Saúde

Após 20 anos, sarampo volta a Alagoas

De acordo com a Sesau, foram registrados 14 caso da doença este ano

Por Emanuelle Vanderlei com Tribuna Independente 20/12/2019 08h37
Após 20 anos, sarampo volta a Alagoas
Reprodução - Foto: Assessoria
Depois de 20 anos livre do sarampo, Alagoas apresentou 14 novos casos em 2019. Os dados informados pela Secretaria de Estado da Saúde apontam para um problema que já estava sob controle e volta a tomar atenção e recursos do poder público. Segundo o infectologista Fernando Maia, a doença foi trazida por alguns refugiados e se instalou por causa da falta de vacinação. “O sarampo retornou esse ano por conta da baixa cobertura vacinal. O vírus foi reintroduzido no país vindo principalmente dos venezuelanos que fugiram da Venezuela por causa da crise política no país, muitos vieram com sarampo. Foi reintroduzido na região Norte e hoje o estado que mais tem é São Paulo, mas em vários lugares tem circulação, inclusive Alagoas”. Independente da forma que foi trazido o vírus, a recomendação é categórica: “Todos os casos que aconteceram foram em pessoas não vacinadas, pessoas que deveriam estar vacinadas. Para ficar imunizado você precisa de duas doses da vacina. Uma parcela grande da população só tomou uma dose. Está suscetível a ter sarampo”. A cobertura vacinal foi reforçada. Já foram feitas algumas campanhas para melhorar isso. Em alguns casos antecipando a dose das crianças, em outros vacinando adultos mais expostos. Mas não é restrito ao período de campanha. A última Campanha Nacional de Vacinação contra o Sarampo foi encerrada no dia 30 de novembro. Ela foi realizada em duas etapas: a primeira entre os dias 7 e 25 de outubro, com crianças de 6 meses até 5 anos de idade; e a segunda começou no dia 18 e foi finalizada no dia 30 de novembro, com a população entre 20 e 29 anos. Os dados desta última ainda estão em análise, segundo o boletim epidemiológico. “Importante que independente das campanhas as pessoas continuem se vacinando. A única forma eficaz de evitar o sarampo é com vacinação. Quem tem mais de 49 anos não se recomenda vacinar porque quem tem essa idade ou já teve na infância ou teve contato com o vírus. Quem até essa idade não tomou, deve tomar as duas doses. Se está na duvida se tomou ou não, pode tomar a vacina que não vai fazer mal”, orienta o infectologista. País registrou 15 mortes pela doença durante 2019   No Brasil, foram registrados 13.489 casos em 2019, segundo o boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, divulgado este mês. Nesse período, 15 pessoas chegaram a morrer, 14 no Estado de São Paulo e uma em Pernambuco. Trata-se de uma doença viral aguda similar a uma infecção do trato respiratório superior. É uma doença potencialmente grave, principalmente em crianças menores de cinco anos de idade, desnutridos e com imunidade baixa. A transmissão do vírus ocorre a partir de gotículas de pessoas doentes ao espirrar, tossir, falar ou respirar próximo de pessoas sem imunidade contra o vírus sarampo. Os principais sintomas são febre acompanhada de tosse, irritação nos olhos, nariz escorrendo ou entupido e mal-estar intenso. Em torno de 3 a 5 dias, podem aparecer outros sinais e sintomas, como manchas vermelhas no rosto e atrás das orelhas que, em seguida, se espalham pelo corpo. Após o aparecimento das manchas, a persistência da febre é um sinal de alerta e pode indicar gravidade, principalmente em crianças menores de 5 anos de idade. Como a única maneira de evitar é a vacinação, há três tipos de vacinas ofertadas que protegem do sarampo e de outros vírus: dupla viral (sarampo e rubéola), tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola) e tetra viral (sarampo, caxumba, rubéola e varicela-catapora). Cabe ao profissional de saúde aplicar a vacina adequada para cada pessoa, de acordo com a idade ou situação epidemiológica. “O sarampo é uma doença altamente contagiosa por via respiratória. Uma pessoa contaminada consegue contaminar mais de 30 contactantes”, explica Fernando Maia. Ele acalma a população e garante que depois da vacina não há riscos. “É importantíssimo, indispensável, urgente que se vacinem. Procure o mais rápido possível se vacinar e pode ficar tranquilo que não vai ter sarampo e não vai passar sarampo para outras pessoas”. Ministério da Saúde alerta contra fake news   O Ministério da Saúde desenvolveu também uma campanha contra notícias falsas (as famosas fake news) que tem circulado no Brasil, principalmente nas mídias sociais, relacionados à saúde. Em algumas delas, são espalhadas mentiras relacionadas à vacinação. É o caso de um vídeo afirmando que vacina supostamente faria mal à saúde, ou de uma notícia associando a vacina ao autismo. “O ditado popular ‘melhor prevenir do que remediar’ se aplica perfeitamente à vacinação. Muitas doenças comuns no Brasil e no mundo deixaram de ser um problema de saúde pública por causa da vacinação massiva da população. Poliomielite, sarampo, rubéola, tétano e coqueluche são só alguns exemplos de doenças comuns no passado e que as novas gerações só ouvem falar em histórias”, destaca o MS. O Ministério da Saúde garante que a vacinação é segura, sendo que seu resultado não se resume a evitar doenças. “Vacinas salvam vidas. A recomendação é: não dê ouvidos às notícias falsas e vacine-se”.