Política

Filhos de Neguinho Boiadeiro voltam a acusar Família Dantas, que silencia

Assassinato do vereador Adelmo Rodrigues de Melo segue curso de investigação da Polícia Civil

Por Carlos Victor Costa e Carlos Amaral com Tribuna Independente 11/11/2017 12h37
Filhos de Neguinho Boiadeiro voltam a acusar Família Dantas, que silencia
Reprodução - Foto: Assessoria
O assassinato do vereador Adelmo Rodrigues de Melo, o Neguinho Boiadeiro, ocorrido na última quinta-feira (9), em Batalha, segue o curso da investigação da Polícia Civil, que designou uma comissão de delegados para investigar o crime. A apuração da PC alagoana é contestada veementemente pela família do vereador. Em entrevista à imprensa no dia do assassinato, bem como na última sexta-feira (10) durante o velório de Neguinho Boiadeiro, a viúva Mércia Cavalcante e os filhos do vereador, Anselmo Cavalcante, o Preto Boiadeiro e Bahia Boiadeiro voltaram a acusar a família Dantas como a responsável pelo assassinato. Eles atribuem a Paulo Dantas, ex-prefeito do município e filho do presidente da Assembleia Legislativa do Estado (ALE), Luiz Dantas (PMDB) e sua esposa, Marina Dantas, atual prefeita de Batalha, de serem os mandantes do assassinato. Além dos Dantas, a família Boiadeiro também afirma que um policial civil, identificado como Eudson Oliveira de Matos, estaria envolvido no assassinato do vereador. À imprensa, Bahia Boiadeiro fala no nome do policial, ligando ele tanto a morte de seu pai, como também de seu primo Emanuel Boiadeiro, morto numa operação policial que ocorreu em outubro do ano passado em Belo Monte, no Sertão de Alagoas. Ela o envolve ainda na morte de José Marcos dos Santos, “o Tigrão”. O outro filho de Neguinho, Preto Boiadeiro, que já foi vereador em Batalha, na saída do cortejo da residência da família a caminho de Craíbas, cidade onde o vereador foi enterrado, fez um discurso para os presentes, no qual acusou a família Dantas de ter sido a mandante do crime, junto ao policial Eudson de Matos. A reportagem da Tribuna Independente entrou em contato com a Polícia Civil de Alagoas para saber se o órgão teria algum posicionamento acerca das acusações, no entanto a assessoria de comunicação informou que não haverá manifestação sobre o assunto enquanto as investigações do assassinato de Neguinho Boiadeiro estiverem em curso. A Tribuna também buscou manter contato com a família Dantas sobre as graves acusações dos Boiadeiro. A reportagem ligou para o telefone do deputado Luiz Dantas. Uma parente atendeu e informou que no momento a família não iria se posicionar sobre o assunto. Na manhã de sexta-feira, a assessoria do presidente da Assembleia Legislativa do Estado também havia declarado que não havia um posicionamento oficial por parte de Luiz Dantas. Devido ao clima tenso após o assassinato de Neguinho Boiadeiro, viaturas da Polícia Militar estavam escoltando a entrada do prédio onde reside o ex-prefeito de Batalha, Paulo Dantas. No município de Batalha, um dia após o assassinato, a prefeita de Batalha, Marina Dantas (PMDB), determinou a suspensão de todas as aulas nas escolas da rede municipal de ensino. A determinação também foi acompanhada pelas escolas particulares, que fecharam suas portas e somente reabrem para receber os alunos na próxima segunda-feira (13). De acordo com a assessoria de comunicação da Prefeitura de Batalha, Marina Dantas não quis falar sobre o atentado que culminou na morte do vereador Neguinho Boiadeiro. Policial acusado é filho de segurança assassinado Eudson Matos é citado por participar da morte de Emanuel Boiadeiro em 2016   Em outubro de 2016, Emanuel Boiadeiro, sobrinho de Neguinho, foi morto após uma ação policial – envolvendo policiais civis e militares – na cidade de Belo Monte. O responsável por sua morte teria sido Eudson Matos. A polícia alegou ter havido confronto. O detalhe dessa história é que Eudson é filho de Edvaldo Joaquim de Matos, sargento reformado da Polícia Militar assassinado em 2006 por Emanuel, que confessou o crime. O PM atuava como segurança de Paulo Dantas, prefeito de Batalha, à época do crime. Também estão envolvidos na morte de Edvaldo Joaquim Matos, pai de Eudson Matos, os filhos de Neguinho, Preto e Baixinho Boiadeiro. Os irmãos aguardam julgamento em liberdade. Baixinho Boiadeiro, por sua vez, está sendo procurado pela polícia por ser acusado de ter efetuado os disparos contra José Emílio na última quinta-feira (9) ao saber que seu pai fora executado. Além do sargento da reserva da Polícia Militar, também foi assassinado Samuel Theomar Bezerra Cavalcante, irmão da atual prefeita de Batalha, Marina Dantas, primeira-dama da cidade à época do crime. Logo após a ação policial que resultou na morte de Emanuel Boiadeiro, os pais dele afirmaram que tudo se tratou de fuzilamento por vingança. O pai de Emanuel, Xisto Vieira, chegou a afirmar à imprensa que o responsável pela morte de seu filho “está dentro da Polícia Civil”. Ele também admitiu que seu filho se envolveu num duplo assassinato: o de Samuel Cavalcante e do sargento Edvaldo Joaquim Matos. “Agora, 10 anos depois, esse cara, aproveitando-se do governo, de um emprego que tem na polícia, desse distintivo, dessa autoridade, vir parar aqui, inventar que tinha ladrão de banco aqui”, alegou o pai de Emanuel Boiadeiro a um site da região logo após o crime, em 2016. SEM INTERVENÇÃO DA PC Por conta desta suposta ligação apontada pela família Boiadeiro, os integrantes resistem em ter o caso investigado pela Polícia Civil de Alagoas. De acordo com a viúva Mércia Boiadeiro, não há como haver isenção na apuração do crime por que um dos policiais civis é acusado como um dos autores do assassinato. A família reivindica que o caso seja investigado pela Polícia Federal. “Não há qualquer condição de a Polícia Civil estar neste caso. Queremos a Polícia Federal”, reforçou. Veículos da Polícia Militar estavam na porta do prédio onde reside o ex-prefeito de Batalha, Paulo Dantas, fazendo escolta na sexta (Foto: Sandro Lima)