Saúde

Dermatologista da Sesau explica os tipos comuns de micose, como evitar e tratar

Unhas, pés e couro cabeludo podem ser alvo de fungos por vários fatores

Por Ascom Sesau 11/03/2019 10h02
Dermatologista da Sesau explica os tipos comuns de micose, como evitar e tratar
Reprodução - Foto: Assessoria
Infecções causadas por fungos – as micoses – são problemas de saúde comuns. Esses microorganismos existem no corpo humano e no meio ambiente e vivem em locais úmidos. Todos sofrem de micose pelo menos uma vez na vida e pode acontecer por vários fatores. "São muitas e variadas as doenças da pele e, na maior parte das vezes, existem causas específicas que são responsáveis pelo seu aparecimento. Mas é verdade que estresse, má alimentação, queda do estado imunológico e falta de cuidados com a higiene podem agravar os problemas", diz a dermatologista da Secretaria de Estado da Saúde, Cleide Vieira. De acordo com ela, a micose é o nome mais popular para denominar as infecções causadas por fungos. No geral, o que acomete grande parte dos alagoanos é o intertrigo candidiásico, também chamado de candidíase intertriginosa, uma infecção da pele causada pelo fungo do gênero Candida, que provoca lesões avermelhadas, úmidas e com fissuras. “Ele costuma surgir em áreas de dobras da pele, como virilhas, axilas, entre os dedos e sob as mamas, pois são áreas em que há acúmulos de umidade do suor e sujeiras”, explica a dermatologista da Sesau. Cleide Vieira afirma que, na presença de sintomas que indiquem alguma alteração na pele, é importante consultar-se com o dermatologista para avaliação e indicação do tratamento, com pomadas e antifúngicos, uma vez que o diagnóstico é totalmente clínico. “Aqui no Estado esta infecção fúngica acontece mais facilmente devido ao acúmulo de suor e sujeira nas dobras da pele; o uso de sapatos apertados, por muito tempo, que permanecem úmidos, situação conhecida com frieira; o uso de roupas justas, ou com materiais sintéticos, como nylon e poliéster, que friccionam com a pele; e as assaduras causadas pelo contato da pele do bebê com o calor, umidade ou acúmulo de urina e fezes, quando ele fica muito tempo com a mesma fralda”, exemplifica. Rabicha - Outra micose comum, ainda de acordo com a dermatologista da Sesau, é a tinha, comumente conhecida como impinge ou “rabicha”, que pode ocorrer em qualquer local da pele, como mãos, pés, corpo, face, virilha e couro cabeludo – este último mais comum em crianças. Ela se desenvolve em área de pele úmida, acometendo mais facilmente pessoas com baixa imunidade e são transmitidas por contato de pessoa para pessoa. No local acometido, a pele pode apresentar lesões avermelhadas, levemente descamativas e, às vezes, coceira, ressalta Cleide Vieira. “Ela também tende a formar lesões em forma de anel. Quando acontece no couro cabeludo, pode ocasionar áreas de perda dos cabelos, como se estivessem sido cortados rente, com descamação total”, salienta. A dermatologista da Sesau recomenda que, para lesões localizadas, são utilizados medicamentos tópicos à base de substâncias antifúngicas por alguns dias ou semanas, dependendo do local acometido. Em lesões mais extensas e quando acomete o couro cabeludo e cabelos, há necessidade de antifúngicos orais isolados ou em associação com a medicação tópica. “A prevenção é manter sempre as áreas da pele seca, principalmente as dobras, como axilas, pescoço e virilha, pois os fungos se desenvolvem mais facilmente em áreas úmidas e quentes do corpo. Também não se devem compartilhar objetos de uso pessoal, a exemplo de roupas íntimas, escovas de cabelos e toalhas. É fundamental também manter boas condições de higiene, nutricionais e de saúde”, ressalta. Já no caso da onicomicose, a vítima é a unha. Ela começa a ficar meio amarelada ou esverdeada e descola da pele. Um pozinho branco, malcheiroso, pode se alojar nesse buraco. De acordo com Cleide Vieira, a micose de unha pode ser tratada com remédio em comprimidos, receitados por um dermatologista, ou passando uma pomada ou esmalte para micose de unha. O tratamento é demorado porque o fungo só é totalmente eliminado quando a unha cresce. Por isso, o tratamento demora geralmente cerca de seis meses para a micose das unhas das mãos e 12 meses para a micose das unhas dos pés. Quanto às micoses nos pés, a dermatologista destaca que, entre as principais características, está a descamação entre os dedos, por vezes, com fissuras. Além de coceiras que podem ferir. “Quando tem aquele ferimento, o perigo é de que, embora a pele não esteja íntegra, pode servir como porta de entrada para uma bactéria”, destaca. Cleide Vieira ressaltou que os sapatos fechados podem desenvolver – e muito – a proliferação de fungos. Ela orienta que, após o banho, a pessoa deve secar muito bem entre os dedos dos pés, dando preferência a meias de algodão que absorvem o suor. E, se possível, no horário do almoço, trocá-las, caso você transpire em excesso. Vale ressaltar que sapatos fechados, com meia e pés úmidos propiciam o surgimento de bactérias e fungos. Por isso, segundo ela, é importante lavar e secar bem os pés, colocar os sapatos no sol, alterar os calçados, usar desinfetante no sapato, não repetir as meias e, sobretudo, usar desodorante para os pés ou talco. Essas ações devem ser feitas diariamente para ter um bom resultado. Quando não são feitas, os fungos e as bactérias voltam a se proliferar e o mau cheiro também. Pano Branco – Já a pitiríase versicolor, também conhecida como pano branco, é um tipo de micose causado pelo fungo Malassezia furfur, que produz uma substância que impede a pele de produzir melalina quando exposta ao sol. Assim, nos locais onde o fungo está, a pele não fica bronzeada, levando ao surgimento de pequenas manchas, que podem ser de cor rósea, acastanhada ou branca. As áreas da pele mais acometidas são as ricas em glândulas sebáceas, a exemplo do tronco, parte superior dos braços, pescoço e face. O tratamento para pitiríase versicolor faz-se com o uso de remédios, ou antifúngicos aplicados no local, como cremes, pomadas, sprays ou loções, dependendo do grau de comprometimento da pele. As praias também contêm fungos, mas a água do mar, contudo, não é um meio favorável para a proliferação desses microorganismos. Geralmente, a preocupação maior é com os cachorros e gatos que podem fazer xixi e depositar fezes nesses locais. “As fezes e a urina dos animais transmitem o bicho geográfico, um verme que nada tem a ver com as micoses, mas que provoca muita coceira”, afirma. Outro cuidado é a região da piscina, um ambiente que, segundo a dermatologista, é bastante propício para pegar micose. “Isso porque é um local úmido e compartilhado por muita gente. Além disso, a umidade da região, em contato com o corpo, pode desencadear em micose e outros problemas de pele relacionados aos fungos”, acrescenta. Orientações – O principal cuidado refere-se ao uso de chinelos de borracha na região da piscina, visto que eles evitam o contato com regiões contaminadas por fungos. Portanto, ao sair da piscina e circular em áreas comuns é fundamental estar calçado para evitar pegar micose, bem com outras doenças. O ideal é não compartilhar toalhas, peças íntimas e calção de praia, principalmente entre os adolescentes que costumam emprestar suas roupas para os amigos. Isso é uma coisa que não se deve fazer, porque, muitas vezes, aquele fungo que está na sua pele, de maneira inofensiva, ao entrar em contato com a pele de outra pessoa vai desenvolver uma micose. “As toalhas, em especial, devem ser colocadas sob o sol para arejar e secar, visto que a umidade predispõe a colonização de fungos”, orienta. Outra dica para evitar pegar micose é não ficar com a roupa molhada por muito tempo. Para isso, diz a dermatologista da Sesau, “é interessante ter uma roupa íntima na bolsa para trocar assim que sair da piscina e, claro, as regiões do corpo mais sujeitas a reter calor e umidade, a exemplo dos pés, são sempre vulneráveis para o contágio por fungos, necessitando manter-se higienizados e secos ao sair da piscina ou do banho”, sentenciou.