Com cobertura vacinal em queda, Alagoas registra 38 casos de sarampo nos últimos 2 anos
Após 20 anos sem nenhum registro da doença, especialistas defendem necessidade de imunização

Após 20 anos sem nenhum registro da doença, especialistas defendem necessidade de imunização
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Após duas décadas livres de contágio por sarampo, o Brasil vem registrando desde 2018 a contaminação pelo vírus. Em Alagoas a doença foi registrada a partir de 2019 com 35 casos. Já em 2020 foram 3. A explicação para a volta da doença envolve a queda na cobertura vacinal.
O Ministério da Saúde preconiza que a cobertura vacinal na faixa etária de um ano seja de 95%. Mas segundo a assessoria do Programa Nacional de Imunização (PNI) em Alagoas no ano passado a cobertura foi de aproximadamente 80%.
“Em 2018 houve a reintrodução da doença no Brasil. Em 2019 o país perdeu o certificado de eliminação da doença. E desde então o Ministério vem realizando diversas ações para tentar aumentar a cobertura, como a vacinação do público entre 20 e 49 de forma indiscriminada, mas só alcançamos 50%”, afirma a assessora do PNI em Alagoas Rafaela Siqueira.
“A vacinação é a estratégia utilizada para tentar diminuir ou evitar os casos e a circulação do vírus no país. Com a permanência da circulação que começou na região Norte, o vírus se espalhou pelo país. Além das campanhas para os adultos o Ministério instituiu uma dose extra da vacina”, diz.
Os reflexos da diminuição nos níveis de vacinação vão ser sentidos a médio e longo prazo. A circulação do vírus só continua ocorrendo segundo a especialista porque tem existido lacunas na imunização.
“Nossas coberturas não estavam adequadas nem homogêneas. Não atingimos a meta de 95% e mesmo que tivéssemos atingido essa cobertura teria que ocorrer em todos os municípios. E mesmo que no estado houvesse essa cobertura, deveria ser de forma homogênea em todo o país para não se criar bolsões de casos da doença. Se tivesse a imunização adequada o vírus não tinha se mantido em circulação”, acrescenta.
“Toda vacinação é importante e eficaz”, defende especialista
O sarampo é uma doença infecciosa com alto poder de contágio. Nas crianças a doença se apresenta de forma mais contundente e perigosa porque pode evoluir para óbito.
O pediatra João Lourival Júnior defende a necessidade de vacinação. Ele pontua que apenas a imunização é capaz de manter doenças como o sarampo erradicadas.
“Os sintomas de uma forma geral se assemelham a uma virose como manchas vermelhas na pele, mal estar, febre, dor de garganta, conjuntivite, irritação nos olhos e o que vai determinar o quadro é a junção dos sintomas. A morte pelo sarampo decorre pelas complicações, quando há uma pneumonia associada” esclarece.
Cada vez mais o movimento antivacina tem influenciado na decisão dos pais em não ofertar o direito básico de crianças a saúde. O pediatra pontua que é preciso conscientização para que sejam intensificadas as coberturas vacinais.
“As fake news, falta de informação podem contribuir. A ciência é importante, mas não é acessível e o indivíduo sem acesso à ciência é vulnerável às más informações. É preciso que haja um maior acesso à informação. Um erro quando ocorre a propagação é muito mais rápida. Podem haver reações, é esperado, mas isso precisa ser difundido de maneira correta. Como pediatra é difícil entender porque não vacinar porque compreendo as vantagens de uma vacina. São tantos problemas de saúde num país como o Brasil e ter vacinas à disposição e não utilizar é difícil entender”, pontua.
Fonte: Tribuna Independente / Evellyn Pimentel