
Própolis vermelha de Alagoas brilha novamente com aprovação de 4 novas patentes para o mercado farmacêutico
Marcas vão prevenir câncer bucal, de mama, diabetes e doenças veterinárias; concessão ocorreu em 13 de março e resultado é fruto de pesquisas da empresa alagoana Fernão Velho
Por Wellington Santos - Reportagem e Edição / Bruno Martins - Revisão / Adailson Calheiros - Fotos | Redação
A biotecnologia de Alagoas — graças à produção da própolis vermelha — acaba de impactar o mercado de fármacos no Estado e no Brasil. A razão é a recente concessão de quatro patentes de marcas de imunizantes que previnem contra vários tipos de doenças, cujos benefícios são oriundos da produção de própolis vermelha alagoana.
A certificação foi concedida e as marcas foram patenteadas no último dia 13 de março pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi) — uma autarquia federal que gerencia a concessão de patentes e marcas no Brasil — e anunciada com exclusividade para o jornal Tribuna Independente e o portal tribunahoje.com.
Depois de dois anos de intensas pesquisas, os produtos saíram do papel e vão chegar ao mercado alagoano e do Brasil como imunizantes portáteis (cápsulas) e antibióticos naturais que vão prevenir doenças como pé diabético, câncer bucal, câncer de mama e imunizante na área de medicina veterinária. O anúncio foi feito pela nutricionista e farmacêutica da empresa Fernão Velho, Mariana Lima.

“São produtos controlados, sem glúten, e o paciente fica imune 24 horas. Eles vão prevenir especificamente esses dois tipos de cânceres, pé diabético e na medicina veterinária. A própolis é um imunizante natural, cicatrizante natural e que vai estar à disposição no mercado a partir de agora”, explica a farmacêutica Mariana.
“Isso vai fortalecer toda a cadeia de apicultores alagoanos, além da nossa empresa”, completa Mariana, ao acrescentar que é um imunizante portátil que libera os ativos (flavonoides) no decorrer do dia. “São produtos sem lactose, sem açúcar. A pessoa toma uma cápsula que equivale a oito gotas”, completa Mariana.

Flavonoides são pigmentos naturais presentes em muitas plantas, que conferem cor, sabor e aroma. São compostos fenólicos que têm propriedades nutritivas e farmacêuticas e podem ser encontrados em plantas como a própolis vermelha, flores de camomila, cascas de laranja e limão, cereais, sementes e cujas propriedades protegem as células contra os radicais livres, inibem a agregação plaquetária, reduzem o colesterol, a isquemia cerebral, controlam a hiperglicemia e são eficazes no tratamento do câncer e de doenças inflamatórias.
'Isso vai fortalecer toda a cadeia de apicultores alagoanos, além da nossa empresa. É um imunizante portátil que libera os ativos (flavonoides) no decorrer do dia. São produtos sem lactose, sem glúten, sem açúcar', diz a farmacêutica

FERNÃO VELHO, A PIONEIRA NA CERTIFICAÇÃO EM ALAGOAS
A própolis vermelha de Alagoas possui o selo de Indicação Geográfica (IG) na modalidade Denominação de Origem, concedido pelo Inpi.
A IG foi registrada em 17 de julho de 2012 pela União dos Produtores de Própolis Vermelha do Estado de Alagoas, associação a qual a empresa Fernão Velho é ligada. As outras empresas associadas são: Biva, Zumbi e outras empresas mais recentes, como a Ouro Vermelho e Rubee Apis, esta última originária de São Paulo.
A própolis vermelha de Alagoas é um produto exclusivo do Brasil e é produzida por abelhas que vivem perto de manguezais. A sua composição é única, com quatro flavonoides que não foram encontrados em nenhum outro tipo de própolis no mundo.

A IG da própolis vermelha de Alagoas é reconhecida internacionalmente e dá direito à propriedade intelectual autônoma. Com a indicação geográfica, o produto pode destacar a sua herança histórico-cultural e o seu caráter comunitário.
A empresa Fernão Velho foi a primeira empresa alagoana da Uniprópolis a ser certificada em 2021 com o Selo de Indicação Geográfica da Própolis Vermelha e foi licenciada para colocar produtos frutos de pesquisas da biotecnologia em qualquer parte do mundo.
“Devemos isso a gente como o pesquisador, professor-doutor Ticiano Gomes do Nascimento, da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), e sua equipe de pesquisadores, que acompanharam todo processo de estudos e análises naquele longo período entre 2007 e 2012, quando conseguimos o selo de Indicação Geográfica (IG) na modalidade Denominação de Origem, concedido pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial”, agradece Mário Calheiros, acrescentando que foi o professor Ticiano, com pós-doutorado na Escócia, que deu o parecer decisivo para a conquista. Calheiros citou também instituições como o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (Fapeal) que deram apoio no processo.

Uma trupe solidária como as abelhas
- E foi como uma espécie de evoé que a natureza recebeu a reportagem da Tribuna. Na mata semifechada do bairro de Fernão Velho, onde se encontra o meliponário da empresa homônima, uma chuva forte caía como afago de boas-vindas para a reportagem conhecer detalhes da produção da própolis vermelha, no ambiente em que são criadas as abelhas sem ferrão.
- No bioma encravado no bucólico bairro de Fernão Velho, Mário apresentou toda sua trupe familiar, ou melhor, uma parte do corpo de funcionários, que hoje é a mola propulsora e engrenagem do sucesso da empresa que compartilha o conhecimento sobre a diversidade e a importância das abelhas, assim como deu dicas de como a própolis vermelha alagoana tem sido fundamental para promover a biotecnologia a serviço das pessoas.
UM VIVA À NATUREZA, ÀS ABELHAS E À CIÊNCIA
E foi como uma espécie de evoé que a natureza recebeu a reportagem da Tribuna. Na mata semifechada do bairro de Fernão Velho, onde se encontra o meliponário da empresa homônima, uma chuva forte caía como afago de boas-vindas para a reportagem conhecer detalhes da produção da própolis vermelha, no ambiente em que são criadas as abelhas sem ferrão.
“Isso aqui Deus nos dá de graça, a natureza, que é matéria-prima, faz seu show e nós, os homens, transformamos tudo o que está aí em benefício para nós mesmos, a humanidade. Sim, elas todas (as abelhas) são rainhas neste ambiente!”, filosofa o engenheiro agrônomo Mário Calheiros, líder da família e diretor-presidente da empresa Fernão Velho.

No bioma encravado no bucólico bairro de Fernão Velho, Mário apresentou toda sua trupe familiar, ou melhor, uma parte do corpo de funcionários, que hoje é a mola propulsora e engrenagem do sucesso da empresa que compartilha o conhecimento sobre a diversidade e a importância das abelhas, assim como deu dicas de como a própolis vermelha alagoana tem sido fundamental para promover a biotecnologia a serviço das pessoas.
A empresa foi criada em 1997, voltada para o ensino da apicultura em Alagoas e com um corpo técnico formado pela própria família, com todos os integrantes com visão multidisciplinar para gerir a empresa. “São dez pessoas da mesma família, com formação superior, cinco engenheiros agrônomos, arquiteto, administradores de empresas, nutricionista e farmacêutica e engenheiros ambientais entre filhas, genros e sobrinhos. “A Fernão Velho surgiu com uma âncora para todas as outras as empresas que existem em Alagoas com foco na inovação”, atesta Mário.

UMA FAMÍLIA COM "MEL" ATÉ NO NOME E UM "TIME" SOLIDÁRIO COMO AS ABELHAS
Não, não foi mera coincidência que os frutos do amor entre o diretor da Fernão Velho, Mário Calheiros, e a esposa Ivaci Lima, tenham gerado três filhas cujas letras iniciais dos nomes tenham justamente o M de Mel. Mariana, Marília e Morgana, os pais e os agregados - como genros, sobrinhos e até as netinhas - formam um núcleo coletivo de trabalho. Sim, é um “time” entrosado e solidário, como as abelhas, na produção coletiva do mel da própolis vermelha alagoana.
E como certificação — e eternização — da família com a natureza, uma das netas, de apenas um ano e seis meses, foi batizada como Mel de Lima dos Anjos, como se o sobrenome “anjos” quisesse também com isso simbolizar o voo das abelhas. "A Mel com apenas um ano e meio já participa comigo e a avó dessa integração com a natureza, pedindo mel, ao olhar as abelhas no meliponário nos meus braços", revela o avô Mário. E não à toa, as três filhas do casal escolheram seguir o roteiro vitorioso de juntar a profissão que escolheram com natureza ainda em tenra idade. "As minhas três filhas participavam comigo desde pequenas de congressos, seminários sobre apicultura no Brasil e mundo afora".

E deu no que deu. No trabalho coletivo da empresa, feito as abelhas, Mariana, a filha mais velha, é formada em Nutrição e Farmácia; Marília Lima (a do meio) tem formação em Administração de Empresas; e a caçula Morgana Lima enveredou para a Engenharia Ambiental e atualmente, apesar de morar muito longe, na Suécia, trabalha como consultora para a Fernão Velho, com o suporte do marido, em uma das grandes multinacionais do setor.
Na Fernão Velho é como se a engrenagem para a empresa funcionasse assim: Morgana como engenheira pensa, Mariana como nutricionista e farmacêutica executa e Marília, como a filha do marketing ,“vende” as ideias e os produtos para cuidar dos contratos com outras empresas e o mercado farmacêutico. Isso sem contar a importante participação dos genros, agregados da família e sobrinhos na engrenagem da empresa de biotecnologia alagoana.

No laboratório da empresa, entre uma e outra história contada para a Tribuna, a farmacêutica e nutricionista da Fernão Velho, Mariana Lima, filha mais velha do engenheiro agrônomo, com uma resina da própolis vermelha, anunciou em primeira mão para a Tribuna o resultado de dois anos de pesquisa da mais recente conquista da Fernão Velho: a concessão de quatro patentes para o mercado farmacêutico.
Logo depois, o pai, Mário, convidou a equipe da Tribuna a ir a outro compartimento da empresa e visivelmente emocionado, tendo à mão um documento que considera um verdadeiro título que simboliza o lugar ao sol que coloca Alagoas em um grupo seleto no Mapa-Catálogo do Brasil, dando aos Manguezais de Alagoas e sua matéria-prima na produção da própolis vermelha, única no planeta, com a Indicação Geográfica (IG) na modalidade Denominação de Origem, concedida pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi) quando Mário presidia a União dos Produtores de Própolis Vermelha do Estado de Alagoas, registrada em 17 de julho de 2012.
“Temos um canhão sem ser preciso dar nenhum tiro!”, assevera, ao completar e fustigar governantes e empresas: “a própolis vermelha de Alagoas, com sua composição única, não é encontrada em nenhuma outra parte do mundo. Isso é uma dádiva para todos os alagoanos e precisamos dar o devido reconhecimento e divulgação a isso”, finaliza.