Saúde

Índice de transmissão da Covid-19 cai em Alagoas

Cenário, entretanto, ainda é crítico e especialistas apontam que o “controle” da doença no estado ainda está distante

Por Evellyn Pimentel com Tribuna Independente 13/04/2021 07h57
Índice de transmissão da Covid-19 cai em Alagoas
Reprodução - Foto: Assessoria
Dados do Observatório da Covid-19 da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) apontam que o índice de transmissibilidade da doença em Alagoas está abaixo de 1. Quando este índice está acima de 1 é o mesmo que dizer que uma pessoa pode contaminar até outras 3 pessoas. Para especialistas, esse indicador é reflexo das políticas de distanciamento adotadas pelo poder público. No entanto, a doença está longe de ser controlada no estado. A situação, segundo especialistas ainda é crítica. “Pela primeira vez desde outubro de 2020, o número reprodutivo efetivo (Rt) da Covid-19 ficou abaixo de 1, uma evidência de que as medidas de isolamento social em vigor estão contribuindo no controle da transmissão. O número de casos em investigação também apresentou uma queda. Eram 9.445 casos suspeitos até este sábado (10), uma queda de aproximadamente 10% comparado ao número do fim da semana epidemiológica anterior. O quantitativo segue superior ao registrado ao longo de quase todo ano passado, mas vem tendo sucessivas quedas até o momento”, explicou relatório da 14ª semana epidemiológica. De acordo com os pesquisadores do observatório, o indicador isolado não é capaz de produzir efeitos significativos de controle da doença. Caso a taxa se mantenha estável ou continue caindo, os reflexos só devem vir após semanas. “Na verdade, nessas três últimas semanas há pouca mudança. Comparando com a situação anterior a esse período é bom pois conseguimos frear o crescimento do número de casos e ocupação hospitalar. Por outro lado, é preciso que esses números baixem para que possamos ter indícios de controle. Nesse caso, a incidência de casos é o único que teve uma baixa redução nessa semana. Óbitos aumentou e a ocupação dos leitos de UTI permaneceu estável. Não dá para falar em controle baseado em apenas um indicador. Ainda mais num cenário como o nosso, de fragilidade na testagem”, destaca o pesquisador Gabriel Bádue, coordenador do observatório. A infectologista Sarah Dellabianca reforça a necessidade de que os outros fatores envolvidos no cenário apresentem redução para falar de controle da doença. “Esse índice é a capacidade que o vírus tem de se espalhar. Quando está acima de 1 é mais propenso a ter o descontrole, quer dizer que uma pessoa infecta outras três pessoas. Agora está em 0,9, apesar desse decréscimo vai demorar um pouco, é preciso que isso seja mantido, a gente precisa controlar essa taxa de transmissão e precisamos de outros resultados como a ocupação de leitos e taxa de óbitos para considerar a situação como controlada”, esclarece a médica. “Não há motivos para comemorar”, alerta infectologista   Ainda de acordo com o observatório, Alagoas registrou um recorde semanal de mortes desde o início da pandemia. Foram 160 vidas perdidas no período, que contabilizou 4.315 casos da doença. “A tendência, após o marco, é de uma caminhada de redução no número de casos e óbitos. O maior número registrado até então havia sido de 158 óbitos, na 23ª Semana Epidemiológica de 2020. Por outro lado, há uma leve tendência de queda no número de casos. Pelo histórico observado até aqui, o controle começa pelos casos que depois se reflete na redução de casos graves e óbitos”, afirma Gabriel Bádue, coordenador do Observatório. Segundo especialistas os casos registrados atualmente são flexos das semanas anteriores, seja pelos novos registros, seja pelo agravamento dos quadros. Portanto, os reflexos dessas leves reduções só poderão produzir efeitos caso se mantenham em estabilidade. Sarah Dellabianca explica que é preciso que o vírus não encontre espaço para transmissão. “Não há motivo para comemorar. A maior parte da sociedade mantém uma adesão boa, mas existem ainda registros de aglomeração. Na verdade, nós temos uma situação muito complicada. No sábado por exemplo tivemos 600 casos registrados e no dia seguinte tivemos 1.200 casos registrados em 24h. Não podemos considerar ainda uma redução, ainda vai levar um tempo para que comece a fazer efeito. As medidas isoladas não produzem efeito imediato, isso vai ocorrendo de maneira gradual, a medida em que as pessoas não se abraçam, não beijam, não pegam na mão, não compartilham objetos, não circulam em aglomerações. Isso vai impedindo que o vírus encontre espaço para continuar contaminando, ele não encontra a possibilidade de continuar infectando. Isso vai levar tempo”,  enfatiza a infectologista. Por isso, a infectologista reforça o alerta: não é momento para descuidar das medidas de prevenção e distanciamento.  “Essa é a maior preocupação da comunidade científica e dos profissionais de saúde que num cenário de melhora, as pessoas relaxem, isso é uma tendência de que se afrouxem as medidas e a partir de uma situação mais confortável as pessoas descuidem.  Porque infelizmente pela falta de bom senso e de educação as pessoas continuem sem os devidos cuidados e o poder público acaba precisando obrigar as pessoas a fazerem aquilo que o bom senso exigiria que fizessem. O trabalho do poder público é muito importante, mas é fundamental que a população faça sua parte porque o cumprimento das medidas depende muito disso. Vamos continuar convivendo com o vírus. Não vamos deixar de usar máscara nem tão cedo. Até 2022 teremos ainda que utilizar. A vacinação não vai alcançar toda a população em 2021, infelizmente”, finaliza.