Saúde

Estoque da vacina pentavalente se esgota em Alagoas

Última remessa chegou em julho; falta ocorre em todo país, mas alguns municípios, a exemplo de Maceió, ainda dispõem de doses

Por Tribuna Independente com Evellyn Pimentel 11/09/2019 08h16
Estoque da vacina pentavalente se esgota em Alagoas
Reprodução - Foto: Assessoria
A vacina pentavalente, responsável pela proteção contra difteria, tétano, coqueluche, hepatite b e meningite está em falta em Alagoas. A última remessa enviada pelo Ministério da Saúde chegou no mês de julho, mas já se esgotou do estoque estadual. Alguns municípios ainda dispõem de doses, como é o caso da capital Maceió. No entanto, a normalização só deve ocorrer a partir de novembro. A falta ocorre em todo o país. Conforme o Ministério da Saúde (MS), são necessárias 800 mil doses por mês da vacina. Um problema com a qualidade do imunizante tem causado a falta da vacina. A imunização com a pentavalente é indicada para bebês a partir dos dois meses de vida. Além disso, são necessárias outras duas doses em intervalos de 30 e 60 dias, isto é, com quatro e seis meses. A escassez se dá porque a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) reprovou, em julho, o imunizante que é produzido na Índia e dá origem a vacina. Antes disso, em maio, cinco lotes do imunizante já haviam sido “barrados”. “O Ministério da Saúde informa que a vacina pentavalente adquirida por intermédio da OPAS foi reprovada em teste de qualidade feitos pelo Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS) e análise da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Por este motivo, as compras com o antigo fornecedor, a Indiana Biologicals E. Limited, foram interrompidas pela Organização Mundial da Saúde/OPAS, que pré-qualifica os laboratórios”, afirmou o órgão ministerial. Em nota, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) se posicionou acerca do assunto. Segundo o órgão, cabe ao MS a compra e repasse para os estados. “A Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) esclarece que a aquisição de vacinas é de responsabilidade do Governo Federal e que cabe ao Governo do Estado receber as doses e distribuí-las às secretarias municipais de saúde. No caso da vacina pentavalente, destinada à prevenção de difteria, tétano, coqueluche, hepatite b e meningite, a última remessa enviada a alagoas ocorreu em julho e, nesta terça [ontem] (10/09), o estado encontra-se sem estoque disponível, mas o Ministério da Saúde (MS) informou, por meio de comunicado enviado à Sesau, que em outubro deve normalizar o envio para os estados”, disse a Sesau. Pediatra enfatiza risco: “é realmente preocupante, esperamos que se resolva” O presidente da Sociedade Alagoana de Pediatria, João Lourival Jr vê com preocupação a falta de estoque da vacina. “A pentavalente é uma vacina que compreende os primeiros meses de vida que é um período de vida do bebê muito vulnerável às adversidades, infecções e afins. O atraso poderá sim ter um impacto na transmissão de doenças até então controláveis ou contornáveis. É preocupante. A pentavalente são cinco vacinas. É realmente preocupante. Esperamos que isso se resolva”, avaliou o pediatra. Segundo ele, mesmo que o público-alvo, bebês entre dois e seis meses, sejam vacinados quando as novas doses chegarem “há um lapso temporal” muito grande e arriscado. “Quando volta a gente atualiza o calendário. A única vantagem disso é que pode reconsiderar essas doses, mas até lá há uma janela de vulnerabilidade. Minha preocupação é esse tempo em que os bebês não serão vacinados”, destacou o médico. João Lourival ressalta que num período de retorno epidêmico de doenças como o sarampo e de baixas na cobertura vacinal, a falta de um tipo de vacinas é motivo de “aflição”. “É um retrocesso muito grande. Em nome da Sociedade Alagoana de Pediatria posso dizer que a gente está muito preocupado. Todos os pediatras estão muito aflitos, porque imunização é prioridade para qualquer bebê. Se a gente tem uma queda de imunização, não se bloqueiam os surtos, o que é nossa preocupação”, comentou. O Ministério da Saúde esclareceu que caso um surto inesperado das doenças ocorram ainda há estoque passível de ser administrado. “O Ministério da Saúde reitera que não há dados que ensejem emergência epidemiológica no Brasil das doenças cobertas pela vacina pentavalente. Ainda assim, neste momento, os estoques nacionais são suficientes para realização de bloqueios vacinais, caso surtos inesperados apareçam. O sistema de vigilância à saúde monitora continuamente o tema a emitirá os alertas se estes forem necessários”, disse. Normalização só deve ocorrer em novembro A Secretaria Municipal de Saúde de Maceió (SMS) informou que apesar de não ter recebido novas remessas, ainda tem doses em estoque. “A Gerência de Imunização da Secretaria Municipal de Saúde informa que ainda conta com estoque para abastecimento das unidades de saúde da vacina Pentavalente. Em nota, o Ministério da Saúde esclareceu que a distribuição deve ser normalizada em outubro”, explicou a SMS. Contrariando o que informou aos órgãos em Alagoas, o Ministério da Saúde divulgou esclarecimento ontem (10) onde afirma que a normalização só deve ocorrer em novembro. Segundo o Ministério, a reposição já foi solicitada, contudo há um problema de disponibilidade “imediata”. “A reposição do fornecimento à Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS). No entanto, não há disponibilidade imediata da vacina pentavalente no mundo. A compra de 6,6 milhões de doses começaram a chegar de forma escalonada em agosto no Brasil. A previsão é que o abastecimento voltará à normalidade a partir de novembro. Quando os estoques forem normalizados, o Sistema Único de Saúde fará uma busca ativa pelas crianças que completaram dois, quatro ou seis meses de idade entre os meses de agosto e novembro para vaciná-las”, pontuou o órgão. O órgão ministerial afirma ainda que mesmo havendo recursos para aquisição, a compra segue um protocolo determinado. “Por se tratar de um imunobiológico, diferentemente dos medicamentos sintéticos, a vacina não tem disponibilidade imediata. Portanto, embora haja recursos para aquisição, o recebimento efetivo pelo Brasil depende do processo de fabricação e testagem”, disse.