Saúde

Pacientes em tratamento contra câncer deixam de ser prioridade em hospitais

Médica afirma que pacientes em vigência de  tratamento oncológico merecem uma atenção especial

Por Thayanne Magalhães 12/04/2020 12h49
Pacientes em tratamento contra câncer deixam de ser prioridade em hospitais
Reprodução - Foto: Assessoria
Com o foco no diagnóstico e tratamento de pessoas infectadas pelo novo vírus, pacientes oncológicos vêm deixando de ser prioridade nos hospitais. AFederação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (FEMAMA) tem recebido relatos de pacientes que estão perdidas no sistema de saúde ou não conseguem informações concretas sobre o futuro de seu tratamento, e isso mostra que esse é o momento de procurar as melhores soluções para garantir o atendimento de casos urgentes, sem desamparar os demais. Por telefone a espera é enorme e não traz alívio, enquanto muitas vão ao hospital sem necessidade e correndo o risco de contaminação. O cuidado vai além de garantir uma sessão de quimioterapia. Os médicos e profissionais da saúde responsabilizam-se em priorizar casos urgentes e tranquilizar as pacientes em estágios menos agressivos ao informar que sua vida está segura, ainda que adie consultas ou exames. A presidente voluntária da Federação, Dra. Maira Caleffi, conversou com a Tribuna Independente sobre o assunto: Tribuna Independente: Qual seriam as soluções para garantir o atendimento de casos urgentes sem desamparar os demais?  Dra. Maira Caleffi: Alinhadas às orientações do Ministério da Saúde, os governos estaduais precisam identificar as melhores soluções locais, criando critérios e alternativas de atendimento. Comitês de crise regionais, com a participação colaborativa de profissionais da saúde, instituições públicas e privadas e entidades do terceiro setor podem contribuir no desenvolvimento de ações estratégicas de atendimento.   Tribuna Independente: O que uma pessoa que está em tratamento de câncer e não consegue atendimento deve fazer nesse período?    Dra. Maira Caleffi:: É importante deixar claro que em vista da possibilidade de disseminação do vírus, o número de atendimentos presenciais está sendo reduzido. Uma consulta de avaliação do tratamento, por exemplo, pode ser reagendada sem risco algum para a saúde do paciente. O que precisa ser mantido são os tratamentos como o de quimioterapia, radioterapia e cirurgias de casos confirmados por biópsias ou muito suspeitos por imagem.. As pessoas que não estão recebendo o tratamento devem procurar a Secretaria Municipal de Saúde e também organizações como as associadas à FEMAMA ( https://bit.ly/2UYk5uu ), que buscam auxiliar na jornada de tratamento fazendo interface com as esferas de atendimento de saúde.   Tribuna Independente: Quais os riscos de uma pessoa com câncer ao contrair o novo coronavírus?   Dra. Maira Caleffi: Por apresentar uma deficiência imunológica, pacientes em vigência de  tratamento oncológico merecem uma atenção especial: pessoas com leucemia, linfomas, pacientes transplantados e paciente com diagnóstico de tumores sólidos em quimioterapia, imunobiológicos ou imunoterapia e notadamente idosos. Mas não são todos que estão imunossuprimidos e por consequência, sob maior risco. Por isso pacientes oncológicos precisam ter atenção redobrada para as medidas de prevenção ficando atento para:  

Devem ser evitados os abraços, beijos e cumprimentos com as mãos, principalmente com pessoas que possuem problemas respiratórios ou chegaram de viagens no exterior; após qualquer contato lavar as mãos com sabão ou usar álcool em gel;  

  O mesmo cuidado serve para evitar contato com superfícies contaminadas como maçanetas, corrimões, botões de elevador; 

  As visitas hospitalares devem ser evitadas, e se possível com poucos acompanhantes nas consultas; evitar ir à emergência por problemas simples; qualquer tipo de compromisso não essencial deve ser evitado;

  Cuidar ao espirrar ou tossir, usando sempre o cotovelo como proteção do nariz e boca;

 O paciente não deverá interromper o tratamento de quimioterapia ou radioterapia, desde que não haja intercorrência clínica;

A vacina para influenza/H1N1 pode ser realizada. Pacientes em quimioterapia devem consultar o seu médico;

Em caso de sintomas gripais leves, é importante que o paciente entre em contato com o seu médico para avaliar a necessidade de procurar um atendimento de saúde. 

Tribuna Independente: E os casos mais urgentes? A quem recorrer na falta de atendimento?     Dra. Maira Caleffi: Os casos urgentes, no caso de suspeitas de sintomas e sinais de câncer precisam ser atendidos. Um sistema de triagem online ou presencial precisa ser mantido. Orientações federais claras baseadas em evidências científicas e adaptações locais, são alternativas para gerenciar a sobrecarga do sistema de saúde. Os telefones disponibilizados pelos Governos e Prefeituras necessitam se estruturar com informações e orientações de pacientes, a FEMAMA inclusive se coloca à disposição para contribuir no planejamento de estratégias.