Saúde

Alagoas tem primeiro caso suspeito de coronavírus

Paciente é alagoano e viajou à França este mês; segundo Ministério da Saúde, 132 casos estão sob investigação no país

Por Evellyn Pimentel com Tribuna Independente 28/02/2020 09h12
Alagoas tem primeiro caso suspeito de coronavírus
Reprodução - Foto: Assessoria
Alagoas registrou o primeiro caso suspeito do novo coronavírus (COVID-19). O anúncio foi feito no fim da tarde de ontem (27) pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesau). Segundo o órgão, o paciente é um alagoano de 66 anos que retornou de uma viagem à França no último dia 11. As amostras do paciente foram coletadas e serão analisadas pelo laboratório nacional de referência. “A Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) informa que foi notificado, na tarde desta quarta-feira (27), um caso suspeito de Coronavírus através do Centro de Informação Estratégica e de Resposta em Vigilância em Saúde (Cievs), validado hoje [ontem, 27] pelo Ministério da Saúde. Trata-se de um alagoano de 66 anos que voltou da França (país europeu com casos confirmados do vírus) para Maceió no dia 11 de fevereiro, após conexão em São Paulo. O paciente chegou com um quadro de dor de garganta, que evoluiu para fraqueza, dificuldade de respirar, tosse e febre. Ele só procurou o serviço de saúde privado no dia 26 de fevereiro”, informou a Sesau. O caso notificado em Alagoas entrou no boletim atualizado pelo Ministério da Saúde ontem. Em todo o país já são 132 casos suspeitos, e outras 210 notificações. O Ministério também anunciou que vai antecipar para março a campanha de vacinação contra a gripe. A intenção é facilitar possíveis diagnósticos da doença. A Sesau explicou ainda que o paciente está em isolamento domiciliar e que familiares estão sob investigação. Além disso, a lista de passageiros do voo em que o paciente estava foi solicitada para contato e monitoramento. “O paciente foi avaliado pela equipe médica do hospital da rede privada e foi colocado em isolamento domiciliar por apresentar sintomas leves. As coletas de amostras foram enviadas ao Lacen/AL, que as encaminhou ao Laboratório Nacional de Referência Adolfo Lutz. O Cievs/AL solicitou à Anvisa/AL a lista de passageiros que estavam no mesmo voo para contatar os Estados de origem e também estabeleceu a investigação dos familiares. Conforme protocolo do Ministério da Saúde, o centro vem mantendo monitoramento contínuo”, esclareceu o órgão. De acordo com o infectologista Fernando Maia, os sintomas do novo coronavírus são semelhantes a uma gripe ou resfriado. “É semelhante a gripe ou resfriado. Dá febre, dor de garganta, dor de cabeça, dor no corpo. Alguns pacientes têm tosse e alguns pacientes têm diarreia. Esse é o quadro mais comum. Nos quadros mais graves o paciente vai ter também dificuldade respiratória e pode evoluir para pneumonia grave, essa é a forma grave da doença. Mas pelos dados que vemos da doença, na China onde há o maior número de casos e também outros lugares, é que só as pessoas idosas ou com outra doença grave é que evoluem para os casos graves”, destaca. Maia acredita que é “difícil segurar” a ocorrência de casos em todo o país, mas reforça que mesmo com a confirmação da doença no estado não há motivo para pânico. “Como é uma doença respiratória, é muito difícil segurar, acredito que não vai demorar muito, vai acabar aparecendo algum caso por aqui. Mesmo que chegue não há motivo para pânico da população, é uma doença como tantas que a gente tem, como gripes, resfriados. É mais uma.” Infectologista tranquiliza população: “não há motivo para pânico” O Ministério da Saúde divulgou ontem em coletiva de imprensa que 91% dos casos suspeitos da doença têm histórico de viagem para países com transmissão. Segundo a Sesau a orientação é procurar uma unidade de saúde em caso de sintomas característicos do COVID-19 para as pessoas que tiveram viagens recentes aos 16 países com registro da doença. Os países são: China, Japão, Irã, Vietnã, Camboja, Tailândia, Coreia do Sul, Coreia do Norte, Singapura, Alemanha, Austrália, Emirados Árabes, Filipinas, França, Itália e Malásia. O médico Fernando Maia ressalta que cuidados de higiene básica podem evitar o contágio da doença. “A gente toma cuidado como deve tomar com qualquer doença, mas não é algo que preocupe muito não. A recomendação de preocupação é a mesma de gripe e outras doenças respiratórias. É aquela história que a gente sabe, depois de ir ao banheiro ou após tossir e espirrar, lavar as mãos. Antes de coçar olhos, nariz e antes de comer lavar as mãos. Isso é importante, e evitar lugares com muita aglomeração de pessoas ou ambientes fechados com pouca circulação de ar. Mas o mais importante é a lavagem das mãos porque é o principal veiculo de comunicação. As pessoas mantendo as mãos limpas é muito importante. Não há motivo para pânico”, tranquiliza. No entanto, o infectologista comenta que pessoas idosas ou com algum comprometimento do sistema imunológico são classificadas como “grupo de risco”, isto é, têm mais chances de evoluir para casos graves. A taxa de letalidade nesse grupo fica em torno de 14%. “O grupo de risco para doenças graves são os idosos acima de 60 anos de idade, é onde está concentrado o maior número de mortes por coronavírus, é nessa faixa etária. Mas fora dessa faixa etária o índice de morte é muito pequeno, esse é um vírus que nesse aspecto não causa muita preocupação não”, diz o médico. (Com Assessoria)