A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) anunciou reajuste de 15% nos planos de saúde, o aumento é o maior dos últimos 22 anos e deve influenciar diretamente no orçamento das famílias. O percentual chamou a atenção inclusive do Supremo Tribunal Federal (STF) que cobrou explicações à União. Em Alagoas, mais de 370 mil pessoas são usuárias de planos de saúde.

A medida abrange contratos de, aproximadamente, 8 milhões de beneficiários, o que representa 16,3% dos consumidores de planos de assistência médica no Brasil.

Os dois filhos de Maria Luciene da Silva têm plano de saúde desde o nascimento, um há 18 anos, outro há 15 anos. Ela conta que este foi o maior reajuste que os planos sofreram desde que contratou.

“Eu achei muito abusivo. Pelo amor de Deus eu não sei nem como isso acontece. O salário mal sobe, mal tem um aumento melhor para gente e de repente os planos de saúde dão um absurdo desse. Um aumento desse que muita gente não vai poder nem segurar o plano de saúde. Eu mantenho o dos meus filhos por questão mesmo de necessidade. Mas, assim, eu não sei nem como segurar tanto tempo. Eu tô torcendo pra que os dois cresçam, trabalhem para poder eles mesmo começarem a pagar o próprio plano de saúde, porque sinceramente a situação está cada dia pior”, reclama.

Manter um plano de saúde, principalmente para os filhos é uma prioridade que poder até ser revista por algumas famílias. Para a professora Telma de Oliveira, o aumento vai obrigar a recalcular as despesas da família. “Minha filha tem plano de saúde há oito anos e eu não posso cancelar de forma alguma. Com esse valor a mais eu vou precisar diminuir nas outras despesas para poder pagar o plano. Uma coisa é você saber quanto irá pagar todo mês, um valor x, e de repente vem esse aumento. Serei obrigada a rever minhas despesas porque já sai totalmente do meu planejamento mensal”.

REAJUSTE

De acordo com informações da ANS, o reajuste aprovado é o percentual máximo permitido e ocorre após uma “retomada gradativa da utilização dos planos de saúde pelos beneficiários. Com despesas assistenciais apresentando crescimento, influenciadas principalmente pela variação no preço dos serviços e insumos de saúde”, ressaltou a ANS.

O reajuste, o maior desde que foi iniciada a série histórica, foi aprovado pelo Ministério da Economia, mas questionado pelo Partido Rede Sustentabilidade em Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF). Com isso, a União foi convocada pelo ministro Dias Toffoli do STF a prestar esclarecimentos.

O economista Lucas de Barros afirma que situações como as envolvendo os planos de saúde refletem a necessidade de investimentos em saúde pública. “Isto reforça ainda mais a importância de um sistema público de saúde gratuito, de qualidade e socialmente referenciado”, destaca.