Turismo

Recuperação econômica da hotelaria alagoana pode levar meses

No setor do turismo, órgãos de promoção e departamentos de marketing trabalham para atrair o maior número possível de viajantes para seus destinos e atrações

Por Claudio Bulgarelli-Sucursal Região Norte 04/04/2020 12h11
Recuperação econômica da hotelaria alagoana pode levar meses
Reprodução - Foto: Assessoria
O que tem em comum nesse momento destinos turísticos como Maceió, São Miguel dos Milagres, Porto de Pedras, Japaratinga, Maragogi, Marechal Deodoro, Barra de São Miguel, Coruripe, Penedo e Piranhas? Além de serem os principais polos de turismo do Estado, com as maiores redes hoteleiras e serem responsáveis por quase 95 por cento de todo o fluxo turístico, foram também os municípios que encamparam nas suas redes sociais o lema "Não Cancele, Remarque", numa clara alusão para que o turista não cancele sua reserva, sobretudo para a semana santa, que já apresentava quase 100 cento de ocupação, mas remarque pata mais adiante. No setor do turismo, órgãos de promoção e departamentos de marketing trabalham para atrair o maior número possível de viajantes para seus destinos e atrações. É assim que funciona em tempos de normalidade. Mas neste momento de pandemia do novo coronavírus, muitas campanhas de promoção turística adotaram um tom excepcional: elas lembram que as portas dos destinos estão abertas aos viajantes, mas só depois que a crise da covid-19 passar. Até lá, incentivam que todos fiquem em suas casas, usando hashtags como #visitedepois e #naocanceleremarque. Maceió, através da Associação Brasileira da Indústria Hoteleira, foi o primeiro município a abraçar a campanha, seguido por São Miguel dos Milagres e Maragogi, onde o Costa dos Corais Convention adotou o lema depois de ver até os grandes resorts, como Salinas e Gran Oca, fecharem suas portas por tempo indeterminado. Em Alagoas, o presidente do Maceió Convention & Vistors Bureau, entidade responsável pela gestão de ações de boa parte do trade turístico alagoano, o empresário Glênio Cedrin, que também é hoteleiro, afirmou que o pós coronavírus será um momento duro com recuperação mês após mês, a partir de julho, com a retomada de confiança das pessoas para viajar. O executivo afirmou que no segundo semestre, baseado em dados das operadoras, até o momento, já existe uma boa agenda de eventos importantes em Maceió, que ajudará na recuperação a partir de agosto e setembro. Já o empresário Nilo Bulgarelli, proprietário da Pousada do Toque, em São Miguel dos Milagres, principal destino turístico da Rota Ecológica, acredita que o momento é bastante crítico e que pode levar meses antes que o turismo se recupere totalmente. ´Veja bem, o turismo de lazer será o último a se recuperar e as perdas serão de milhares de reais. Isso estou falando somente aqui no Litoral Norte, dependendo de quanto tempo isso durar. Acredito em uma recuperação demorada e bastante lenta, porque mesmo quando tudo passar, as pessoas não querer viajar imediatamente, pois estarão ainda sem dinheiro e com medo de pegar aviões. E isso pode durar 4 ou 5 meses. Muita gente pode realmente ir a falência, aumentando a crise social. Considero o ano de 2020 como um ano perdido. Se conseguirmos pagar as contas, impostos e funcionários já estará de bom tamanho. Mas repito que tudo vai depender de quanto tempo isso vai durar´´. A Associação Brasileira das Agências de Viagens, não estabelece um prazo para que as coisas retornem ao seu rumo natural, mas imagina que, a partir do final de abril, a situação se torne menos grave. Na última semana, inclusive, as principais entidades do setor no Brasil formalizaram uma carta, enviada ao ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antonio, contendo cinco medidas emergenciais visando garantir a sustentabilidade das empresas, como disponibilização de linha de crédito especial na Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil, aprovação de decreto para postergar o pagamento de impostos relativos à folha de pagamento, liberação do saque do FGTS para funcionários de empresas que exerçam atividade turística e parecer favorável do Ministério da Justiça em relação à remarcação de viagens contratadas pelo consumidor, frente ao cancelamento e à devolução de valores. As agências não têm reservas, hoje, para realizar a devolução de valores, e a remarcação da viagem seria uma solução para manutenção do negócio sem prejudicar o consumidor.