Brasil

Protesto de caminhoneiros atinge 15 Estados; acesso a porto de Santos tem problemas

Movimento cobra do governo reduzir a zero carga tributária sobre diesel

Por Reuters 21/05/2018 17h27
Protesto de caminhoneiros atinge 15 Estados; acesso a porto de Santos tem problemas
Reprodução - Foto: Assessoria
Caminhoneiros realizam nesta segunda-feira protestos em 15 Estados contra os altos custos com o diesel, com algumas interdições de rodovias, segundo dados da Polícia Rodoviária Federal e dos manifestantes. Mais cedo, houve uma manifestação na chegada ao Porto de Santos (SP), que já perdeu força. Mas, segundo a administração portuária, um caminhão quebrado interditava a chegada de veículos ao porto pelo margem do Guarujá —não havia confirmação se a interdição estava relacionada ao protesto. Paraná, Santa Catarina, Goiás, Minas Gerais e Bahia estavam entre os Estados com maior número de manifestações, segundo dados atualizados até as 14h da Polícia Rodoviária Federal, que não detalha se as interdições são totais ou parciais. A manifestação também ocorreram BR-163, em Mato Grosso, importante canal para o escoamento da safra do maior produtor brasileiro de grãos. Segundo a Polícia Rodoviária Federal, as interdições ocorrem no início da tarde em Minas Gerais, Bahia, Goiás, Paraná, Santa Catarina, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul, Ceará, Mato Grosso, Pernambuco, Rondônia e Tocantins. Mais cedo, a PRF havia registrado protestos no Pará, que às 14h não mais integrava a lista de Estados com manifestações. Na BR-163, principal rota que liga áreas produtoras de grãos de Mato Grosso a terminais ao norte e sul do país, a manifestação ocorreu na zona industrial de Cuiabá, segundo a assessoria de imprensa da concessionária que administra da rodovia. Apenas veículos de passeio eram autorizados a passar. Já no Porto de Santos, o maior da América Latina, houve protestos na entrada das instalações pela manhã. O movimento na chegada a Santos não interrompeu o fluxo de veículos pela manhã, disse a assessoria de imprensa da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), que reportou também o caminhão quebrado no acesso ao porto pelo Guarujá, afetando o tráfego nos dois sentidos, no início da tarde. Há ainda protestos na Via Dutra, que liga São Paulo ao Rio de Janeiro, e também na Anhanguera, perto de Americana, no interior paulista, segundo as concessionárias responsáveis por essas estradas. Procurada, a Associação Brasileira de Caminhoneiros (Abcam), que organiza a greve, registrava ainda interdições no entorno no Distrito Federal, além dos pontos já levantados pela Polícia Rodoviária. Segundo a assessoria de imprensa da associação, a maior parte das interdições é parcial, ou seja, não fecha completamente as vias. O movimento cobra do governo reduzir a zero a carga tributária sobre o diesel, principal combustível consumido no país. Desde que a Petrobras implantou em julho passado um sistema de reajustes mais frequentes de preços dos combustíveis, para refletir cotações internacionais do petróleo e do câmbio, tanto o diesel quanto a gasolina tiveram aumentos de quase 50 por cento nas refinarias da empresa. Apesar dos protestos, a Petrobras anunciou nesta segunda-feira um novo aumento no preço do diesel e da gasolina nas refinarias. “A Abcam entende o novo aumento do combustível como um desaforo a todos os trabalhadores brasileiros. Mas ela entende que essa atitude só fortalece as paralisações da categoria e incentiva que outros grupos de trabalhadores também passem a aderir o manifesto”, disse o presidente da Abcam, José da Fonseca Lopes. Já o setor de combustíveis afirma que boa parte do preço na bomba decorre da elevada carga tributária, enquanto a Petrobras afirma que não tem o poder de formar os preços. A greve dos caminhoneiros acontece enquanto a Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e de Lubrificantes (Fecombustíveis), que representa os donos de postos, apela por mudanças tributárias, afirmando que a política de preços da Petrobras está causando prejuízos ao setor. A última vez que os caminhoneiros promoveram protestos em âmbito nacional foi no início de 2015, quando exigiram redução de custos com combustível, pedágios e tabelamento de fretes. Para o BTG Pactual, mudar a política de preços da Petrobras “não é a melhor opção”. “A outra oção é reduzir impostos. O problema é o impacto negativo sobre as contas fiscais do Brasil”, diz o banco, lembrando que há, por exemplo, algum espaço para reduzir a Cide (Contribuição de Intervenção sobre o Domínio Econômico), mas com pouco impacto real sobre os preços.