Saúde
Serviço de Neurocirurgia retira lesão cerebral com paciente acordado
Realizada pela primeira vez em Alagoas, técnica permite o monitoramento de funções como a fala

Atualmente, existem duas maneiras de acesso ao cérebro para realizar uma neurocirurgia eletiva: a primeira, e mais simples, é a trepanação, que consiste na abertura de um orifício no crânio. A segunda é a craniotomia, em que se retira parte da calota craniana e a repõe no fim da cirurgia, procedimento realizado no último dia 12 de novembro, pelo neurocirurgião João Gustavo Rocha Peixoto dos Santos.
Planejar uma cirurgia desse porte exige a interação entre diferentes profissionais: neurocirurgião, eletrofisiologista, neuropsicólogo, e, principalmente, o anestesiologista, que vai usar as medicações para inibir a dor, mas manter o paciente acordado, sem comprometer o nível de consciência. “A cirurgia se inicia com o paciente levemente sedado para adormecer e após a abertura da dura mater, parte mais externa das três meninges que envolvem o cérebro, o paciente é acordado. “Esse procedimento já existe no Brasil, sendo realizado em diversos centros. Mas é a primeira vez que acontece em Alagoas. A Santa Casa de Maceió, mais uma vez, sai como pioneira ao trazer uma nova técnica para o estado em benefícios dos seus pacientes”, destacou o médico, que está no corpo clínico da Santa Casa de Maceió há um ano e meio, egresso do Hospital das Clínicas da USP, onde fez sua residência médica. [caption id="attachment_78408" align="alignnone" width="768"] Equipe dos serviços de Neurocirurgia e Anestesiologia escalada para o procedimento[/caption]A técnica anestésica utilizada foi a da sedação profunda com o uso de medicações com início de ação e eliminação rápidas. Assim, durante as etapas possivelmente dolorosas, o paciente encontrava-se dormindo, sendo então acordado e avaliado por completo durante a ressecção (retirada) do tumor. O paciente foi colocado novamente para dormir após total ressecção e avaliação da neuropsicóloga, que verificou as funções cerebrais possivelmente afetadas durante a cirurgia.
De acordo com o anestesiologista Giuliano Peixoto Gonçalves, uma avaliação minuciosa da saúde do paciente foi realizada para o planejamento da conduta anestésica com a equipe da neurocirurgia. “Juntos, listamos as etapas críticas do intraoperatório e suas prováveis intercorrências, então alinhamos as condutas a serem tomadas, caso necessário. Essa etapa foi fundamental para garantirmos a segurança do paciente durante o procedimento, que durou aproximadamente cinco horas. Após o planejamento, todas as etapas foram expostas ao paciente e esclarecidas as dúvidas”, contou o especialista, que, ao lado do anestesiologista Joaquim Costa, participou da craniotomia. Dinamismo e avanço tecnológico são marcas da instituição alagoana Fala, visão e funções motoras foram observadas. Não é uma técnica cirúrgica indicada para todo tipo de paciente. Primeiramente, a lesão cerebral necessita estar próximo ou em áreas eloquentes (motoras, sensitivas, linguagem e áreas que estão envolvidas com a função cognitivas, cálculos e artísticas). [caption id="attachment_78407" align="aligncenter" width="768"] Aldo Calaça, coordenador do Serviço de Neurologia e Neurocirurgia[/caption]“Para entender as áreas eloquentes, devemos pensar no desenvolvimento de uma criança. Primeiro ela fica sentada para segurar o tronco. Depois começa a andar. Em seguida aprende a fazer movimentos mais refinados com as mãos, e vem a fala. Se o indivíduo perder uma função eloquente é mais difícil recuperá-la, do que uma função mais primitiva. Então, ela deve ser preservada o máximo possível. Durante a cirurgia, o melhor monitor é o próprio paciente. Verificamos se ele está respondendo aos estímulos”, explicou Aldo Calaça, o coordenador do Serviço de Neurologia e Neurocirurgia da Santa Casa de Misericórdia de Maceió.
O Serviço de Neurologia e Neurocirurgia da Santa Casa de Maceió segue como uma referência no estado tanto no âmbito do SUS como entre os pacientes de convênios e particulares. A instituição tem um atendimento muito diversificado de patologias neurocirúrgicas e se destaca por sua atuação em Oncologia, com os tumores cerebrais. A medicina é dinâmica e o avanço tecnológico é contínuo, então estamos cientes da necessidade, primeiro, da manutenção do aparato tecnológico, bem como, à medida que a neurocirurgia avança no mundo todo, de fazer adequações de acordo com a nossa realidade. Atendemos todas as demandas de doenças do sistema nervoso, tanto do crânio, como da coluna vertebral, nervos periféricos e outros tipos de patologias, como traumas, doenças degenerativas, tumorais e vasculares. Para isso, temos uma estrutura muito boa: contamos com um microscópio de última geração e toda a parte de exames complementares (tomografia, ressonância, angiografia e estudo da estrutura vascular cerebral) ou não teríamos condições de realizar procedimentos de alta complexidade no sistema nervoso”, ressaltou Aldo Calaça.Mais lidas
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