Saúde

Novembro Roxo: Campanha alerta para prematuridade

Na Maternidade Escola Santa Mônica, 38% dos partos realizados este ano foram prematuros

Por Texto: Evellyn Pimentel com Tribuna Independente 22/11/2018 08h49
Novembro Roxo: Campanha alerta para prematuridade
Reprodução - Foto: Assessoria
De janeiro a outubro deste ano 38% dos partos realizados na Maternidade Escola Santa Mônica (MESM) foram de bebês prematuros. Os números, repassados pela pediatra Andrea Rose, reforçam a necessidade de alerta para o Novembro Roxo, mês dedicado também à conscientização da prematuridade. Uma pesquisa recente chefiada pela Universidade Federal de Pelotas apontou que 12% dos partos no Brasil são prematuros. “A importância de lembrar o Novembro Roxo é porque 38% de janeiro até agora de partos acontecidos na Santa Mônica foram de prematuros, de janeiro até outubro. Nacionalmente, 12% dos nascimentos são prematuros. É uma quantidade muito grande para a gente que tem poucas UTI’s, poucas condições, isso serve para alertar sobre o parto prematuro”, afirma. Segundo a pediatra, um pré-natal adequado e cuidados básicos como tratamento de infecções evitariam grande parte destes partos antecipados. “Para evitar a mãe pode fazer um bom pré-natal, embora a gente saiba que nem todo mundo consegue, quem tem convênio consegue um pré-natal mais certo. Mas quem não tem fica a desejar, por conta dos exames que não tem, os prazos passam do período necessário. Muitas vezes não dá para saber se tem pressão alta, infecção, infecção urinária, esse segmento fica muito prejudicado pelos serviços que não são oferecidos adequadamente. A conscientização é por conta disso, para exigir mais dos governantes: o atendimento básico, com postos de saúde funcionando, que tenham laboratórios fazendo exames básicos como hemograma, ultrassom para que a gente tenha o mínimo para se detectar uma infecção, que é uma das principais causas de nascimento prematuro, a infecção perinatal, causada também pela infecção urinária da mãe”, esclarece. Andrea aponta ainda que além de evitar complicações e até a morte de bebês prematuros a prevenção também gera menos custos ao poder público. “Sai mais caro para o Estado manter uma criança na UTI porque tem gasto de oxigênio, medicamento, internação, do que gastar no atendimento básico. A gente tem que diminuir esses números até porque a mortalidade é alta. Já morreu mais, mas ainda continua alta diante das coisas que a gente poderia fazer, poderia ter acesso e não tem, coisas básicas”, defende. Precocidade é a primeira causa de morte de bebês no país   Segundo a Maternidade Santa Mônica, a prematuridade é a primeira causa de morte de bebês de até um mês. [caption id="attachment_260968" align="alignleft" width="244"] Pediatra João Lourival diz que campanha reforça práticas de amparar e dar suporte ao bebê prematuro (Foto: Cortesia)[/caption] “De acordo com o Ministério da Saúde, a prematuridade é a principal causa de morte no primeiro mês de vida. Cerca de 70% dos óbitos de crianças ocorrem nos primeiros 28 dias após o nascimento. Atualmente, a taxa de mortalidade de crianças abaixo de 1 ano é de 16 por mil nascidos vivos, segundo a Rede Interagencial de Informações para a Saúde (Ripsa)”, aponta a Maternidade. CUIDADOS O pediatra João Lourival explica que diversas práticas são adotadas no sentido de amparar e dar suporte ao bebê prematuro, além dos cuidados médicos. Segundo ele, a campanha serve como um reforço nestas ações. “A campanha alerta para os cuidados com a criança prematura e as boas práticas recomendadas pelo Ministério da Saúde e Sociedade Brasileira de Pediatria. Tanto práticas como cuidados com o prematuro que já têm comprovação de eficácia, a gente consegue que os prematuros tenham uma sobrevivência muito maior do que tinham a cinco, dez anos atrás. Práticas como musicoterapia, banho terapêutico, projeto coala, que seria acompanhar os sinais vitais do prematuro com cuidado para que não altere parâmetros”, afirma o médico. João Lourival reforça a importância de orientação da família nos cuidados com o bebê prematuro. Além disso, o médico destaca que o amamentação tem papel fundamental. “De fato a família deve dar continuidade a todo processo que é iniciado na maternidade e na UTI Neonatal. Com o método canguru a gente também consegue ter sucesso. No mais, é chamar a atenção para um mês que conscientiza sobre um período de vida que até então não tinha viabilidade e com toda a tecnologia que as UTI’s dispõe e as medidas que falei melhoram a sobrevida, mas não só sobreviver, mas sobreviver com qualidade de vida. Obviamente que o aleitamento materno tem uma contribuição muito importante”, orienta. De acordo com a terapeuta ocupacional da Maternidade Santa Mônica Katiuscia Viana, desde 2009 o mês de novembro é dedicado à conscientização sobre prematuridade . Na Santa Mônica, por ser referência, diversas ações vem sendo desenvolvidas, a maternidade foi classificada pelo Ministério da Saúde como referência no método canguru, prática de cuidados humanizados que influenciam significativamente melhora do quadro do bebê. “Desde o ano passado nós fazemos a campanha durante o mês e não mais no dia. Este ano nós intensificamos todas as ações que já são feitas durante o ano e acrescentamos outras ações. O tema deste ano é o método canguru”.