Saúde

Transplantado cardíaco mais longevo do Brasil é de Alagoas

Chico, como é chamado pelos amigos, era portador da doença de Chagas, com um quadro crítico de insuficiência cardíaca

Por Assessoria 08/08/2019 21h52
Transplantado cardíaco mais longevo do Brasil é de Alagoas
Reprodução - Foto: Assessoria
O mais longevo transplantado cardíaco do Brasil será homenageado nesta sexta-feira (9) pela manhã no Centro de Convenções de Maceió, durante um simpósio comemorativo dos 30 anos de transplantes cardíacos em Alagoas. Francisco Sebastião de Lima, 47 anos de idade, recebeu um novo coração em março de 1989 e graças a ele está vivo ainda hoje. Chico, como é chamado pelos amigos, era portador da doença de Chagas, com um quadro crítico de insuficiência cardíaca. Seu prognóstico era de poucas semanas de vida se não recebesse outro coração. Foi quando surgiu um doador em Aracaju. Após os exames de compatibilidade, positivos, o cirurgião cardíaco José Wanderley Neto, do Instituto de Doenças do Coração (IDC), na época integrado à Santa Casa de Misericórdia de Maceió, acionou o colega José Teles de Mendonça, do Hospital de Cirurgia de Sergipe, e decidiram que ao invés de trazer a Maceió o órgão doado, seria melhor levar o paciente a Aracaju e lá fazer o transplante integrando as equipes dos dois serviços médicos. E assim aconteceu o primeiro transplante cardíaco do IDC e do Hospital de Cirurgia. Outros transplantes se sucederam, conduzidos pelas equipes em suas bases estaduais. Em Alagoas, Wanderley realizou este ano quatro transplantes de coração, número bastante superior a igual período do ano passado, quando o procedimento ficou restrito a apenas um. O tempo de sobrevida de Francisco de Lima é superado, no Brasil, apenas pelo advogado Waldir de Carvalho, um advogado de Tanabe (SP), que viveu 32 anos e dez meses com um  coração transplantado. Chico, porém, é hoje o transplantado cardíaco com mais tempo de vida e, segundo José Wanderley, suas chances de viver até mais que duas décadas são reais. O transplantado mais longevo do mundo é um homem operado no Hospital da Universidade de Stanford (EUA) em 1976, segundo informações do Incor. As homenagens também serão extensivas aos demais transplantados cardíacos vivos. São esperados entre 15 e 20 pacientes, alguns deles com mais de 20 anos de sobrevida. O IDC, Hospital do Coração, Fundação Cordial e Liga Acadêmica Cardiovascular – promotores do evento – programaram entrega de diplomas a todos, seguida de um brinde à vida. Hospital Professor Zerbini No evento será empossada a nova diretoria do Instituto de Doenças do Coração, será fundada a Academia Brasileira de Cirurgia Cardiovascular e, ainda, realizado o lançamento do projeto Hospital do Coração Professor Zerbini. Esse projeto, segundo o cirurgião cardíaco José Wanderley Neto, um dos coordenadores do evento, pretende abrir caminho para materializar uma unidade hospitalar que seja referência no Nordeste para realização de transplantes diversos, reunindo especialistas de várias áreas e criando espaço para formação de novos profissionais em condições de receber capacitação qualificada. De acordo com Wanderley, médicos das áreas afins à cardiologia e a realização de transplantes diversos, pretendem mostrar ao Poder Público e à iniciativa privada a viabilidade, necessidade e importância para Alagoas em poder dispor de um hospital do nível pretendido – daí a apresentação, num primeiro momento, do projeto e seu detalhamento técnico. Para formação da diretoria da Academia Brasileira de Cirurgia Cardiovascular, os cirurgiões participantes definirão os critérios de formação de chapa e indicarão sua primeira diretoria. A sede da nova entidade médica deverá ser itinerante, conforma o Estado onde residir seu presidente. Pesquisadores Participarão do simpósio, como convidados, os pesquisadores Enio Buffolo (SP), Fernando Lucchese (RS) e Ricardo Lima (PE) – além de José Teles de Mendonça (SE) -, todos cirurgiões cardíacos com trabalhos considerado de grande importância para a área. Durante o evento eles farão apresentação de novas pesquisas. Entre temas que também serão debatidos no evento, destaque para o Encontro Multiprofissional e Transplante Cardíaco, patrocinado pela Central de Transplantes – também participante da organização - que ocorrerá paralelamente às mesas redondas técnicas de cardiologia e reunirá profissionais das diversas áreas de saúde envolvidos em transplantes. O simpósio será aberto à participação de médicos de todas as áreas e estudantes de medicina e outros cursos da área de saúde. O início está previsto para às 8h, com a palestra de abertura, e a homenagem aos transplantados marcada para às 11h.