Saúde

Abandono de tratamento de sífilis chega a 20% em Alagoas

Número de 1.492 casos em 2018 é maior do que o registrado em 2017

Por Evellyn Pimentel com Tribuna Independente 10/10/2018 09h39
Abandono de tratamento de sífilis chega a 20% em Alagoas
Reprodução - Foto: Assessoria
O crescente aumento dos casos de sífilis - em três anos o estado registrou mais de 3,8 mil casos -, chama atenção também para outro problema: a taxa de abandono do tratamento da doença. Em Alagoas, o índice de descontinuidade chega a 20%, segundo informações da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau). Em todo o ano passado foram registrados 1.397 casos da doença. De janeiro até agora, já são 1.492, 6% a mais e ainda faltam dois meses para encerrar o ano. Com a descontinuidade no tratamento a cura da doença fica prejudicada e cria-se margem para reinfecções. É o que aponta a infectologista Margareth Monteiro. “Após o diagnóstico deve-se iniciar de imediato o tratamento e ficar em acompanhamento, porque muitas vezes o paciente faz a medicação, mas desaparece. Volta a entrar num grupo de risco, o parceiro muitas vezes não é tratado, aí fica naquilo o paciente é tratado, mas o parceiro (a) não é, se contamina, não faz o tratamento corretamente. E realmente o que a gente vem observando é um aumento muito grande nesses pacientes com sífilis e a gente sabe que é descuido, mas é preciso ter cuidado, ter responsabilidade de cada um e com os parceiros, porque além da sífilis há o risco de pega outras DST’s”, explica a infectologista. Mesmo realizando o tratamento e acompanhamento de forma adequada, a médica ressalta que há o risco de novas contaminações. O ideal, segundo ela, é que o acompanhamento ocorra durante 90 dias após o término do tratamento. “Há o risco de ser reinfectado. É preciso que faça o exame, que faça esse acompanhamento. Como a medicação são três semanas, uma dose por semana, muitas vezes o paciente já se sente bem, acha que está tudo bem e deixa de fazer o acompanhamento e os novos exames para confirmar a negativação da doença. Aí toma a medicação e some, ficamos sem saber se os parceiros foram tratados... São todas essas questões e precisamos ficar por perto desse paciente e fazer o acompanhamento com os exames. Depois de encerrar o tratamento, normalmente a gente repete o exame de 60 a 90 dias” De acordo com a infectologista a falta de sintomas da doença ou a eficácia da medicação muitas vezes dá uma falsa sensação de segurança ao paciente. “O remédio tem que ser na dose certa, no tempo certo. Muitas vezes o paciente tem sífilis, mas só diagnostica com exames de rotina e percebe que já está instalada. Passa despercebido. Muitas vezes são sintomas muito leves que passam despercebido pelo próprio paciente, mas a gente sabe as consequências que podem levar no futuro”, destaca Margareth Monteiro. “Não é falta de informação, é falta de preocupação”, diz médica O Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza testes rápidos para a detecção da doença, de 2016 para cá já forma distribuídos no estado mais de 430 mil testes, segundo a Sesau. “São muitos casos. Recebo muitos casos em consultório privado, público... Acredito que o principal problema é o paciente descuidar. Eu fico sem imaginar como na era da informação as pessoas infelizmente acreditam que não vai acontecer com elas. É um despreparo do conhecimento, porque tem gente de todas as classes, de todos os níveis de instrução. Não é falta de informação, é falta de preocupação”, afirma a médica. O alerta, segundo a especialista, é que a população reforce a precaução. Além disso, exames devem ser realizados de forma periódica. “A proteção é fundamental. E se for diagnosticado, mesmo que o parceiro não sinta nada, que ele passe pelo teste para saber se é necessário o tratamento. Se for de grupo de risco tem que procurar um médico para fazer o exame para ver se está livre. São vários alertas, principalmente a prevenção dessa doença que é muito fácil de transmitir”, destaca.