Saúde

Dengue: vacinar as duas doses na rede privada custa R$ 950

Imunizante é o mesmo a ser aplicado pelo SUS, possui contraindicações e já está se esgotando nas clínicas

Por Valdete Calheiros - colaboradora / Tribuna Independente 06/02/2024 08h03
Dengue: vacinar as duas doses na rede privada custa R$ 950
Vacina Qdenga, do laboratório japonês Takeda, já é aplicada na rede privada de todo o Brasil e será distribuída pelo SUS; por enquanto, Alagoas ficou de fora do esquema vacinal do MS - Foto: Divulgação

A busca pela vacina da dengue nas clínicas particulares de imunização tem registrado um aumento desde que o Ministério da Saúde (MS) anunciou, no final do mês passado, que não haverá remessa de doses contra a doença para Alagoas. A vacina já está, inclusive, em falta em algumas clínicas particulares.

Quem quiser se vacinar contra a dengue tem que procurar a rede particular e desembolsar um total de R$ 950. O esquema vacinal indica a necessidade de duas doses, com um intervalo de três meses entre cada uma delas. A unidade da dose custa R$ 475.

O valor pode ser parcelado em até seis vezes sem juros. A vacina é indicada para pessoas entre quatro e 60 anos. O imunizante é contraindicado para gestantes, lactantes e imunossuprimidos.

A vacina está sendo comercializada na rede privada de saúde de todo o Brasil desde junho passado. E é a grande esperança para combater a dengue, uma arboviroses. Doenças causadas pelos arbovírus, que incluem os vírus da dengue, zika, chikungunya e febre amarela.

A decisão do Ministério da Saúde de não enviar a vacina contra a dengue para o Estado foi baseada na expressiva redução de quase 90% nos casos da doença registrados no ano passado em relação ao ano de 2022.

Conforme a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), em 2023, o Estado registrou 4.287 casos de dengue e quatro óbitos, marcando uma considerável diminuição em comparação com os 33.609 casos e 21 mortes contabilizados em 2022.

Apesar do tamanho minúsculo e da redução significativa dos casos de dengue em Alagoas, o mosquito Aedes aegypti, responsável também pela transmissão da zika e chikungunya, continua desafiando as ações do Estado e dos municípios alagoanos e segue fazendo estrago na saúde pública somando vítimas, inclusive fatais.

O médico infectologista Fernando Maia destacou a eficácia da vacina no combate à doença. “O mosquito é muito difícil de ser erradicado. O inseto que acaba de nascer, já nasce infectado. Não precisa picar uma pessoa infectada para a partir daí transmitir o vírus”, explicou.

Em Maceió, venda em três clínicas particulares

A Qdenga (TAK-003) é um imunizante contra a dengue desenvolvido pelo laboratório japonês Takeda Pharma. A vacina contém vírus vivos atenuados da dengue. Por isso, ela induz respostas imunológicas contra os quatro sorotipos do vírus da dengue.

Nos ensaios clínicos, a Qdenga mostrou ter uma eficácia geral de 80,2% contra a dengue causada por qualquer sorotipo após 12 meses da segunda dose.
Em Alagoas, a vacina contra dengue é vendida em três das cinco clínicas particulares de vacinação procuradas pela reportagem da Tribuna Independente. O investimento médio para cada dose é de R$ 470,00, podendo a diferença de preço variar entre R$ 20,00 e R$ 40,00 de uma clínica de vacinação para outra. Em todas elas, o valor pode ser parcelado em até seis vezes, sem juros. Para a imunização completa, são necessárias duas doses.

De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a dose é indicada para a faixa etária de 4 a 60 anos. A vacina é composta por quatro sorotipos diferentes do vírus causador da doença.

A vacina também poderá ser aplicada em quem já teve a doença. Não há distinção entre quem teve ou não a dengue, desde que esteja dentro da faixa etária estipulada pela agência reguladora para aplicação das doses.

Durante os testes, a vacina reduziu as hospitalizações em 90%. A aplicação é subcutânea. Entre as reações adversas mais comuns estão dor de cabeça, dor no local da injeção, mal-estar e mialgia.

A dengue hemorrágica, forma mais grave da doença, é mais comum quando a pessoa contrai o vírus pela segunda vez.

O médico infectologista Fernando Maia frisou que ao apresentar os sintomas, é importante que a pessoa procure um serviço de saúde para diagnóstico e tratamento.

“Para evitar a dengue o mais importante é não deixar água parada. O mosquito pode usar como criadouros grandes espaços, como caixas d’água e piscinas abertas, até pequenos objetos, como tampas de garrafa e vasos de planta”, listou.

Vacina e SUS – A vacina contra a dengue disponibilizada pelo Sistema Único de Saúde (SUS) será aplicada no público-alvo de regiões endêmicas, em 521 municípios, abrangendo 16 estados e o Distrito Federal, já a partir deste mês.

Serão vacinadas as crianças e adolescentes entre 10 e 14 anos, faixa etária que concentra maior número de hospitalização por dengue, depois das pessoas idosas.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) não autorizou a vacinação para os idosos. O Brasil é o primeiro país do mundo a oferecer o imunizante no sistema público universal.

O vírus da dengue é transmitido pela picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti infectado e possui quatro sorotipos diferentes – todos podem causar as diferentes formas da doença.