Saúde
Alagoas tem quase 600 pessoas na fila por um órgão
Na Santa Casa, estão sendo realizados transplantes de fígado e hospital estadual tem procedimentos de rim e coração
Em Alagoas, 578 pessoas estão atualmente à espera de um transplante, segundo dados fornecidos pela Central de Transplantes do Estado, vinculada à Secretaria de Estado da Saúde (Sesau). Do total, 559 aguardam córneas, 13 esperam rins, quatro estão na expectativa de um coração e dois pacientes estão ansiosos por um fígado.
O agricultor Francisco Vicente da Silva, 58 anos, é uma das pessoas que espera na fila. Sua vida saudável depende de um fígado. Casado e pai de duas filhas, ele espera pelo órgão há dois meses. Com o diagnóstico de cirrose hepática, ele toma constantemente remédios para controlar a evolução da doença, enquanto aguarda, com muita expectativa o dia do seu transplante.
Atualmente, na Santa Casa de Misericórdia de Maceió estão sendo realizados transplantes de fígado e ósseo. No Hospital do Coração Alagoano são transplantados coração, rim e fígado. No Hospital Memorial Arthur Ramos ocorrem transplantes de rim. Córneas são transplantadas no Instituto de Olhos de Maceió, Instituto da Visão de Maceió e Hospital Santa Luzia de Maceió.
São centenas de pessoas que aguardam, com fé e esperança, pela atitude altruísta dos familiares das pessoas que tiveram o diagnóstico de morte encefálica confirmado, seguindo todos os rígidos protocolos que a situação requer.
As pessoas que esperam pela córnea aguardam, em média, 15 meses na fila. A esperança de recebe um fígado soma 10 meses, aproximadamente. Ter a vida ligada a um fio de esperança de receber um rim pode custar longos 82 meses ou praticamente sete anos.
O índice de famílias alagoanas que não autorizaram a doação de órgãos dos parentes que estavam em morte cerebral gira em torno de 50%, conforme apontam dados da Central de Transplante de Alagoas e da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos.
Arquiteta espera mudar sua qualidade de vida com córneas
A arquiteta Pauline Marques, 30 anos, está à espera de córneas. Em agosto de 2022, ela fez uma cirurgia refrativa. Dois dias após o procedimento, contraiu uma bactéria no olho esquerdo. Em menos de 24 horas, a bactéria já estava também no olho direito, sendo nesse de forma ainda mais agressiva.
O diagnóstico de que poderia perder os dois olhos veio seguido da notícia de que precisaria, com urgência de transplante das duas córneas. “Como não se pode fazer o transplante dos dois olhos de uma vez, a médica optou por fazer a do olho direito primeiro por causa da agressividade da bactéria”.
Enquanto esperava a córnea, Pauline Marques ficou em tratamento com medicamentos e colírios e foi submetida a um procedimento cirúrgico chamado recobrimento conjuntival, para tentar frear a evolução da bactéria até a córnea chegar.
“Foram 10 dias de muita angústia e sem enxergar nada nos dois olhos. Graças a Deus, no dia 23 de agosto de 2022, fiz o transplante do olho direito e deu tudo certo com a cirurgia e com o pós-operatório. Quem nunca passou por essa situação, de precisar de um órgão, não imagina a quão angustiante e questionadora é essa espera. No meu caso, eu tive muito medo de não conseguir voltar mais a enxergar, já que a bactéria era muito agressiva. E junto a mim, meus familiares todos apreensivos com toda essa situação que, no meu caso, aconteceu de um dia pra o outro”, recordou.
Quanto ao olho esquerdo, explicou ela, a visão foi voltando aos poucos. Ainda assim, ela tem menos de 30% da capacidade de enxergar. A arquiteta segue na fila do transplante há dois anos e quase dois meses. A espera agora é pela córnea para o olho esquerdo.
A arquiteta apela para que todo mundo que deseja doar seus órgãos, avisem aos seus familiares. “A gente não imagina o quanto isso pode mudar a vida de quem está esperando na fila e de toda sua família. Não é só sobre a doação de órgãos, é sobre esperança e qualidade de vida mesmo”.
Como ela, diversos alagoanos estão na fila de espera em busca de transplantes de órgão.

Central de Transplantes orienta doadores sobre como proceder
A coordenadora da Central de Transplante de Alagoas, Daniela Ramos, explicou que boa parte da taxa de recusa ocorre por motivos e tabus sociais e da falta de conscientização sobre a morte encefálica, que é um processo irreversível. Ela contou que a recusa acontece pelo desconhecimento da causa e da vontade do doador ainda em vida.
“Há também o fato de algumas famílias terem medo de que o corpo seja modificado e deformado. Mas é preciso ressaltar que se trata de uma cirurgia eletiva como outra qualquer. Há também uma Lei que garante a recomposição do corpo para que seja entregue aos familiares visando realizar o sepultamento. Questões religiosas também são causas das recusas, embora nenhuma religião oficialmente seja contra doação de órgãos”, salientou Daniela Ramos.
A coordenadora da Central de Transplantes de Alagoas frisou que a doação de órgãos do potencial doador, juridicamente, só pode ser autorizada pela família.
Quando a família autoriza a doação, é dada a largada para um processo que necessita da agilidade dos profissionais. Quando os órgãos são captados, é preciso correr contra o tempo para que cheguem ao receptor. Isso porque, cada órgão tem um tempo de validade. O coração, por exemplo, tem quatro horas, o fígado oito horas, os rins 24 horas e a córnea dura um pouco mais, 15 dias.
“Com a autorização precisamos colher a sorologia do doador para saber se há alguma contraindicação, a tipagem sanguínea, o HLA para ver qual o receptor que irá receber o órgão doado. Também é analisado o RT-PCR para indicar se há Covid-19, pois é contraindicado para transplantes. Após resultados positivos de todos os exames, o órgão é inserido no sistema que determina, seguindo os critérios estabelecidos, qual será o receptor compatível”, esclareceu a coordenadora da Central de Transplante, Daniela Ramos.
Atualmente, para ser doador não é necessário deixar nada por escrito, em nenhum documento. Basta comunicar sua família do desejo da doação. A doação de órgãos só se efetiva após autorização familiar, conforme a lei 10.211 de 23 de março de 2001.
Quando aceitamos a doação dos nossos órgãos e tecidos, decidimos pela vida de milhares de pessoas. Com esse gesto, os primeiros beneficiários somos nós mesmos, que assumimos uma postura digna diante da vida, além do que, nós também estamos sujeitos a necessidade de um transplante.
Quando os médicos indicam transplante?
Os transplantes apenas são indicados quando todas as outras terapias foram consideradas ou excluídas. Nesses casos, em geral, os transplantes constituem-se na única alternativa de sobrevivência e/ou de melhoria da qualidade de vida.
Não é o propósito dessa página descrever as doenças que levam a uma indicação de transplante, mas algumas indicações são necessárias. Os transplantes são indicados para resolver os problemas de mau funcionamento de um órgão.
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