Turismo

Rota Ecológica: preços altos destinam turismo local muito mais para ricos

Por Claudio Bulgarelli com Tribuna Independente 30/12/2022 06h24 - Atualizado em 30/12/2022 19h06
Rota Ecológica: preços altos destinam turismo local muito mais para ricos
Turismo nesta região do Litoral Norte de Alagoas tem se tornado quase um reduto de milionários - Foto: Claudio Bulgarelli

A Rota Ecológica, o trecho litorâneo que começa no povoado de Barra de Camaragibe, na foz do rio de mesmo nome e segue por menos de 30 quilômetros até a foz do rio Manguaba, na divisa entre Porto de Pedras e Japaratinga, passando por praias famosas como Marceneiro, Toque, Porto da Rua, Lajes e Patacho, apesar de manter os valores mais altos em termos de hospedagens e alimentação de todo o litoral alagoano, continua em alta neste fim de ano, com quase 100% de ocupação.

A região, um paraíso que até 10 anos atrás era ainda pouco explorado turisticamente, explodiu na mídia nacional com pousadas de charme e de luxo e com o advento das festas de fim de ano, sobretudo, com o Réveillon dos Milagres. Naturalmente as praias estão entre as mais belas do Nordeste, como a Praia do Riacho. Mas a fama, infelizmente, tornou a região distante dos seres humanos comuns, pelo menos se forem se hospedar em pousadas famosas e restaurantes bem avaliados.

Ainda hoje, a região oferece aos visitantes praias quase desertas, com coqueirais a perder de vista, extensas faixas de areia e um mar de tonalidades caribenhas, com águas quentes e cristalinas. Você vai encontrar também algumas das piscinas naturais mais belas, mas bem lotadas durante todo o verão, sem limites para jangadas, já que a região não dispõe de um plano de manejo. Por fim, a Rota Ecológica é uma mina de pousadas charmosas à beira-mar.

Mas tudo isso tem um preço, e alto. Pousadas cujas diárias ultrapassam os 1.500 reais já é normal. Algumas chegam a cobrar até R$ 3 mil a diária durante o fim de ano com café da manhã e almoço. Nessas pousadas uma água de coco pode custar até 12 reais, uma porção de castanha de caju, com menos de 50 gramas, até 40 reais e um vinho nacional, que em supermercados não passa de 40 reais, as pousadas aumentam o valor em até 500%. Nos restaurantes mais bem avaliados, os preços praticados provocam uma seleção que só entra quem tem cartão de crédito sem limites. Uma peixada pode chegar até 300 reais para duas pessoas e mesmo uma casquinha de carne de jaca, o preço não é inferior a 20 reais.

Apesar da facilidade para se chegar, quem vem de Maceió, por exemplo, o jeito é passar o dia na praia, que ainda é livre e de graça, levando água, bebidas e comidas, ou comprando nos mercadinhos locais. Arriscar passar o dia no sistema day use em clubes de praias ou em algumas pousadas, e parar nestes restaurantes bem avaliados, leve paciência e muito dinheiro.