Saúde
Nipah: como age o vírus que fez Índia fechar escolas e escritórios
Duas pessoas morreram em Kerala, Estado do sul da Índia; mortalidade do vírus chega a 70%
Escolas e escritórios foram fechados em algumas partes do Estado do sul da Índia, Kerala, depois que cinco casos do raro vírus Nipah foram confirmados.
Até agora, duas pessoas morreram, enquanto outras três, incluindo uma criança, estão sendo tratadas no hospital.
As autoridades disseram na quarta-feira que testaram 706 pessoas, incluindo 153 trabalhadores de saúde, para verificar a propagação do vírus. Eles estão aguardando resultados.
Este é o quarto surto de Nipah em Kerala desde 2018. Todos os casos foram relatados no distrito de Calecute, no norte de Kerala.
Ele disse que seu governo estava levando as mortes "muito a sério" e pediu às pessoas que tivessem cautela, usando máscaras faciais e visitando hospitais apenas em casos de emergência.
Mas ele acrescentou que não há motivo para pânico, já que as pessoas que tiveram contato com os falecidos estão em tratamento.
Como ocorre a transmissão do vírus Nipah
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, a doença é considerada zoonótica - ou seja, é transmitida de animais como porcos e morcegos frugívoros para seres humanos.
O vírus também pode ser transmitido por meio de alimentos contaminados e por contato com uma pessoa infectada. Ao entrar no corpo humano, ele afeta o sistema respiratório e o sistema nervoso central.
Nem todas as pessoas apresentam sintomas visíveis. Outras, no entanto, desenvolvem sinais e consequências como:
Quando o vírus progride rapidamente, há risco de coma e morte. Nos casos mais graves, sobreviventes podem experimentar efeitos neurológicos de longo prazo.
A infecção pode ser diagnosticada com base no histórico clínico durante a fase aguda e de convalescença da doença. Os principais testes utilizados incluem a reação em cadeia da polimerase em tempo real (RT-PCR) em fluidos corporais e a detecção de anticorpos por ensaio imunoenzimático (ELISA).
Outros testes utilizados incluem o ensaio de reação em cadeia da polimerase (PCR) e o isolamento do vírus por cultura de células.
A taxa de mortalidade entre aqueles que contraem o vírus é alta - chega a 70% -, uma vez que não há remédio nem vacina disponível para tratar a infecção.
O tratamento se limita a controlar os sintomas e fornecer cuidados de suporte.
A ministra da Saúde do Estado, Veena George, disse na quarta-feira que os testes mostraram que a cepa do vírus no surto atual era a mesma encontrada em Bangladesh anteriormente.
"O movimento público foi restrito em partes do estado para conter a crise médica", disse ela, segundo a Reuters.
Ela também disse que equipes do Instituto Nacional de Virologia estabeleceriam um laboratório móvel no Colégio Médico de Kozhikode para testar o vírus e realizar pesquisas sobre morcegos.
O governo estadual estabeleceu uma sala de controle em Kozhikode para monitorar a situação e instruiu os trabalhadores de saúde a seguir protocolos de controle de infecção.
Surtos anteriores
O vírus Nipah foi inicialmente identificado em 1999 durante um surto que afetou criadores de suínos na Malásia. Desde então, não foram registrados novos surtos desse vírus no país.
Em 2001, o vírus foi identificado em Bangladesh, onde surtos quase anuais têm ocorrido desde então.
Em 2018, a Índia, e mais especificamente a cidade Calecute, relatou seu primeiro - e pior - surto de Nipah, quando 17 dos 18 casos confirmados morreram.
Em 2019, um caso foi relatado no distrito de Ernakulam e o paciente se recuperou. Mas em 2021, um menino de 12 anos na vila de Chathamangalam, infectado, morreu.
Uma investigação publicada pela Reuters em maio constatou que Kerala, um Estado tropical que está testemunhando acelerada urbanização e perda rápida de árvores, criou "condições ideais para um vírus como o Nipah emergir".
Especialistas dizem que, devido à perda de habitat, os animais estão vivendo em maior proximidade com os seres humanos, o que ajuda o vírus a saltar dos animais para os humanos.
De acordo com a OMS (Organização Mundial de Saúde), outras regiões também podem estar em risco de infecção, uma vez que evidências do vírus foram encontradas em reservatórios naturais conhecidos, como a espécie de morcego Pteropus, e em várias outras espécies de morcegos em diversos países, incluindo Camboja, Gana, Indonésia, Madagascar, Filipinas e Tailândia.
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