Saúde

Número de leitos do SUS diminui mais de 10% em Alagoas nos últimos anos

Pesquisa mostra que, no ano de 2010, 5.417 leitos atendiam pelo SUS em Alagoas

Por Rívison Batista com assessoria 12/07/2018 18h54
Número de leitos do SUS diminui mais de 10% em Alagoas nos últimos anos
Reprodução - Foto: Assessoria
Em recente levantamento divulgado nesta quinta-feira (12), o Conselho Federal de Medicina (CFM) analisa o número de leitos de internação que atendem pacientes pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e chega à conclusão de que houve uma perda considerável desses leitos a nível nacional nos últimos anos. Em Alagoas, entre os anos de 2010 e 2018, a pesquisa mostra que houve uma diminuição de mais de 10% de leitos do SUS no estado. Segundo o Conselho, a cada dia, cerca de 12 leitos de internação – aqueles destinados a quem precisa permanecer em um hospital por mais de 24 horas – deixam de atender pacientes pelo SUS em todo o Brasil. A pesquisa mostra que, no ano de 2010, 5.417 leitos atendiam pelo SUS em terras alagoanas. Já em 2018, esse número diminui para 4.818, o que corresponde à perda de 599 leitos do Sistema Único de Saúde no estado, ou seja, uma diminuição de aproximadamente 11%. Segundo o CFM, só nos últimos dois anos, mais de oito mil unidades desta natureza foram desativadas, de acordo com informações apuradas junto ao Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), do Ministério da Saúde. Já o número de leitos que não atendem pelo SUS, segundo a pesquisa, aumentou entre os anos de 2010 e 2018 em Alagoas. Em unidades de saúde que atendem pela iniciativa privada, nesse período, houve um acréscimo de 604 leitos, o que, aparentemente, pode significar uma migração da saúde do sistema público para o privado. Em 2010, no estado, eram 838 leitos que não são do Sistema Único de Saúde, enquanto em 2018 esse número vai para 1.442. Não foi diferente em Maceió. O levantamento aponta que, no ano de 2010, a capital alagoana possuía 2.490 leitos que atendiam pelo SUS. Já em 2018, esse número cai para 2.026 leitos, o que resulta em uma perda total de 464 leitos do Sistema Único de Saúde. Por outro lado, as unidades de saúde da iniciativa privada, na capital, acrescentaram 461 leitos no mesmo período. Em 2010, eram 627 leitos, porém, em 2018, esse número vai a 1.088 leitos da iniciativa privada. No Brasil De acordo com os dados do CFM, nos últimos oito anos, mais de 34,2 mil leitos de internação foram fechados na rede pública de saúde. Em maio de 2010, o País dispunha de 336 mil deles para uso exclusivo do SUS. Em maio de 2018, o número baixou para 301 mil. Dentre as especialidades mais afetadas no período, em nível nacional, estão psiquiatria, pediatria cirúrgica, obstetrícia e cirurgia geral. Já os leitos destinados à ortopedia e traumatologia foram os únicos que tiveram aumento superior a mil leitos. Entre as regiões, a queda acentuada se destaca no Sudeste, onde quase 21,5 mil leitos foram desativados. O volume representa uma redução percentual de 16% em relação à quantidade existente na região em 2010. Centro-Oeste e Nordeste perderam cerca de 10% dos seus leitos durante o período apurado, com saldo negativo de 2.419 e 8.469, respectivamente. O Sul é a região que perdeu menos, em números absolutos (-2.090) e em proporção (-4%). Já o Norte apresentou saldo positivo, com 1% ou 184 leitos a mais (confira no quadro abaixo). O 1º secretário do CFM, Hermann von Tiesenhausen, acredita que o quadro delineado revela a face negligenciada do SUS, que, sem a adoção de medidas efetivas, continuará provocando atrasos em diagnósticos e em inícios de tratamentos. “Neste ano em que o SUS –patrimônio nacional – completa 30 anos, é preciso encontrar soluções eficazes que permitam a consecução de plena assistência, com respeito aos direitos humanos e qualidade”, acrescentou. Os números apurados pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) mostram que 22 estados e 18 capitais brasileiras perderam leitos nos últimos oito anos. Só no estado do Rio de Janeiro, por exemplo, 9.569 mil leitos foram desativados desde 2010. Na sequência, aparece São Paulo (-7.325 leitos) e Minas Gerais (-4.244). Na outra ponta, apenas cinco estados apresentaram evolução positiva no cálculo final de leitos SUS: Rondônia (629), Mato Grosso (473), Tocantins (231), Roraima (199) e Amapá (103). Entre as 18 capitais, foram os cariocas os que mais perderam leitos na rede pública (-4.095), seguidos pelos fortalezenses (-904) e curitibanos (-849). No entanto, nove delas – Belém, Boa Vista, Cuiabá, Macapá, Palmas, Porto Velho, Recife, Salvador e São Luís – conseguiram elevar esse indicador, o que sugere que o grande impacto de queda tenha recaído sobre os municípios interioranos. Outra constatação feita a partir dos números oficiais é que enquanto os 160 milhões de brasileiros que dependem exclusivamente do SUS perderam 10% dos leitos públicos desde 2010 (34,2 mil), as redes suplementar e particular aumentaram em 9% (12 mil) o número de unidades no mesmo período (confira os detalhes no quadro abaixo). Ao todo, 21 estados elevaram o montante de leitos na rede “não SUS” – destinada exclusivamente aos que possuem planos de saúde ou conseguem pagar por uma internação com recursos próprios – até maio de 2018, segundo os dados oficiais. Apenas Rio de Janeiro e Maranhão sofreram decréscimos significativos neste setor: menos 1.172 e 459 leitos, respectivamente.