Turismo

Porto de Pedras e seu Santuário do Peixe-Boi

No meio de um rio, contemplação é principal atrativo no município turístico localizado no Litoral Norte de Alagoas

Por Claudio Bulgarelli – Sucursal Região Norte com Tribuna Independente 11/03/2023 09h00
Porto de Pedras e seu Santuário do Peixe-Boi
Mamífero ameaçado de extinção, peixe-boi tem temperamento dócil e extrovertido e está protegido em Alagoas - Foto: Assessoria

O verão, oficialmente, está chegando ao fim. Mas a alta temporada em Alagoas, que deve perdurar até bem depois da semana santa, colocou mais uma vez atrações turísticas consagradas entre as mais procuradas novamente. Uma delas fica bem no meio de um rio, próxima a foz. Então esqueça a Praia do Patacho, que sim, é bela, com seus coqueirais e piscinas naturais. E pense na selvagem foz do Rio Tatuamunha e seu santuário, aquele do peixe-boi-marinho, a segunda atração mais visitada nesses três meses de verão, tanto por turistas hospedados nas pousadas, como aqueles que lotam os ônibus das agências no sistema bate e volta.

O Santuário do Peixe-Boi-Marinho, que se transformou nos últimos anos na principal atração turística de Porto de Pedras, levando, por dia, 70 pessoas a fazer o passeio pelas tranquilas águas do Rio Tatuamunha, é um projeto de preservação localizado em um trecho do rio, no povoado de mesmo nome.

Além de se tratar de um dos mais importantes projetos de proteção do país, já que a espécie está ameaçada de extinção, restando apenas cerca de 500 exemplares que vivem em liberdade, se transformou em um projeto de sustentação de dezenas de famílias.

Associação

Para isso foi criado a Associação do Peixe-Boi, em julho de 2009, a partir do desejo de lutar pelos direitos dos comunitários de usufruir da natureza com consciência e responsabilidade, discutindo e propondo soluções para os problemas locais.

Foi criado por um grupo de guias comunitários motivados, inicialmente, pelos conflitos em torno do turismo de observação dos peixes-bois-marinhos em ambiente natural.

Atualmente o turismo de observação envolve mais de 20 jangadeiros credenciados, mas somente 10 podem entrar no rio por dia, levando 10 pessoas por jangada.

Para realizar a observação dos peixes-boi no Tatuamunha, sem impedir que eles cumpram seu papel biológico algumas regras devem ser respeitadas: como o passeio acontece todos os dias, é necessário o agendamento por telefone ou e-mail; os passeios de jangada são restritos ao horário das 10h às 17h, com duração de 1h30m e não é permitido alimentação nem qualquer forma de interação com o animal

Visitante é acompanhado por guia credenciado durante todo o passeio

O passeio é uma contemplação do rio e o manguezal preservado de Tatuamunha, com sua flora e fauna local. O visitante é acompanhado por um condutor credenciado durante todo o passeio.

Começa com uma pequena caminhada pelo povoado até chegar à ponte sobre o rio e manguezal.

Após a travessia da ponte, onde já se pode contemplar a beleza e riqueza da biodiversidade local, embarca-se numa jangada simples, conduzida com varas por dois remadores. Segue-se por um passeio tranquilo com algumas paradas no leito ou nas camboas do rio, além de uma parada para observar o recinto de readaptação dos peixes-boi e, com sorte, para contemplar os animais livres que podem ser encontrados no percurso.

O peixe-boi se alimenta do capim agulha, que se encontra em algumas áreas entre o rio e o mar. Para sobreviver, o peixe-boi precisa ir ao mar comer e depois voltar para as fontes de água doce para matar sua sede. É um mamífero ameaçado de extinção, de temperamento dócil e extrovertido, podendo chegar a 800 quilos e viver por até 60 anos. A ameaça de extinção faz com que essa região alagoana ocupe lugar de extrema importância para a proteção desse animal.

Mas embora ameaçados, é possível vê-los ao longo do leito do rio, que é uma espécie de berçário para esses mamíferos e, sobretudo, nas praias próximas. No santuário quase sempre se pode encontrar algum filhote em cativeiro, sendo alimentado diariamente por tratadores. Depois de nove meses de adaptação, ele é solto na natureza, mas continua monitorado pelo projeto.