Saúde

Atividade física estimula desenvolvimento infantil

Para educadores, prática de exercícios e esportes é essencial; para as crianças, é uma verdadeira diversão

Por Evellyn Pimentel com Tribuna Independente 16/05/2018 08h57
Atividade física estimula desenvolvimento infantil
Reprodução - Foto: Assessoria
Seja pulando, correndo ou brincando, as atividades físicas para o público infantil trazem benefícios além do corpo. Segundo educadores consultados pela Tribuna Independente, as práticas ajudam em diversos aspectos do desenvolvimento dos pequenos. Educador físico infantil há 10 anos, Jamerson Fonseca afirma que os benefícios de praticar atividades físicas são notórios e acompanham a rotina das crianças. “A gente trabalha principalmente o cardiovascular porque a criança sai do repouso e vai para a atividade física. Também ajuda na autonomia, independência, tomada de decisões, e tudo isso vai servir para o futuro da criança. Serve também para que a criança saiba a diferença entre atividade física e exercício físico”, explica o professor. Numa geração cada vez mais conectada, praticar uma atividade não é a tarefa mais prazerosa, pelo menos num primeiro momento, segundo o educador. Para ele, isso é fruto de um modelo de sociedade que limita muito a perspectiva da criança. “Eu percebo dificuldades hoje com as crianças menores ou que estão começando agora comigo. As que chegam hoje eu percebo dificuldade na coordenação motora geral. Até para amarrar o cadarço elas têm dificuldade, onde crianças do 1º ano já deveriam fazer sozinhas. A gente trabalha a coordenação motora fina para as que não conseguem fazer isso ainda. Isso é prática, é a prática de casa. Hoje as crianças ficam muito no celular, os pais não dão o estímulo, incentivo para tentar até conseguir fazer. O comodismo, a tecnologia fazem com que a criança prefira estar parada.” Segundo o professor, a disciplina de educação física aborda desde exercícios simples até jogos e brincadeira populares como amarelinha, pula corda e queimado, brincadeiras comuns anos atrás, mas que vão cedendo espaço às tecnologias. “A gente trabalha do 1º ao 5º ano os conteúdos da cultura corporal. A gente trabalha com ginástica escolar, brincadeiras populares e finaliza com atividades rítmicas, trabalhamos ginástica, atletismo, lutas, do 4º ao 5º ano. No contexto geral tudo o que a criança sai da zona de conforto consegue trabalhar o cardiovascular, coordenação motora geral, buscando que as crianças cresçam com a prática de atividade física”, diz. Esportes trabalham também os aspectos emocionais   Para as crianças, é uma verdadeira diversão. Luís Otávio, de 5 anos, começou o judô no início do ano. Para ele, a melhor parte é a dos exercícios. “Eu gosto mesmo é de correr”, resume o menino. Para a mãe, Raquel Ferreira de 38 anos, os resultados são percebidos na rotina, mesmo com tão pouco tempo. “Melhorou a concentração dele para fazer as tarefinhas, também a coordenação dele melhorou muito. Fora o gasto de energia, que ele tem muito e quando chega aqui extravasa. Ele faz educação física e também o judô. Ele ganhou também na interação com os coleguinhas, alguns estudam com ele e também fazem e eu senti que melhorou. Além do que ele ama, é apaixonado, quando é o dia do judô é o que ele mais gosta”, comemora a mãe. Segundo o professor Márcio Pereira, os ganhos são acumulados ao longo da vida da criança, principalmente no judô que integra diversas habilidades do corpo e da mente. “Esporte para criança é essencial porque vai trabalhar o desenvolvimento motor, psicológico, socioafetivo. O esporte é ótimo para o desenvolvimento da criança. Falando do judô, vou puxar minha sardinha [risos]. Na realidade o judô foi escolhido pela Unesco como o melhor esporte para  a iniciação, a partir dos 3 anos. Quando a criança faz o judô ela pode partir para qualquer outro esporte, ela vai conseguir praticar com maior destreza, porque é o único que trabalha diversas valências ao mesmo tempo”.   [caption id="attachment_100418" align="aligncenter" width="550"] Luís Otávio, de 5 anos, pratica judô desde o início do ano; a mãe do menino, Raquel Ferreira, diz que resultados da prática são sentidos na rotina (Foto: Adailson Calheiros)[/caption]   A disciplina é outro ponto bastante trabalhado durante as aulas. Os pequenos aprendem a importância de seguir os comandos do professor e a reforçar aquilo que foi aprendido. “Eles pegam a sandália, deixam arrumadinho, já começa por aí. Os que não arrumam os outros avisam que ficou desarrumado. No tatame eles só saem depois que eu mandar, não sai todo mundo ao léu. Ajuda muito na questão da disciplina”. Desde muito pequenos já é possível iniciar as aulas mais avançadas, garante o professor. A turminha de Luís Otávio é exemplo disso: eles pulam, correm, fazem movimentos e até algumas lutas. “A partir de 6 anos já conseguem lutar, fazer o rolamento para frente e para trás. Cada vez que vai aumentando a faixa, vai aumentando a responsabilidade. Mesmo para uma criança de 5, 6 anos, quando ela chega a uma faixa cinza ela já não pode fazer a mesma coisa que o iniciante faz. Ela tem que dar exemplo, ajudar quem está começando. Ela tem essa noção. Eles ajudam”, acrescenta o professor. “Criança hoje não consegue mais brincar na rua”, diz professor   A prática da atividade física é fator chave para o combate e a prevenção à obesidade infantil. Segundo o último relatório da Organização Mundial da Saúde o sobrepeso infantil no Brasil chega a 7% entre crianças de até cinco anos. O Ministério da Saúde aponta que 1/5 da população infantil brasileira já é afetada pela obesidade. O professor Jamerson Fonseca reforça a  importância de estimular às crianças desde muito cedo a se movimentar. “As crianças hoje não conseguem mais brincar na rua também pela insegurança, ficam isoladas em apartamentos, espaços pequenos. Eu chego com brincadeiras populares como passa anel, passarás, pula corda, queimado, que antigamente se fazia muito. Às vezes eu pego uma corda e o menino já corre porque não quer fazer. A gente tenta resgatar essas atividades para que a criança queira fazer”, pontua.