Saúde

Excesso de peso em crianças e adolescentes de Alagoas: um alerta a saúde pública

No estado, 1 a cada 3 jovens tem sobrepeso; especialistas alertam para riscos de doenças graves no futuro.

Por Tribuna Hoje com agências 30/08/2025 14h51 - Atualizado em 30/08/2025 15h48
Excesso de peso em crianças e adolescentes de Alagoas: um alerta a  saúde pública
A obesidade infantil é um desafio de saúde pública que tem aumentado de forma acelerada nas últimas décadas - Foto: Freepik/Ilustração

Dados do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN) revelam que, em Alagoas, uma em cada três crianças e adolescentes apresentam excesso de peso. O índice tem crescido de maneira alarmante nos últimos anos. Em uma década, a taxa de sobrepeso entre alagoanos de 10 a 19 anos subiu de 23% para 30%. Esse número é ligeiramente inferior à média nacional, que está em 32%, mas ainda assim, preocupa autoridades de saúde.

A realidade é ainda mais preocupante entre os menores de 5 anos. Embora o índice tenha diminuído de 40% para 36% entre 2014 e 2024, ele ainda ultrapassa as médias nacional (32%) e da região Nordeste (35%). No grupo de 5 a 9 anos, o índice em Alagoas é de 29%.

Consequências a Longo Prazo


Especialistas alertam que o excesso de peso nos primeiros anos de vida adulta pode aumentar o risco de várias doenças graves, como diabetes, doenças cardíacas e Acidente Vascular Cerebral (AVC), que são algumas das principais causas de morte no Brasil. A obesidade infantil é um desafio de saúde pública que tem aumentado de forma acelerada nas últimas décadas.

O pediatra Marcos Gonçalves, Presidente da Sociedade Alagoana de Pediatria, destaca que o diagnóstico de obesidade ou desnutrição é feito com base no Índice de Massa Corporal (IMC), comparando o resultado com as curvas de referência para a idade. “Para cada idade, existe um peso esperado, tanto mínimo quanto máximo. Quando a criança ultrapassa esses limites, o diagnóstico é de obesidade”, explica o médico.

Hábitos Alimentares Preocupantes


O SISVAN também revela que a obesidade infantil está intimamente ligada a hábitos alimentares inadequados e sedentarismo. Entre crianças e adolescentes de 10 a 19 anos em Alagoas, os dados são alarmantes:

64% realizam refeições assistindo à televisão.

82% consomem alimentos ultraprocessados.

45% consomem hambúrgueres e embutidos regularmente.

62% ingerem bebidas adoçadas.

50% comem macarrão instantâneo, salgadinhos de pacote ou biscoitos salgados.

54% têm o hábito de comer biscoitos recheados, doces ou guloseimas.

Por outro lado, alguns hábitos saudáveis ainda são mantidos entre os jovens alagoanos, como:

86% realizam no mínimo as três refeições principais do dia.

88% consomem feijão regularmente.

74% consomem frutas.

64% consomem verduras e legumes.

Projeções alarmantes para o futuro


O Atlas Mundial da Obesidade aponta que, se nenhuma medida eficaz for tomada, 40% das crianças e adolescentes de 5 a 19 anos no Brasil estarão com sobrepeso ou obesidade até 2035. Diante desse cenário, a prevenção é mais urgente do que nunca.

Prevenção e mudança de hábitos

Para combater o avanço da obesidade, o Ministério da Saúde disponibiliza três guias gratuitos que visam incentivar hábitos saudáveis:

Guia Alimentar para Crianças Brasileiras Menores de 2 anos

Guia Alimentar para a População Brasileira

Guia de Atividade Física para a População Brasileira

Esses materiais podem ser baixados gratuitamente e são fundamentais para educar a população, desde as crianças até os adultos, sobre a importância de uma alimentação equilibrada e da prática regular de atividade física.

O aumento da obesidade infantil e juvenil é um desafio que precisa ser enfrentado por toda a sociedade. Mudanças simples, como evitar o consumo excessivo de alimentos ultraprocessados e promover atividades físicas, podem ser o primeiro passo para um futuro mais saudável para as próximas gerações.