O Acidente Vascular Cerebral (AVC) é uma das principais causas de óbito no Brasil, segundo o Ministério da Saúde. O diagnóstico precoce, o controle dos fatores de risco e a criação de centros especializados são medidas essenciais — e que vêm sendo implementadas pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) por meio do Programa AVC Dá Sinais. Um exemplo disso é o caso do aposentado Severino Ferreira, de 78 anos, que teve a vida salva no Hospital Geral do Estado (HGE), em Maceió, após sofrer um AVC.

O episódio ocorreu quando Severino estava sentado em uma cadeira, na calçada de sua residência, no bairro Chã de Bebedouro, na capital alagoana. Ele começou a se sentir mal e sua filha, Semivania Gouveia, percebeu que o rosto do pai estava diferente, que ele falava com dificuldade e apresentava paralisia no lado direito do corpo.

Diante do quadro, ela suspeitou de um AVC e o levou imediatamente para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA). “Ele é hipertenso, usa marca-passo, faz caminhadas diárias e mantém os check-ups em dia, mas sabemos que não segue a dieta à risca. Para piorar, há mais de dez anos perdi minha avó para um AVC, então temos histórico da doença na família. O risco era grande, mas não esperávamos que acontecesse naquele momento e de forma tão discreta”, recorda Semivania.

A filha conta que se surpreendeu com a qualidade do atendimento oferecido no HGE e lamenta que sua avó, no passado, não tenha tido o mesmo suporte. “A cada dia de internação me surpreendi com o acolhimento que meu pai recebeu e sempre estive confiante na recuperação dele.”

“Eu venci, graças a Deus! E com a ajuda de todos do HGE”, disse Severino, ainda com dificuldade para falar e visivelmente emocionado.

Assistência especializada

De acordo com a médica neurologista do HGE, Kirsten Melo, ao chegar ao maior hospital público de Alagoas, Severino foi submetido a exames para identificar a causa e o tipo de AVC. Ele foi internado na Unidade de AVC — o primeiro centro especializado inaugurado pelo Governo do Estado —, preparada para oferecer monitoramento neurológico intensivo, iniciar a reabilitação precoce e avaliar riscos de complicações e sequelas.

“Ele chegou com um quadro de AVC isquêmico, com perda total de força no lado direito do corpo. O caso foi encaminhado para nós pelo aplicativo Join, do Programa AVC Dá Sinais, que conecta especialistas aos médicos que fazem o primeiro atendimento e suspeitam de AVC. Aqui no HGE, realizamos exames como a tomografia computadorizada de crânio, que confirmou a lesão cerebral, permitindo definir a conduta adequada para salvar a vida dele”, explicou Kirsten.

Sobre a doença

O AVC ocorre quando há interrupção ou rompimento do fluxo sanguíneo no cérebro. Os sintomas surgem de forma súbita e variam conforme a área afetada. Entre os mais comuns estão:

- Fraqueza ou dormência em um lado do corpo (rosto, braço ou perna);

- Boca torta;

- Dificuldade para falar ou entender o que é dito;

- Alteração súbita da visão, em um ou ambos os olhos;

- Tontura, desequilíbrio ou dificuldade para andar;

- Dor de cabeça intensa e súbita, sem causa aparente;

- Confusão mental.

Muitas vezes, a própria pessoa não percebe os sinais, tornando fundamental a atenção de quem está por perto.

“Se identificar algum desses sintomas, mantenha a calma. Não ofereça água, alimentos ou remédios, pois a pessoa pode ter dificuldade para engolir. Acione imediatamente o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) ou leve à unidade de emergência mais próxima. Quanto mais rápido o atendimento, maiores as chances de recuperação e menores os riscos de sequelas ou morte”, orienta a neurologista do HGE.