Saúde

Samu Alagoas garante atendimento a pacientes em surto psiquiátrico

Ocorrências são atendidas com o acompanhamento da Polícia Militar de Alagoas

Por Texto: João Victor Barroso com Ascom Sesau/AL 24/11/2020 16h56
Samu Alagoas garante atendimento a pacientes em surto psiquiátrico
Reprodução - Foto: Assessoria
Qualquer pessoa está sujeita a desenvolver algum tipo de transtorno mental, com sinais que podem passar despercebidos ou com surtos graves, que geram agressividade, representando um risco para si e para os que estiverem ao seu redor. Mas, quando isso ocorre, o que os familiares, amigos e conhecidos podem fazer para ajudar diante destas crises? Dependendo do grau do surto, acionar o número 192 do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) de Alagoas pode ser a primeira medida para assegurar assistência. Dessa forma, a pessoa em surto poderá receber atendimento de urgência e ter início a um tratamento psiquiátrico em uma unidade de referência, mesmo sem um diagnóstico de transtorno mental fechado por um psiquiatra. Segundo Emerson Barros, médico regulador do Samu Alagoas, os casos psiquiátricos atendidos pelos socorristas são acompanhados pelos profissionais da Polícia Militar (PM). Medida necessária para garantir a segurança da equipe de socorristas durante o atendimento e auxiliar no momento da contenção do paciente, caso seja preciso. [caption id="attachment_413089" align="aligncenter" width="600"] Após receber a ligação com o pedido de socorro, o Samu envia uma ambulância para atender a vítima de transtorno mental (Foto: João Victor Barroso / Ascom Sesau-AL)[/caption] “No momento da ligação, verificamos com o solicitante se o paciente apresenta risco para si próprio ou para terceiros, informamos a família que será solicitado o apoio da PM e abrimos um Boletim de Ocorrência. Quando a equipe chega no local e identifica o paciente agitado ou agressivo, a primeira atitude dos socorristas é iniciar uma conversa com ele, tentando acalmá-lo e convencê-lo de que os profissionais estão ali para ajudar e mostrar a necessidade do internamento”, explicou Emerson Barros. O médico do Samu Alagoas ainda relata que a contenção mecânica, quando o paciente precisa ser imobilizado, e a contenção química, com a utilização de medicamentos, são realizadas em último caso. Dependendo do quadro clínico dos pacientes psiquiátricos, eles podem ser encaminhados para o Hospital Geral do Estado (HGE), caso apresentem lesões, ou para o Hospital Escola Portugal Ramalho (HEPR), unidade referência no atendimento psiquiátrico. [caption id="attachment_413090" align="aligncenter" width="715"] Dependendo do estado clínico do paciente em surto, ele pode ser encaminhado antes para uma UPA ou o HGE (Foto: João Victor Barroso / Ascom Sesau-AL)[/caption] “Por vezes, chegamos até o local da ocorrência e o paciente está com alguma situação clínica que precisa de um atendimento emergência, como corte e sangramentos. Nesses casos, encaminhamos o paciente para o HGE ou para uma UPA [Unidade de Pronto Atendimento], onde será estabilizado e, posteriormente, encaminhado para o Hospital Escola Portugal Ramalho”, esclareceu Emerson Barros. No caso de tentativas de suicídio, o mesmo fluxo é seguido pelos socorristas do Samu Alagoas. “Como são lesões autoprovocadas ou pela ingestão de medicamentos ou produtos químicos, os pacientes são levados para o HGE, onde os procedimentos cabíveis são adotados e, após a estabilização, eles são encaminhados para o tratamento psiquiátrico”, explicou o médico. De janeiro a outubro deste ano o Samu Alagoas liberou equipes de Unidade de Suporte Básico (USB) e de Unidade de Suporte Avançado (USA) para atender 2.074 ocorrências psiquiátricas. Foram 292 casos a mais nos dez primeiros meses deste ano do que os 1.782 do mesmo período de 2019, o que corresponde a um aumento de 16,38%. [caption id="attachment_413088" align="aligncenter" width="715"] Antes de encaminhar a ambulância para fazer o socorro à vítima, o médico triador faz um BO para que a Polícia Militar acompanhe o socorro (Foto: João Victor Barroso / Ascom Sesau-AL)[/caption] Atendimento Humanizado Todos os socorristas do Samu Alagoas são capacitados para realizar primeiro a abordagem por meio de uma conversa, evitando a contenção mecânica dos pacientes. Medida que foi adotada com o jovem Jeferson de Oliveira, 33 anos, filho do serralheiro Marcos de Oliveira. “Já faz 10 anos que meu filho foi diagnosticado com distúrbio bipolar e vem fazendo o tratamento certinho. Ainda não tínhamos precisado acionar o Samu, mas, no último dia 20 de junho, notei que ele estava muito nervoso, agitado e nunca havia visto ele daquela forma. Em um segundo que fui buscar uma camisa para ele, Jeferson saiu para a rua e, então, ligamos para o 192”, relembrou o serralheiro Marcos Oliveira. Ao receber a ligação com o pedido de socorro do pai de Jeferson de Oliveira, o médico plantonista do Samu Alagoas liberou uma Unidade de Suporte Básico (USB) da cidade de Rio Largo para realizar o atendimento. “Só tenho a agradecer o condutor e a técnica de enfermagem, que foram muito pacientes com meu filho. Conversaram, perguntaram sobre os desenhos que o Jeferson faz e, com isso, ele foi se acalmando e cantando hinos de louvor, até chegarmos ao Hospital Portugal Ramalho”, relatou, agradecido, o serralheiro Marcos Oliveira. [caption id="attachment_413087" align="aligncenter" width="1024"] Em muitos casos, após saber que o paciente está violento, médico triador orienta que seja feita a imobilização (Foto: Ascom Samu/AL)[/caption] Onde buscar ajuda? Ao necessitar de atendimento especializado para algum tipo de transtorno mental, a assistência deve ser buscada nos Centros de Assistência Psicossocial (Caps) espalhados em Alagoas. O acolhimento dessas pessoas pode ser feito nos postos de saúde dos municípios e por equipes do Programa Saúde da Família (PSF), que possuam profissionais especializados em saúde mental. Em Alagoas, também é possível buscar apoio na Organização Não Governamental (ONG) Centro de Amor à Vida (Cavida), que a população pode entrar em contato pelo número (82) 98879-2710. Os alagoanos também podem solicitar ajuda no Centro de Valorização da Vida (CVV), que deve ser acionado nacionalmente pelo número de telefone 188.