Saúde

Cirurgia plástica: exercício ilegal preocupa

Com mais de 1,4 milhão de procedimentos no Brasil, médico alagoano faz alerta para que pacientes não sejam prejudicados

Por Evellyn Pimentel com Tribuna Independente 02/08/2018 10h15
Cirurgia plástica: exercício ilegal preocupa
Reprodução - Foto: Assessoria
Mais de 1,4 milhão de cirurgias plásticas em todo o país. O número foi divulgado pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) por meio de censo do setor. Em Alagoas, embora não haja números oficiais, estima-se que o implante de prótese nas mamas seja o recordista no volume de procedimentos. De acordo com o cirurgião e presidente da SBCP em Alagoas, Lourival Cezar de Oliveira, os números apontam um tendência de crescimento. No entanto, faz um alerta para o exercício ilegal da profissão. “A cirurgia plástica hoje está em constante evolução. A cirurgia que mais cresce em Alagoas é a colocação de prótese de silicone na mama, seguida pela lipoaspiração. Mas o exercício ilegal preocupa. Hoje estamos discutindo muito isso. A Sociedade vem impetrando liminares contra o exercício não médico. Ou de médicos que não são especializados. Que não são formados em cirurgias e se propõem a fazer isso. Hoje você vê no mundo inteiro médicos oferecendo performances em procedimento estéticos. Então, é um grande dissabor para a especialidade em si e preocupação também, devido a atuação de pessoas não preparadas, não habilitadas. Medicina estética não é reconhecida como exercício da medicina”, pontua. Com 30 anos de experiência na área, o médico reforça que os pacientes devem ficar atentos às abordagens dos profissionais. Para um especialista estar apto à realizar cirurgias é necessário no mínimo 11 anos de formação técnica. “Primeira coisa, esses profissionais não médicos, não cirurgiões sempre vendem procedimentos mais baratos. É importante comparar preços. Também fazem isso em qualquer local, estranhos à prática médica, que não tem característica de exercício de medicina. Não têm as especificações que o Conselho Federal de Medicina exige, que a Vigilância Sanitária exige. Qualquer consultório que se propõe a fazer procedimentos precisa cumprir regras da Anvisa, da Vigilância Sanitária. A cirurgia plástica exige uma formação longa, severa com 6 anos de Medicina, mais 2 anos de cirurgia geral, mais 3 anos de cirurgia plástica em si”, afirma. O exercício ilegal é uma preocupação, segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica. A entidade afirma que tem se mobilizado para combater as práticas de risco e conscientização da população. Cuidados “É importante checar recomendações” Procedimento fantasiosos, vendidos como milagrosos. Às vezes o paciente procura outro para fazer. Procedimentos ditos, vendidos, como minimamente invasivos, são invasivos. Isso dá a percepção que é uma coisa tola, mas não é. Continua sendo invasivo. Todo procedimento exige risco, nem tanto o risco, mas exige normas de comportamento cirúrgico. Para aplicar uma injeção é preciso posicionar o paciente, imagina furar um paciente e colocar uma cânula, injetar algo, colocar fios, tudo isso tem normas. Quando faço um procedimento assim eu tenho estudado o que existe na região, que nervos não podem ser desestruturados, tudo preciso de treinamento de estudo em cirurgia para fazer qualquer coisa dessa natureza”, destaca Lourival. Karla Araújo, de 39 anos, realizou duas cirurgias plásticas, uma para implante de silicone nas mamas e uma no abdômen. Ela conta que a maior preocupação foi checar o profissional e o local onde os procedimentos seriam realizados. “Meu procedimento foi bem tranquilo, fiz silicone de mama e plástica de abdômen. A cirurgia foi tranquila. Fiz num dia e no outro fui para casa. Fiz repouso durante 15 dias e tive uma ótima recuperação. Após trinta dias já estava bem. Fiz num bom hospital com um cirurgião bem conceituado e correu tudo bem. Me informei antes de algumas pessoas que já tinham feito e fiquei tranquila embora não conhecia o profissional”, destaca. Para Karla as cirurgias aumentaram a autoestima e conseguiram alcançar o resultado esperado. “Fiquei muito satisfeita, foi um sonho realizado”, afirma.