Saúde

Técnicos de 13 municípios alagoanos são capacitados sobre hanseníase

Encontro aconteceu nesta quarta (24), na Academia de Polícia Militar, no bairro Trapiche, em Maceió

Por Assessoria 24/10/2018 17h15
Técnicos de 13 municípios alagoanos são capacitados sobre hanseníase
Reprodução - Foto: Assessoria
Em parceria com o Programa de Vigilância e Eliminação da Hanseníase de Maceió, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) promoveu, nesta quarta-feira (24), o ‘Seminário sobre as Ações de Controle da Hanseníase: Realidade e Desafios’, cujo intuito da atividade foi reunir profissionais de 13 municípios prioritários do Estado. Durante o evento, que ocorreu na Academia de Polícia Militar, no bairro Trapiche, em Maceió, foi abordado o tratamento clínico, acompanhamento, vigilância e ações terapêuticas, bem como, realizadas simulações práticas e palestras de atualização de protocolo e abordagens no tratamento de casos detectados. O encontro teve início com a apresentação do ‘Coral Saúde em Canto’, composto por servidores da Secretaria de Saúde de Maceió, que arrancou aplausos da plateia. Participaram do evento os médicos, enfermeiros, coordenadores da Vigilância Epidemiológica e da Atenção Básica, bem como, os especialistas dos Centros Especializados de Reabilitação (CERs) de Arapiraca, Coruripe, Delmiro Gouveia, Marechal Deodoro, Maceió, Palmeira dos Índios, Penedo, União dos Palmares, Pilar, Santana do Ipanema, Rio Largo, São Miguel dos Campos e Teotônio Vilela. Ao longo do dia, os participantes receberam informações gerais relativas à doença e, principalmente, as formas de detectar os casos e realizar o tratamento de forma adequada. O Estado de Alagoas tem trabalho referenciando os usuários no combate à hanseníase, mas o intuito é, cada vez mais, ampliar o sistema de tratamento que, quanto antes detectado, menor os riscos de efeitos irreversíveis, segundo a gerente de Vigilância das Doenças Transmissíveis da Sesau, Daniele Castanha. Ela disse que é sempre fundamental repassar novas informações e melhorar a prestação de serviços à população. Entre os assuntos discutidos, foi ministrado por ela a implantação do Protocolo de Investigação da Resistência Medicamentosa em Hanseníase e estabelecido o fluxo de envio de amostra. O principal objetivo do sistema de vigilância é detectar a resistência primária e secundária à rifampicina, dapsona e ofloxacina entre os 10% dos casos novos de hanseníase multibacilares (MB) que apresentarem resultado no exame de baciloscopia. No Estado, a proposta é que, em 2019, quatro unidades de saúde realizem a avaliação à resistência medicamentosa, segundo Daniele Castanha. Neste ano, o serviço já foi implantado no Hospital Universitário, no Tabuleiro do Martins, e no município de Delmiro Gouveia. No ano que vem, o Segundo Centro de Saúde, no Poço, e o Centro de Referência Integrado de Arapiraca, também iniciarão às atividades. “Os pacientes que têm o histórico cuja medicação não surtiu efeito ou que, após o tratamento, voltou a ter sinais e sintomas compatíveis com a hanseníase, eles irão para as unidades de referência do município, onde será feita a coleta para exames e, posteriormente, encaminhada para a Fundação Oswaldo Cruz (FioCruz), onde será feita uma avaliação à resistência medicamentosa”, explicou Daniele Castanha. Aumento do Acesso – De acordo com ela, é preciso que os municípios alagoanos aumentem o acesso para o diagnóstico da hanseníase, visto que a doença tem sido frequente no Estado, ao passo que a equipe da Sesau tem percebido uma baixa notificação de casos. “Todos esses momentos, além de todo o contato da área técnica estadual com os municípios é, justamente, para aumentar essa sensibilidade e fazer um alerta para que as unidades básicas realizem a busca ativa. O encontro também serviu para fortalecer a Atenção Primária, porque ela é a porta de entrada para os pacientes de hanseníase, uma vez que o diagnóstico é fácil, simples e, se esse paciente tiver alguma dificuldade, o Estado dará o suporte para encaminhá-lo às unidades de referência”, frisou. Segundo o médico Melquizedeck Belo e Silva, assessor técnico de Tuberculose e Hanseníase da Sesau, a hanseníase é basicamente uma doença cutânea, mas, que pode afetar também os olhos, os nervos periféricos e, eventualmente, outros órgãos. “A transmissão se dá por meio de convivência muito próxima e prolongada, por contato com gotículas de saliva ou secreções do nariz, como a fala, a tosse ou o espirro”, explicou, ao informar que “o tratamento é gratuito, eficaz e possui cura, e é fornecido pelo SUS [Sistema Único de Saúde], variando de seis meses nas formas paucibacilares, a um ano nas multibacilares, podendo ser prorrogado”. A hanseníase pode classificada em paucibacilar, com poucos ou nenhum bacilo nos exames, ou multibacilar, com muitos bacilos. “A hanseníase pode se apresentar com manchas mais claras, vermelhas ou mais escuras, que são pouco visíveis e com limites imprecisos, com alteração da sensibilidade no local”, destacou Melquizedeck Belo e Silva. Já quando o nervo de uma área é afetado, ainda de acordo com o médico, “surgem dormência, perda de tônus muscular e retrações dos dedos, com desenvolvimento de incapacidades físicas. Nas fases agudas, podem aparecer caroços ou inchaços nas partes mais frias do corpo, como orelhas, mãos, cotovelos e pés”, evidenciou. Atualização – A médica Joelma Matias dos Santos, da Unidade de Saúde da Família Doutor Aliomar Lins, no Benedito Bentes, aproveitou o momento para se atualizar quanto aos protocolos e procedimentos. Para ela, é importante que os profissionais estejam sempre se reciclando, fazendo a busca ativa com as equipes nas comunidades e vendo se os sintomas dermatológicos são compatíveis com a doença, pois a hanseníase tem um alto impacto na vida das pessoas. “Tudo isso é fundamental para estarmos alertas e podermos ajudar as pessoas. Quanto mais especialistas estiverem capacitados, maior a eficiência de combate à hanseníase”, disse Joelma Matias dos Santos.