Saúde

Suicídio: 'Buscar ajuda é fundamental', diz psicóloga

Presidente do CRP ressalta importância de falar sobre depressão e “entender que, por mais difícil que seja esse momento, ele passa”

Por Evellyn Pimentel com Tribuna Independente 10/09/2019 08h34
Suicídio: 'Buscar ajuda é fundamental', diz psicóloga
Reprodução - Foto: Assessoria
Hoje, 10 de setembro, é o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio. Durante todo o mês de setembro, há uma intensa campanha que reforça a importância de pedir ajuda, de falar sobre o assunto. O Centro de Valorização da Vida (CVV) no número 188 é o canal mais conhecido de atendimento, a ligação é gratuita, pode ser feita de qualquer telefone, em qualquer lugar do país e a qualquer hora. Mas também é possível falar com um amigo, familiar ou buscar ajuda profissional, é o que afirma a psicóloga Laeuza Farias. Laeuza que é também presidente do Conselho Regional de Psicologia de Alagoas (CRP-AL) afirma que buscar ajuda é fundamental. Segundo ela, falar sobre o assunto pode mudar os rumos. “É preciso chamar atenção, porque se algo não vai bem comigo eu preciso buscar ajuda. As pessoas ainda têm medo, preconceito, muito tabu em relação ao suicídio, ao buscar ajuda. Por isso a gente fala que buscar ajuda é fundamental, falar é fundamental, desabafar, procurar um profissional, um link de ajuda como o CVV [188] é muito importante para prevenir que a ideia vá adiante”, destaca Laeuza. Até porque, como destaca a psicóloga, nem todo mundo que passa por um momento crítico está necessariamente com depressão. “Até para você perceber o que é, o que está acontecendo e buscar ajuda. Porque às vezes as pessoas têm preconceito em relação à saúde mental. Às vezes se fala em procurar um psicólogo, um psiquiatra, a pessoa diz: Mas eu não estou louco, não estou desequilibrado. Para que vou procurar? E muitas vezes não precisa isso, às vezes um sofrimento emocional profundo, um episódio traumático, a resposta a uma perda emocional pode ser suficiente para que o individuo se sinta acuado e precise de ajuda para compreender o momento que está passando, e entender que por mais difícil que seja esse momento, ele passa”, destaca a psicóloga. SETEMBRO AMARELO A campanha Setembro Amarelo é realizada mundialmente para prevenir o suicídio. O objetivo é conscientizar a população sobre a necessidade de falar sobre o assunto, informar os sinais, chamar atenção ao tema e orientar como buscar ajuda. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), pessoas que estiveram expostas a traumas ou situações estressantes e depressão, por exemplo, estão mais suscetíveis. Por isso é importante pedir ajuda, conversar com alguém sobre o assunto. “É preciso trabalhar a sensibilização”   A supervisora de Atenção Psicossocial da Secretaria de Estado da Saúde de Alagoas (Sesau), Monique Cardoso, explica que toda a rede pública está apta a dar encaminhamento. Monique diz que situação e automutilação e tentativas de suicídio estão no hall de notificação compulsória. “Todos os serviços públicos são notificadores compulsórios. Porque nem sempre esses casos chegam à saúde inicialmente. A porta de entrada pode ser toda a rede, desde a atenção básica”, diz. Além disso, Centros de Atenção Psicossocial (Caps) em todo o estado podem ser procurados caso a família, ou a própria pessoa esteja em busca de suporte. A rede de apoio, segundo ela, é imprescindível. “Para o atendimento especializado, a pessoa precisa primeiro aceitar a ajuda. O familiar pode procurar a equipe, mas por ser um tratamento psicológico a pessoa precisa aceitar, não pode ser forçado, porque forçado não adianta, não dá resultado. É preciso trabalhar na sensibilização do paciente, da família, para que a pessoa sinta que tem apoio, que não está sozinha. Porque o maior desafio é entender que precisa de ajuda, quando a pessoa entender, toda a rede está pronta para receber”, reforça.