Saúde

Coronavírus e câncer: pacientes oncológicos têm mais risco de complicação da doença

Cuidados para minimizar as chances de contaminação devem ser rigorosos e manutenção do tratamento do câncer é fundamental para que a doença seja controlada

Por Assessoria 06/04/2021 13h02
Coronavírus e câncer: pacientes oncológicos têm mais risco de complicação da doença
Reprodução - Foto: Assessoria

Higienização e distanciamento social são cuidados essenciais para evitar o contágio e a disseminação do novo coronavírus e exige atenção redobrada para pacientes oncológicos. Para eles, os cuidados com a saúde são importantes em qualquer situação, e especialmente durante a pandemia, em decorrência da própria doença e dos efeitos do tratamento, que pode reduzir a resposta a infecções. 

O oncologista e presidente da Oncologia D’Or, Paulo Hoff, explica que esses pacientes possuem risco maior de desenvolver complicações, caso sejam contaminados pelo novo coronavírus. De acordo com o médico, aproximadamente 1.600 pacientes com câncer em tratamento tiveram Covid-19 e foram internados em hospitais da Rede D’Or em todo o país. “A mortalidade de pacientes com câncer que estão em tratamento, tiveram covid e foram internados é substancialmente maior daqueles que não têm câncer, chegando a quase 4%. Para os demais pacientes, a expectativa de sair do hospital é muito alta. A mortalidade é de apenas 2% na rede. A preocupação é relevante, mas por outro lado o câncer também é uma doença letal e atrasar o seu tratamento diminui a probabilidade de cura”, afirma. 

Segundo a oncologista da Clínica OncoStar, da Rede D’Or, Maria Ignez Braghiroli, tudo ainda é muito recente e requer estudos mais aprofundados para investigar a causalidade da doença. “Porém o que se sabe é que pacientes hematológicos e aqueles em tratamento ativo com quimioterapia têm mais chances de apresentar um quadro moderado a grave da doença, assim como idosos, obesos e hipertensos. Por isso, os cuidados para reduzir a contaminação devem ser rigorosos”, alerta. 

A preocupação se dá porque muitas vezes quem faz quimioterapia pode ficar com a imunidade comprometida e, consequentemente, ser mais suscetível a infecções no geral. Para o tratamento de leucemia ou outras neoplasias hematológicas são usados imunossupressores que atacam a defesa do organismo levando a dificuldade para combater infecções, como a Covid-19.

“O sistema imunológico é uma das principais armas do corpo para enfrentar infecções que surgem no organismo. Para tratar um câncer hematológico é preciso inibir o sistema imune. Dessa forma, esses pacientes ficam mais vulneráveis a qualquer tipo de infecção, vírus respiratórios de maneira geral, e apresentam mais chances de sofrerem complicações ao contrair o novo coronavírus”, explica médico e coordenador nacional da Rede D'or de terapia celular e coordenador médico do Transplante de Medula Óssea do Hospital Vila Nova Star, Vanderson Rocha.

As leucemias representam o tipo mais comum de câncer em crianças e adolescentes. E, apesar desse público ser menos afetado pela Covid-19, com evolução geralmente menos grave da doença e casos leves a moderados, ainda assim requer atenção. Por isso precisam tomar alguns cuidados com o vírus. “O tratamento é extremamente imunossupressor fazendo com que a criança se torne suscetível a quadros infecciosos, incluindo as infecções virais. Sempre houve essa preocupação a vírus respiratórios de maneira geral e, em relação ao coronavírus, apesar da mortalidade mais baixa e desfechos diferentes ao de adulto, a criança também é mais suscetível e deve manter o seu cuidado individual, que é distanciamento, uso de máscara, higiene das mãos e álcool gel”, destaca a oncologista pediátrica da OncoStar, Viviane Sonaglio.

Para Hoff é necessário que os pacientes oncológicos tenham cuidados redobrados e deem continuidade ao seu tratamento para que a doença não progrida. “É importante manter a periodicidade do tratamento e o hospital cria condições para isso com protocolos de segurança, consultas à distância, adaptações no tratamento, se houver necessidade etc. Cada caso é avaliado individualmente. O mais importante é conversar com o médico sempre e seguir assistido”, destaca.