Saúde

Doença falciforme: é possível ter longevidade e qualidade de vida?

Por Assessoria 17/06/2022 09h41 - Atualizado em 17/06/2022 15h21
Doença falciforme: é possível ter longevidade e qualidade de vida?
Modificação no DNA altera os glóbulos vermelhos, que passam a ter dificuldade para transportar oxigênio para o organismo - Foto: Imagem ilustrativa

Um diagnóstico não é uma sentença. No Dia Mundial de Conscientização sobre a Doença Falciforme, 19 de junho, os profissionais da área de saúde se voltam para explicar que, adotando cuidados, é possível ter longevidade e qualidade de vida mesmo com esta enfermidade crônica.

A doença falciforme é causada por uma modificação no DNA, tem causa genética, hereditária e é caracterizada pela alteração dos glóbulos vermelhos do sangue (as hemácias), que dificultam sua circulação pelos vasos sanguíneos e, por consequência, o fornecimento de oxigênio para o organismo. Esta alteração na estrutura das hemácias faz com que ela se rompa, provocando anemia.

De acordo com o Ministério da Saúde, apesar de a doença falciforme possuir particularidades e níveis variados de gravidade, ela causa complicações que podem afetar todos os órgãos e sistemas do paciente, provocando uma redução da capacidade de trabalhar e expectativa de vida, além da morbidade. A enfermidade pode ser identificada ainda na triagem neonatal, com o teste do pezinho, possibilitando que o tratamento possa ser iniciado ainda nos primeiros dias de vida, o que reduz os danos para o organismo. Em adultos, o diagnóstico é feito por meio do exame de eletroforese de hemoglobina.

Os sintomas variam de pessoa para pessoa e eles tendem a aparecer no segundo ano de vida da criança. Entre os sintomas mais comuns estão as dores nos ossos e articulações, com duração variável, com crises que podem acontecer várias vezes ao ano e estar associadas a situações como o período menstrual, gravidez, desidratação, tempo frio, entre outros; infecções, principalmente em crianças, que podem apresentar mais quadros de pneumonias e meningites, reforçando a necessidade de imunização para estas patologias; síndrome “mão-pé”, que acomete crianças pequenas com inchaço, dor e vermelhidão nessas áreas; úlcera (ferida) de perna, que ocorre a partir da adolescência na região próxima aos tornozelos; “sequestro do sangue no baço”, que é quando existe um aprisionamento de sangue no baço levando à diminuição dos glóbulos vermelhos circulantes, com risco de morte, que pode atingir as crianças com anemia falciforme.

O transplante de medula óssea tem se mostrado uma alternativa para curar a doença falciforme, mas não é indicado para todos os pacientes e, devido à dificuldade de encontrar um doador compatível, muitas vezes este tipo de procedimento é inviável. A boa notícia é que há tratamento capaz de minimizar as complicações, melhorar a qualidade de vida e dar longevidade aos pacientes.

Segundo a médica hematologista e professora do Centro Universitário Tiradentes (Unit/AL) Cinthya Leite, pacientes com doença falciforme precisam de um programa de atenção integral, que deve ter início ainda bebê e seguir por toda a vida. Esta atenção integral inclui acompanhamento médico, avaliação periódica e exames laboratoriais para verificar os índices de hemoglobina e alterações.

Paralelamente, o paciente deve buscar acompanhamento com nutricionista para ter os níveis de vitaminas e sais minerais dentro do recomendado, manter uma boa higiene oral, ter a vacinação em dia, com atenção redobrada para a imunização contra a influenza, pneumococo, meningite e hepatite, além de buscar atendimento médico o mais rápido possível ao apresentar sintomas como palidez, aumento do baço e febre.

Cinthya Leite dá 3 conselhos para que os pacientes com doença falciforme possam ter qualidade de vida:

1- Manter acompanhamento periódico com hematologista,

2- Para as crianças, fazer a profilaxia para as infecções com antibiótico e esquema completo de vacinação, pois são as infecções com a maior causa de internamento e complicações hemolíticas e álgicas;

3- Entender sua doença e a importância de hábitos de vida saudável e atendimento por uma equipe multidisciplinar.