Saúde

Novo coronavírus avança de forma rápida pelo interior do Estado

Na segunda maior cidade do estado, Arapiraca, a ocupação de leitos de UTI chegou a 83% de acordo com o informe de regulação de leitos da Sesau

Por Evellyn Pimentel com Tribuna Independente 25/02/2021 09h38
Novo coronavírus avança de forma rápida pelo interior do Estado
Reprodução - Foto: Assessoria
A exemplo do que ocorreu no início da pandemia, a disseminação do vírus da Covid-19 tem se espalhado rapidamente no interior do estado. Outra preocupação é em relação a taxa de ocupação de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTIs) que chega a 73%, de acordo com dados da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau). Na segunda maior cidade do estado, Arapiraca, a ocupação de leitos de UTI chegou a 83% de acordo com o informe de regulação de leitos da Sesau. Segundo a Prefeitura de Arapiraca, tendo em vista que os leitos de Arapiraca não são exclusivos do município está havendo uma análise dos leitos para dar uma resposta a esta situação da pandemia na cidade. O infectologista Fernando Maia destaca que o avanço da doença no interior do estado é preocupante. Há risco de colapso. “A situação não é crítica ainda, mas é preocupante, a doença vem avançando, os casos vêm avançando em regiões onde não havia chegado com força e agora está chegando. Então no interior do estado tem aumentado bastante. É preocupante. Todo aumento de casos a gente fica preocupado com a possibilidade de superlotação e colapso da rede de saúde, o medo é sempre esse. Preocupa e a gente precisa olhar isso com bastante atenção. A preocupação maior neste momento é com o interior do estado, porque é onde tem havido o maior aumento de casos e óbitos, tem aumentado bastante.”, destaca o especialista. A mais recente análise do Observatório Alagoano de Políticas Públicas para o Enfrentamento da Covid-19 aponta para uma evolução progressiva dos casos e chama a atenção para a ocupação de leitos acima da margem de segurança. “Em termos regionais, Maceió registrou ocupação de 67% enquanto no interior 79% dos leitos de UTI da rede pública destinados às vítimas da Covid-19 estavam ocupados. Com exceção de União dos Palmares, em que, segundo o boletim de ocupação mencionado acima, nenhum dos dez leitos disponíveis estava ocupado, os demais municípios do interior que dispões de leitos de UTI dedicados à Covid-19 registravam ocupação superior à 70%”, dizem os pesquisadores. O pesquisador Gabriel Badue pontua que o avanço das estatísticas que vinha sendo registrado na capital, agora ocorre também pelo interior. “Após oscilações por várias semanas, as cinco primeiras regiões de saúde do estado registraram aumento na incidência de casos nas duas últimas semanas. Além disso, o aumento acelerado na ocupação hospitalar é uma outra evidência do agravamento da situação”. Especialistas recomendam fechamento de atividades De acordo com o infectologista Fernando Maia, as novas variantes do vírus já estão em circulação no estado. Um dos indicadores é o registro de um caso em uma paciente que não teve contato com viajantes. [caption id="attachment_429617" align="aligncenter" width="710"] Lojas e outras atividades produtivas podem fechar caso os leitos de hospitais se aproximem de lotação (Foto: Edilson Omena)[/caption] “Houve aquele caso da senhora que não saiu da cidade e apareceu contaminada, isto significa que ela teve contato com alguém que estava contaminado e passou por lá, isso indica que essa cepa já está circulando aqui pelo menos há algum tempo, poucas semanas, mas já está para que ela esteja contaminada. É uma prova de que a cepa já está circulando por aqui e isso é algo esperado”, diz. Medidas Alguns estados, inclusive do Nordeste, vêm adotando medidas mais severas de distanciamento social, inclusive com lockdowns programados para conter o avanço da doença. Sobre o assunto, o pesquisador aponta que medidas assim já seriam necessárias ou importantes tendo em vista o cenário no estado. “Considerando a tendência de alta observada em diversas regiões do estado e as altas taxas de ocupação de UTIs, sim. As evidências disponíveis estão mostrando que as atuais medidas de controle não estão sendo suficientes para conter a transmissão. O endurecimento das medidas deve estar sendo planejado e discutido com a sociedade, como recomenda o Subcomitê de Epidemiologia ligado ao Comitê Científico do Consórcio Nordeste, do qual Alagoas é parte”, enfatiza Badue. O infectologista Fernando Maia não descarta a necessidade de fechamento de atividades. “Temos que observar dia a dia para ver onde os casos estão aumentando mais, sempre existe essa possibilidade, dependendo do número de caso sim. Se perguntar hoje, não. Mas em alguns dias, a depender da situação pode ser que sim. Depende de como a epidemia avançar”, pontua. Procurada, a Sesau afirmou que vem acompanhando a situação e que há preocupação constante com a possibilidade de avanço da doença. Além disso, o órgão diz que vem implementando medidas para evitar o colapso da rede hospitalar. Porém não há divulgou se há intenção do Governo Estadual no endurecimento das medidas de controle do contágio. “A Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) informa que continua acompanhando, diuturnamente, o monitoramento das condições epidemiológicas em Alagoas, referente ao contínuo enfrentamento à pandemia da Covid-19. No combate à pandemia, o Governo de Alagoas tem adotado medidas, a exemplo da ampliação do número de leitos exclusivos na para atender pacientes com a doença. Alagoas dispõe, atualmente, de 821 leitos, sendo 250 de UTI, 33 leitos intermediários e 538 leitos clínicos localizados em 40 unidades hospitalares tanto em Maceió, quanto no interior do Estado. As atuais medidas de proteção para evitar a contaminação pela Covid-19, conforme consta em Decreto Estadual vigente, uso de máscaras, utilização de álcool gel 70% ou líquido 70%, além de evitar aglomerações, continuam em plena vigência”, informou.