Saúde

Um a cada 3 casos de câncer é de pele

Dados do Inca levaram à criação da campanha Dezembro Laranja, que alerta para prevenção e diagnóstico precoce da doença na alta estação

Por Colaboradora com Emanuelle Vanderlei 03/12/2019 09h54
Um a cada 3 casos de câncer é de pele
Reprodução - Foto: Assessoria
Um a cada 3 casos de diagnóstico de câncer no Brasil, é de pele. São 180.000 pessoas que descobrem a doença por ano. Esse dado alarmante divulgado pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca) foi o responsável pela criação do Dezembro Laranja, campanha promovida pela Sociedade Brasileira de Dermatologia desde 2014 em todo o país. A ideia é difundir informações para estimular a prevenção e o diagnóstico precoce. Dezembro é mês de alta temporada no Nordeste. Em tempos de verão intenso, os cuidados com a pele se tornam ainda mais importantes, pois os perigos de câncer de pele se agravam com essa exposição toda ao sol, e é preciso prevenir. Segundo o Inca, em 2018 a estimativa era de 165.580 novos casos, sendo 85.170 homens e 80.140 mulheres. Ainda nas estatísticas do Inca, em 2015 morreram 1.958 pessoas, sendo 1.137 homens e 821 mulheres. O câncer de pele corresponde a cerca de 30% de todos os tumores malignos registrados no país. No entanto, ele apresenta altos percentuais de cura, se for detectado e tratado precocemente. A doença pode ter dois tipos: melanoma e não melanoma. O melanoma representa apenas 3% dos casos, mas é o tipo mais grave, devido à sua alta possibilidade de provocar metástase (disseminação do câncer para outros órgãos). O não melanoma é mais comum, porém menos grave. Entre os tumores de pele, é o mais frequente e de menor mortalidade, mas, se não tratado adequadamente, pode deixar mutilações bastante expressivas. Alagoas tem participado da campanha. Informações publicadas no site da Sociedade Brasileira de Dermatologia contam que em 2018 o Hospital Universitário (HU) e a Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas (Uncisal) realizaram ações. Nas estatísticas apresentadas sobre a Uncisal, mais de 70% dos paciente examinados apresentaram alguma patologia na pele. Entre esses, 14,7% apresentaram alguma forma de carcinoma (tumor maligno na pele). Já no HU, mais de 97% apresentaram patologias, e 37,14% estavam com carcinoma. Mesmo em outros períodos do dia, recomenda-se procurar lugares com sombra, usar proteção adequada, como roupas, bonés ou chapéus de abas largas, óculos escuros com proteção UV, sombrinhas e barracas”. Durante a campanha em Maceió, o tumor foi encontrado com mais frequência entre as mulheres, são 69,57% do total dos diagnósticos. O Ministério da Saúde explica que o problema é mais comum em pessoas com mais de 40 anos e é considerado raro em crianças e pessoas negras. Causado principalmente pela exposição excessiva ao sol. Os principais fatores de risco são pele clara, olhos claros, albinos ou sensíveis à ação dos raios solares, histórico pessoal ou familiar deste tipo de câncer, doenças cutâneas, trabalhar sob exposição direta ao sol e exposição a câmeras de bronzeamento artificial. Para identificar é preciso observar os sintomas: manchas que coçam, descamam ou sangram, sinais ou pintas que mudam de tamanho, forma ou cor e feridas que não cicatrizam em quatro semanas. Ao identificá-los, é preciso procurar um médico para iniciar o tratamento. O câncer de pele pode ser prevenido evitando-se a exposição ao sol no horário das 10h às 16h, quando os raios são mais intensos, segundo o Inca. “Mesmo em outros períodos do dia, recomenda-se procurar lugares com sombra, usar proteção adequada, como roupas, bonés ou chapéus de abas largas, óculos escuros com proteção UV, sombrinhas e barracas. Aplicar na pele, antes de se expor ao sol, filtro solar com fator de proteção 15, no mínimo, e usar filtro solar próprio para os lábios". População mais jovem não leva cuidados a sério Aos 21 anos, Alexia Ramos faz questão de manter o bronze em dia. A cada 15 dias, passa pelo menos quatro horas exposta ao sol, sem nenhuma proteção. “Eu coloco no máximo um filtro no rosto”. A jovem acredita que não vai ter problema porque tem a pele negra. “Eu não despelo, nem fico muito queimada, então não me preocupo”. Diferente dela, sua mãe Sandra se preocupa com o câncer de pele e o envelhecimento precoce, usa protetor solar todos os dias. “Não foi sempre assim, quando eu era mais nova não existia isso, mas depois dos 30 a gente sente os efeitos negativos e começa a se cuidar”, confessa. Sandra ficou ainda mais atenta depois que seus vizinhos desenvolveram a doença. “Eram pessoas da roça, passaram muito tempo expostas ao sol. Surgiram manchas e isso acabou servindo de alerta para mim também”. A atitude mais cuidadosa também pode ser encontrada em turistas. Apesar de estar em momentos de descontração e lazer, muitas pessoas não perdem a saúde de vista. Passando férias em Maceió, a turista Fernanda Menezes não descuida da prevenção. Vivendo em São Paulo, ela passa praticamente o ano inteiro sem frequentar praia ou lugares onde não dá para evitar a exposição ao sol. Mesmo assim, garante que o uso do protetor é diário. Nas férias, escolhe os horários de sol mais ameno e faz questão do filtro solar e do chapéu. “Acho o sol muito bom e importante para a saúde, tem benefícios como vitamina D. Por isso nas férias estou aqui e venho todos os dias, mas não em qualquer horário. Cheguei pela manhã, fiquei até as 9h, depois fui embora e só voltei após as 15h”, relata. Apesar de não ser muito comum a incidência em jovens, o surgimento da doença está ligado ao comportamento que a pessoa tem durante a vida inteira. Por isso não é recomendado deixar para se cuidar no envelhecimento. Segundo o site do Ministério da Saúde, a infância é o período da vida mais suscetível aos efeitos danosos da radiação UV que se manifestam mais tardiamente na fase adulta.