópolis está capacitando mais apicultores, para assim expandir a produção ao longo do litoral alagoano, de Piaçabuçu a Maragogi. “O objetivo é garantir um fornecimento sustentável da matéria-prima, fortalecendo a cadeia produtiva e assegurando a continuidade das pesquisas e inovações no setor”, mencionou. “A quantidade de própolis vermelha produzida no estado ainda é insuficiente para atender as seis empresas atualmente instaladas em Alagoas”, revelou.

Alinhada com as políticas do governo federal e os compromissos da COP30, a iniciativa da Uniprópolis também visa promover a bioeconomia e o reflorestamento, com a apicultura desempenhando um papel essencial no combate à desertificação e à sustentabilidade ambiental.

Ticiano Nascimento, que é uma das principais referências em estudos e pesquisas na área dentro do estado, reforçou como é feito todo o processo. “A IG é coletada por abelhas em regiões de mangue, que vão de Piaçabuçu a Maragogi, abrangendo todo o litoral alagoano. Sua produção tem se expandido, mas ainda há uma demanda superior à quantidade produzida, o que tem gerado maior competitividade entre as empresas locais”, salientou.

“Atualmente, Alagoas conta com cinco empresas produtoras, um aumento especial desde 2010, quando apenas três delas estavam ativas no mercado; atualmente são cinco, incluindo grandes nomes, como: Fernão Velho, Biva, Zumbi, e outras empresas mais recentes, como a Ouro Vermelho e Rubee Apis, esta última originária de São Paulo e instalada em Alagoas para agregar investimentos ao setor”, observou o docente, que é pós-doutor na área de purificação e identificação de metabólitos secundários da própolis vermelha de Alagoas.

Própolis Vermelha: benefícios, pesquisa e preservação ambiental


Ticiano Nascimento destacou ainda que a produção de própolis vermelha está intimamente ligada ao mangue, um ecossistema que, além de ser uma fonte para a coleta dessa substância, precisa ser preservado para garantir a qualidade do produto.

Para ele, o manejo das abelhas e a preservação ambiental são fatores essenciais no sentido de manter a qualidade e as características únicas da própolis vermelha dos manguezais de Alagoas.

O professor explicou que a própolis vermelha é extremamente reconhecida por suas propriedades antibióticas naturais, antifúngicas e cicatrizantes. Um produto natural aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) como suplemento alimentar, o que permite sua venda sem necessidade de prescrição médica.

“No entanto, seus benefícios vão além das propriedades já conhecidas. Pesquisas estão em andamento para estudar suas potencialidades no combate ao câncer, com foco em suas substâncias, como os flavonoides, pterocarpanos e isoflavonoides”, afirmou.

“Apesar de não haver estudos clínicos definitivos sobre a eficácia da própolis vermelha no tratamento do câncer, muitos acreditam que ela pode ser utilizada como complemento terapêutico, melhorando a qualidade de vida dos pacientes durante tratamentos, como a quimioterapia”, observou o membro do Conselho Técnico-Científico da Uniprópolis Alagoas.

IMPACTO NO DESENVOLVIMENTO REGIONAL

Além da inovação na produção de própolis, o trabalho da Uniprópolis e das empresas alagoanas envolve o desenvolvimento regional, com a empregabilidade do pequeno agricultor, buscando gerar emprego e renda em todo o estado alagoano. O Sertão, por exemplo, é uma região com grande potencial, mas que enfrenta desafios ambientais, como a desertificação e a eliminação do solo.

A instituição tem a intenção de trabalhar a agricultura familiar com a apicultura baseada na região do São Francisco e Canal do Sertão, com a ideia de trabalhar políticas integradas relacionadas aos recursos hídricos do estado.

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“A introdução de sistemas agroflorestais, com a plantação de diversas culturas agrícolas, é uma das estratégias para transformar áreas secas em ecossistemas mais sustentáveis. Isso inclui: a adaptação de práticas agrícolas, que permitem o cultivo de plantas que favorecem a produção de própolis e o manejo adequado do solo, promovendo o desenvolvimento sustentável da região”, explicou o professor Ticiano.

Para ele, além dos benefícios econômicos, essa produção também representa um passo importante para o desenvolvimento sustentável das regiões mais carentes do estado, como o sertão alagoano, onde a agroecologia e o manejo adequado das plantas estão sendo aliados para o combate à desertificação e o incentivo ao crescimento das economias locais.

Ticiano Nascimento concluiu observando que o país precisa exportar seus produtos, mas tem que ter em grande quantidade, e a Uniprópolis tem esse papel de capacitar e ampliar o número de apicultores de colmeias, produtoras de mel e própolis para que assim atinja o mercado internacional.

“E essa é a nossa meta para os próximos anos, trabalhar não somente as pesquisas em laboratório indo além, é desafiador, mas Alagoas tem potencial para expandir a produção e o poder é transformador tanto para quem usa quanto para quem produz”, completou.

A própolis vermelha, riqueza natural de Alagoas, tem ganhado cada vez mais espaço no cenário científico e tecnológico graças ao apoio da Fapeal. Em entrevista, o diretor executivo da fundação, professor João Vicente Lima, detalha como projetos de pesquisa e startups vêm sendo incentivados por meio de editais estratégicos. Ele também destaca a atuação conjunta com universidades e centros de inovação. Ouça o áudio completo e entenda como ciência, inovação e desenvolvimento local caminham juntos nessa iniciativa.




Uniprópolis quer quadruplicar produção de mel e própolis em Alagoas até 2027


A Uniprópolis traçou uma meta ambiciosa: quadruplicar a produção de mel e própolis vermelha em Alagoas até 2027, alcançando a marca de 90 mil quilos de mel. Para isso, a entidade já iniciou ações em 15 municípios, capacitando apicultores beneficiários com foco no aumento do número de apiários.

O professor Ticiano Nascimento, membro da equipe técnico-científica da Uniprópolis, ressalta que a indústria farmacêutica está atenta e entusiasmada com o potencial da própolis alagoana, mas alerta: é fundamental estruturar a cadeia produtiva de forma organizada para que o avanço se concretize.

“A ideia é trabalhar os 22 municípios da região dos manguezais para expandir a produção até 2027, chegando a 90 mil kg de mel”, afirmou o professor.

Para alcançar essa meta, Ticiano destacou a necessidade de mais empenho por parte dos apicultores, mas também reforça a importância do apoio institucional:

“Essa iniciativa envolve treinamentos, transporte, diárias e análises laboratoriais. Tudo isso tem custo. É preciso que o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e outros órgãos de fomento apoiem com aportes. A universidade, por sua vez, também necessita de investimentos para manter as análises de mel e própolis, garantindo a qualidade dos produtos”, explicou.

Lançamento do projeto em julho de 2024 para ampliar a produção e exportação da própolis vermelha dos manguezais de Alagoas I Foto: Ana Paula Omena


A proposta da Uniprópolis também está alinhada com a preservação ambiental, já que a produção está concentrada em áreas de manguezais, promovendo a sustentabilidade e o desenvolvimento regional por meio da apicultura como ferramenta de inclusão social e geração de renda.