Turismo
‘Caminhos da Reportagem’ apresentará Bordado Filé das Lagoas Mundaú e Manguaba na TV Brasil
Programa exibirá como o registro de Indicação Geográfica do Bordado Filé tem contribuído para transformar vidas em Alagoas
Patrimônio Cultural Imaterial de Alagoas, desde 2014, o Bordado Filé ganha o mundo por ser único e carregar consigo todo um contexto de transformação do território onde é feito. Essa valorização se consolidou, sobretudo, após a conquista do registro de Indicação Geográfica (IG) do Bordado Filé de Alagoas junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), em 2016. E para mostrar o impacto dessa certificação, uma equipe do programa ‘Caminhos da Reportagem’, da TV Brasil, está na região das Lagoas Mundaú e Manguaba até o próximo domingo (04).
Desde a última segunda (29), por meio de uma parceria com o Sebrae Nacional, a equipe percorre a região em busca de histórias de vidas transformadas por meio do Bordado Filé, registrando o cotidiano das bordadeiras, das pessoas que vivem dessa arte e das belezas naturais em Coqueiro Seco, Marechal Deodoro e Maceió. A IG, que foi registrada na modalidade Indicação de Procedência, abrange uma área de 252 km², nesses três municípios, além de Satuba, Santa Luzia do Norte e Pilar.
O ‘Caminhos da Reportagem’ gravará 12 programas sobre alguns registros de Indicação Geográfica pelo Brasil, como a IG Paraty, com a cachaça artesanal, no Rio de Janeiro; IG Marajó, com a produção de queijo elaborado exclusivamente com leite de búfala, no Pará; IG Região de Mara Rosa, com o açafrão, em Goiás; e incluindo a IG Bordado Filé, Alagoas.
Em terras alagoanas, uma das entrevistadas pela equipe do programa foi a artesã Petrúcia Lopes, vice-presidente do Instituto do Bordado Filé da Região das Lagoas Mundaú Manguaba (Inbordal), que trabalha com o Filé há quase 35 anos, desde quando aprendeu a técnica com suas irmãs e algumas amigas no bairro do Pontal da Barra ainda na adolescência.
“Muito importante essa iniciativa do Sebrae de apoiar uma equipe dessa, que vem de fora, que filma, registra para mostrar em um programa, é muito importante. Essa é uma divulgação que não é somente nacional. Isso vai para o resto do mundo. É um trabalho de valorização e conscientização das IGs, para que o brasileiro saiba a importância disso e comece a valorizar os patrimônios imateriais e culturais de qualquer outro estado e principalmente o Bordado Filé”, destaca.
Petrúcia Lopes lembrou o apoio do Sebrae Alagoas na conquista da IG e na construção do caderno de instruções do Filé, que conta a história dessa arte. Esse documento reúne o passo a passo, os instrumentos utilizados, tipos de pontos, composições e dimensões da malha que origina diversos produtos como roupas, toalhas de mesa, xales e bolsas. O trabalho visa, ainda, perpetuar essa arte para as próximas gerações. “É justamente esse o grande intuito do Inbordal. Por isso, sempre oferecemos oficinas nessa região lagunar para o aprimoramento e salvaguarda do Bordado Filé em Alagoas”, pontua.
A jornalista da TV Brasil, Ana Passos, falou sobre o balanço das gravações na região das lagoas, desbravando detalhes do filé e histórias de vidas que foram mudadas a partir da produção do bordado. “Estou encantada. Não sabia o quanto era rico esse trabalho, as histórias dessas mulheres. O balanço é melhor possível porque estamos procurando diversificar as histórias, gravamos com um casal em que a mulher é bordadeira e o esposo é pescador, fomos para a lagoa com ele de canoa, vimos ele fazendo a rede de pesca, ela fazendo o filé em casa. Fomos a Coqueiro Seco e gravamos com uma senhora que faz a malha, que aprendeu a fazer com a mãe. Vamos mostrar uma família de bordadeiras de Marechal Deodoro. Enfim, mostrar o quanto isso muda vidas”, relata a repórter.
Ana Passos também destacou o quanto é crucial buscar parcerias como o Sebrae para contar histórias de pessoas que mudaram suas vidas a partir do artesanato local. “Só conseguimos fazer parcerias mantendo o conteúdo jornalístico com instituições que são sérias e que têm tudo a ver com a nossa proposta de trabalho. É incrível esse trabalho que o Sebrae faz com essas bordadeiras, com os pequenos empreendedores e como a gente vê que isso transforma mesmo a vida das pessoas que fazem parte desse trabalho”, concluiu.
Já a analista da Unidade de Competitividade e Desenvolvimento do Sebrae Alagoas, Marina Gatto, enfatiza que essa reportagem ajuda a valorizar ainda mais a produção de Bordado Filé no estado. “Com o nosso trabalho e de outras instituições, mostrando a importância e o valor que essas peças e essa técnica que eles têm, as coisas começaram a mudar, tanto como a valorização pessoal delas, quanto a questão da profissionalização dessa atividade e, também, a questão mercadológica. Hoje, elas entendem que fazem um produto muito bem-acabado, com o resgate de como eram feitos os pontos, a composição de cor, o que traz um maior valor de mercado e lucratividade”, frisa.
Ainda segundo a analista, esse é um momento muito importante, principalmente pelo resgate do Bordado Filé, da forma que ele foi criado desde o início da colonização. “O Sebrae também busca esse resgate da manutenção dos ofícios da forma original, sem ter outras influências. Esse programa vai registrar para que daqui a alguns anos seja mais um conteúdo desse trabalho que fazemos com as bordadeiras, com as rendeiras e a comunidade do resguardo da cultura deles. Além disso, é uma forma de divulgar esse patrimônio rico que Alagoas tem”, finaliza.
A matéria do programa ‘Caminhos da Reportagem’ sobre o Bordado Filé deverá ir ao ar até o mês de dezembro.
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