Saúde

Droga que inativa micróbios no intestino pode prevenir doença cardiovascular

Estudo publicado nesta segunda-feira (6) na 'Nature Medicine' mostra como bactérias da flora intestinal estão envolvidas em doenças cardiovasculares

Por G1 06/08/2018 17h59
Droga que inativa micróbios no intestino pode prevenir doença cardiovascular
Reprodução - Foto: Assessoria
Doenças cardiovasculares, que incluem o infarto e o Acidente Vascular Cerebral (AVC), podem ser combatidas com o bloqueio de ação de micróbios no intestino, diz estudo publicado na "Nature Medicine" nesta segunda-feira (6). Os experimentos com um novo tipo de medicamento foram feitos por pesquisadores da Clínica Cleveland, nos Estados Unidos. Essas novas drogas impedem que micróbios formem uma molécula ligada a doenças cardíacas: a TMAO. A TMAO afeta a coagulação do sangue e a atividade plaquetária, o que aumenta o risco de trombose. A formação de coágulos é uma das causas da doença cardiovascular porque acaba impedindo a chegada do sangue aos órgãos. A molécula é formada quando bactérias digerem nutrientes presentes em produtos de origem animal, como carne vermelha, ovos e laticínios. Diferentemente dos antibióticos, a nova classe de drogas impediu a formação da TMAO, mas mantém as bactérias vivas, já que elas são importantes para a manutenção da flora intestinal. "As bactérias intestinais são alteradas mas não mortas por esta droga, e não houve efeitos colaterais tóxicos observáveis. Estamos ansiosos para avançar esta nova estratégia terapêutica em humanos", diz Hazen. Como foi o estudo A pesquisa foi coordenada por Stanley Hazen, da Clínica de Cleveland. Após testes com camundongos, Hazen e equipe mostraram que as drogas reduziram significativamente os níveis de TMAO e impediram a formação excessiva de coágulos. Uma única dose oral foi responsável pela redução. As novas drogas impedem a produção das moléculas associadas às doenças cardíacas por serem análogas à colina, um dos nutrientes presentes em alimentos de origem animal. A droga, assim, "engana" a bactéria ao ser muito similiar estruturalmente à substância que forma a molécula prejudicial. Hazen diz que não foram observados efeitos colateriais nessa fase do estudo e houve muito pouco risco de sangramento.