Saúde

Mastologista do HM orienta sobre importância da detecção precoce do câncer de mama

Evitar fumo e álcool, cuidar da alimentação e fazer atividade física reduzem o risco

Por Texto: Marcel Vital com Ascom Sesau/AL 17/10/2019 15h27
Mastologista do HM orienta sobre importância da detecção precoce do câncer de mama
Reprodução - Foto: Assessoria
A detecção precoce é um dos métodos mais eficientes utilizados para o diagnóstico do câncer. No caso do tumor de mama, sabe-se que 95% dos casos diagnosticados no início têm possibilidade de cura. A mastologista Maria Emília Castro, do Hospital da Mulher Dr.ª Nise da Silveira, esclarece a importância da realização do exame numa população sem sintomas, aparentemente saudável, com objetivo de identificar lesões sugestivas de câncer e encaminhá-la para investigação e tratamento. De acordo com ela, a detecção precoce significa diagnosticar a doença o mais cedo possível, identificar casos iniciais, para aumentar, com isso, as chances de cura e diminuir a agressividade do tratamento. Isso porque, a detecção precoce é realizada através do rastreamento entre mulheres assintomáticas, por meio do exame clínico das mamas, que pode ser realizado pelo médico ginecologista ou profissional de saúde treinado. “A mamografia é indicada anualmente, a partir dos 40 anos, assim como o autoexame das mamas, que deve ser realizado mensalmente, após a menstruação. Porém, muitas vezes, a depender do histórico pessoal da paciente, existe a indicação da mamografia um pouco mais cedo. Recomendo também que as mulheres criem o hábito de se autoexaminarem, que passem a conhecer melhor o seu corpo, para que, nesses intervalos de avaliação anual, caso surja alguma alteração palpável, ela possa se antecipar”, orientou a mastologista. Segundo Maria Emília Castro, para mulheres de risco elevado, a recomendação é realizar exame clínico das mamas e mamografia anualmente a partir dos 35 anos de idade. Risco elevado, segundo a mastologista do Hospital da Mulher, é ter histórico familiar de câncer de mama em pelo menos um parente de primeiro grau antes do 50 anos, ter histórico familiar de câncer de mama bilateral ou de ovário em qualquer idade e ter história familiar de câncer de mama masculino. “A maioria das mulheres que chegam aos consultórios para realizar o rastreamento ou com quadros já com lesões ou diagnóstico de câncer de mama, não possuem histórico familiar. O câncer hereditário só corresponde a 5 a 10% dos casos. O restante da porcentagem são os cânceres esporádicos, onde as mulheres não têm histórico familiar. O rastreamento deve ser feito em mulheres assintomáticas. Ela não precisa ter sintoma para que tenha a garantia de fazer a mamografia. Na verdade, quando a mulher torna-se sintomática, ela já vai para o diagnóstico da doença”, explicou. Riscos Entre os fatores de risco passíveis de intervenção para o surgimento da doença, a mastologista do Hospital da Mulher lista a obesidade (baixo consumo de frutas e vegetais e vida sedentária), tabagismo e o uso excessivo de álcool (duas doses diárias). Já os fatores sobre os quais a mulher não pode intervir, Maria Emília Castro destaca a idade acima dos 40 anos, menarca precoce (primeira menstruação antes dos 10 anos), menopausa tardia (última menstruação depois dos 55 anos), ausência de gestações, câncer de ovário no passado e histórico familiar de câncer de mama. Para a profissional, o autocuidado significa cuidar da própria saúde. Portanto, a mulher pode fazer isso conhecendo a própria história familiar para câncer de mama. Dessa forma, segundo a mastologista do Hospital da Mulher, ela saberá os riscos que possa vir a ter futuramente, procurando ter hábitos saudáveis de vida, cuidando da alimentação e praticando atividade física, além de passar a conhecer melhor suas mamas, através do autoconhecimento. “Para tanto, a mulher deve palpar suas mamas, axilas e fossas claviculares, mais conhecidas como as ‘saboneteiras’, sempre após a menstruação ou qualquer dia para quem não menstrua. Dessa forma, ela será capaz de identificar qualquer mudança, informação essa que ajuda muito o profissional de saúde na detecção precoce”, orientou Maria Emília Castro. Ela acrescentou que o autoconhecimento das mamas é importante aliado na mobilização da população feminina para os cuidados com a própria saúde, mas não substitui o exame físico das mamas, realizado por um profissional de saúde treinado. “É preciso que as mulheres percam o medo de fazer a mamografia. Embora seja um exame desconfortável, não é doloroso. É um exame rápido, de fácil acesso e que tem a capacidade de achar sinais que possam ajudar o médico, da melhor forma possível, no rastreamento do câncer de mama”, garantiu. Realização da mamografia O rastreamento mamográfico consiste em realizar a mamografia anual para mulheres com 40 anos ou mais. A partir dos 70 anos, a frequência dependerá do critério médico. Para as mulheres portadoras de próteses de silicone existe uma maneira para realizar a mamografia e, sim, elas podem e devem fazer o exame. “A técnica é a mesma. Contudo, existe só um acréscimo de uma manobra que se faz, pois o técnico já está preparado para isso, em adicionar mais imagens das que são utilizadas nas técnicas habituais”, explicou. O ideal é realizá-la após a menstruação e evitar o uso de talcos ou desodorantes, que podem falsear imagens. “Por conter algumas partículas, os talcos e os desodorantes podem sujar o exame. Eles podem criar imagens que não são da natureza mamária. Quanto ao período menstrual, aconselho que as mulheres façam a mamografia depois da menstruação, pois, para algumas, as mamas ficam mais sensíveis, gerando um desconforto maior à paciente”, orientou. Do ponto de vista de prevenção, o impacto da detecção precoce do câncer de mama, segundo a mastologista do Hospital da Mulher, é diminuir a mortalidade das mulheres pela doença e, por sua vez, minimizar o impacto com o tratamento, de forma a não submeter às pacientes com um recurso terapêutico mais agressivo, através de cirurgias mutiladoras. Hábitos saudáveis A especialista recomenda, ainda, que é muito importante ter hábitos saudáveis. “Evitar fumo e álcool, alimentar-se de forma equilibrada, fazer atividade física regular e manter o peso na medida certa reduzem o risco para o câncer de mama”, concluiu. Referenciado Para conseguir agendar as consultas nos ambulatórios do Hospital da Mulher é preciso recorrer a uma Unidade Básica de Saúde, mantida pelo município. Lá, a paciente será atendida, e o médico verá a necessidade de um serviço especializado. Os ambulatórios funcionam das 7h às 21h. O agendamento acontece por meio do município, em sua Estratégia Saúde da Família (ESF), da respectiva Unidade Básica de Saúde, que vai encaminhar a paciente pelo Sistema Nacional de Regulação (SisReg), explicando a justificativa da real necessidade do atendimento. A Regulação Médica Estadual, por sua vez, vai receber essa demanda e organizar o agendamento para o Hospital da Mulher. Documentos Para ser atendido no Hospital da Mulher, o usuário precisa ter em mãos, o formulário que é entregue pela Unidade Básica de Saúde, gerado pelo SisReg, que mostra o dia, horário e a especialidade médica da consulta, além da identidade, CPF, Cartão do Sistema Único de Saúde (SUS) e comprovante de residência.