Saúde

Hospitais privados de Maceió estão no limite da ocupação com mais casos de coronavírus

Alta demanda de casos de Covid-19 tem pressionado demanda por leitos na rede particular

Por Tribuna Independente/Repórter Evellyn Pimentel 27/02/2021 08h00
Hospitais privados de Maceió estão no limite da ocupação com mais casos de coronavírus
Reprodução - Foto: Assessoria
A ocupação de leitos nos principais hospitais da capital alagoana tem chegado em alguns casos a 100%. No Hospital do Coração, por exemplo, a ocupação de apartamentos atingiu a cota máxima na sexta-feira (26), já nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) disponíveis o percentual de ocupação é de 90%. Na Santa Casa de Misericórdia, até a tarde de ontem, apenas 6 leitos de UTI estavam disponíveis e um de enfermaria. A situação é crítica e pode se agravar. Segundo dados do boletim epidemiológico da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), mais de 10 mil casos da doença estão sob investigação. Na avaliação do infectologista Gilberto Salustiano o crescimento no número de casos é consequência das aglomerações durante o Carnaval. “Sabemos que em todos os hospitais têm havido aumento no número de ocupação de leitos e isso tem ocorrido porque o que aconteceu há alguns dias foi o Carnaval, aglomerações, festas... As pessoas não acreditam que é uma doença séria, as pessoas aglomeram, não usam máscara. Continua aumentando o número de casos. Alagoas é o estado do país com o menor número de casos, mas isso é porque não tem havido testagem o suficiente. Há muita subnotificação. São famílias inteiras que vêm sendo infectadas e não há registro disso. É necessário testar tudo, nesse período tudo pode ser Covid-19, porque nem sempre são sintomas respiratórios”, diz o especialista. O infectologista alerta para outro problema: a chegada do período chuvoso que pode pressionar ainda mais a disseminação da doença. Ele defende a intensificação das medidas de distanciamento como forma de conter o avanço do vírus. “Esse momento infelizmente vamos começar o período de chuvas e teremos um maior número de casos, um crescimento ainda maior. É necessário que haja o endurecimento de medidas, porque o empresariado não quer isso, só quer o lucro. Não estão preocupados porque está morrendo gente, enquanto isso não chegar aos familiares eles não estão preocupados. É necessário, mas os governantes estão preocupados com as próximas eleições. Às vezes têm medo de tomar medidas mais duras e ter animosidade com os empresários com a população, e enquanto pensarem dessa forma teremos uma continuidade no aumento dos casos”, destaca Salustiano. Doença tem mostrado sinais de avanço no interior Como adiantou a Tribuna Independente desta semana, o avanço da doença no interior do estado é crescente. A ocupação de leitos na segunda maior cidade de Alagoas ultrapassou 90%. O infectologista Fernando Maia destaca que o avanço da doença no interior do estado é preocupante. Há risco de colapso. “A situação não é crítica ainda, mas é preocupante, a doença vem avançando, os casos vêm avançando em regiões onde não havia chegado com força e agora está chegando. Então no interior do estado tem aumentado bastante. É preocupante. Todo aumento de casos a gente fica preocupado com a possibilidade de superlotação e colapso da rede de saúde, o medo é sempre esse. Preocupa e a gente precisa olhar isso com bastante atenção. A preocupação maior neste momento é com o interior do estado, porque é onde tem havido o maior aumento de casos e óbitos, tem aumentado bastante.”, destaca o especialista. A mais recente análise do Observatório Alagoano de Políticas Públicas para o Enfrentamento da Covid-19 aponta para uma evolução progressiva dos casos e chama a atenção para a ocupação de leitos acima da margem de segurança. “Em termos regionais, Maceió registrou na última semana avaliada de ocupação de 67% enquanto no interior 79% dos leitos de UTI da rede pública destinados às vítimas da Covid-19 estavam ocupados. Com exceção de União dos Palmares, em que, segundo o boletim de ocupação mencionado acima, nenhum dos dez leitos disponíveis estava ocupado, os demais municípios do interior que dispões de leitos de UTI dedicados à Covid registravam ocupação superior à 70%”, dizem os pesquisadores da Ufal. Em todo o país o avanço da doença tem causado pressão nos sistemas de saúde. Até o fim de sexta-feira (26) oito capitais do país registraram mais de 80% de ocupação de leitos hospitalares. Brasil Um ano após a primeira confirmação de Covid-19 no Brasil completados na sexta-feira (26), o país registra o pior momento da pandemia. De acordo com as notificações do Conselho Nacional de Secretarias de Saúde, há três dias consecutivos a média de mortes causadas pela doença bate recordes como o índice mais alto da história. Apenas na sexta, 1.337 vidas perdidas foram registradas.