Saúde

Cai número de mortes por Aids em Alagoas

No entanto, notificações por HIV aumentam; em 2017 foram 791 novos casos no estado contra 680 em 2016, segundo Sesau

28/02/2018 09h03
Cai número de mortes por Aids em Alagoas
Reprodução - Foto: Assessoria
Os números de mortes de pessoas com Aids no Estado tiveram uma redução segundo registros da Secretaria de Estado de Saúde (Sesau). Em 2017, foram 124 óbitos pela doença contra 150 em 2016. Os casos de notificações de pessoas que desenvolveram a doença também tiveram uma queda. Ano passado foram 361 e no ano anterior 373. Desde quando foi detectado a primeira notificação de Aids em 1986 a 2017, a Sesau registrou 6.394 casos da doença no estado. Já os casos de infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV), quando a doença ainda não se manifestou, subiram de 680 em 2016 para 791 em 2017. INFECTOLOGISTA Para o infectologista Fernando Andrade, as pessoas estão perdendo o medo de contrair a doença. “O sucesso do tratamento, que permite uma expectativa de vida dos pacientes com Aids igual à de quem não tem HIV, está fazendo muitas pessoas acreditarem que já existe cura, mas não há. O tratamento é supressivo, quer dizer, controla a doença, mas não a cura. Muitas pessoas estão deixando a prevenção de lado, estão usando menos preservativo, trocando mais frequentemente de parceiro sexual, tendo mais parceiros”, ressalta o infectologista. [caption id="attachment_66620" align="alignright" width="283"] Infectologista diz que as pessoas estão perdendo medo de contrair a doença e salienta que ainda não existe cura (Foto: Sandro Lima)[/caption] Ainda segundo Andrade, algumas pessoas acreditam também que a Profilaxia Pós-Exposição (PEP) resolve tudo. “A PEP é para ser usada em casos excepcionais, não para ser usada rotineiramente”, explica. De acordo com o infectologista, com o tratamento atual, os pacientes não desenvolvem a doença. “Mas quem não toma os medicamentos começa a manifestar a doença entre cinco e 10 anos”. Sesau distribui por mês 500 mil preservativos Segundo a Sesau, a campanha contra a doença é permanente e tem o objetivo de conscientizar as pessoas para que elas comecem a se enxergar como vulneráveis ao HIV, pois o vírus passa a se espalhar de forma geral. A campanha de prevenção das IST/Aids e Hepatites Virais 2018 já começou  e, segundo o órgão, o público alvo são os jovens e as gestantes. Para que os números da doença continuem caindo, este ano, a Sesau vem distribuindo entre 450.00 e 500.000 mil preservativos por mês em todo o estado e 216.000 nos locais dos totens localizados no Shopping Miramar, Shopping Maceió, Shopping Pátio, Terminal VLT e Terminal Rodoviário João Paulo II em Maceió e em Arapiraca no Garden Shopping. Além da distribuição de camisinhas, a campanha conta com o aplicativo ‘Aqui tem Camisinha’ para orientar sobre os meios de prevenção e de retiradas de preservativos. O aplicativo também indica os locais disponíveis para fazer a PEP e o teste rápido de HIV, além dos outros serviços oferecidos na área. DOLUTEGRAVIR Atualmente, o Sistema Único de Saúde (Sus) disponibiliza às pessoas vivendo com HIV o medicamento  dolutegravir, considerado como o melhor tratamento contra o HIV/Aids no mundo. Cerca de 300 mil pacientes portadores do vírus no país receberão o tratamento este ano. De acordo com o Ministério da Saúde (MS), o novo medicamento apresenta um nível muito baixo de eventos adversos, o que é importante para os pacientes que devem tomar o medicamento todos os dias, para o resto da vida. Cerca de 830 mil pessoas vivem com o vírus no Brasil Atualmente, cerca de 830 mil pessoas vivem com o HIV. De acordo com o Boletim Epidemiológico de HIV e Aids divulgado no final do ano passado pelo Ministério da Saúde (MS), a epidemia no Brasil está estabilizada, com taxa de detecção de casos de Aids em torno de 18,5 casos a cada 100 mil habitantes, em 2016. Isso representa 40,9 mil casos novos, em média, nos últimos cinco anos. Segundo o MS, o país apresentou, em 2016, queda de 5,2% dos casos de taxa de detecção de Aids em relação a 2015, com 18,5 registros para cada grupo de 100 mil habitantes em relação a 2015 (19,5 casos). Já a mortalidade apresenta redução desde 2014, passando de 5,7 óbitos por 100 mil habitantes em 2014 para 5,2 casos, em 2016. Em relação à faixa etária, a taxa de detecção quase triplicou entre os homens de 15 a 19 anos, passando de 2,4 casos por 100 mil habitantes em 2006 para 6,7 casos em 2016. Já nas mulheres, houve aumento da doença entre 15 a 19 anos passou de 3,6 casos para 4,1. De acordo com pesquisa do MS divulgada em dezembro de 2017, os jovens são os que menos usam preservativos.  Já a Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (Pense), realizada nas escolas de todo o país com adolescentes de 13 a 17 anos, reforça ainda mais esse cenário: 35,6% dos alunos não usaram preservativos em sua primeira relação sexual. O mesmo estudo aponta que, quanto mais jovem, menor é o uso da camisinha. Enquanto 31,8% dos jovens de 16 e 17 anos não usaram preservativos em sua primeira relação sexual, esse índice sobe para mais de 40% entre os jovens de 13 a 15 anos. O hábito de não usar camisinha tem impacto direto no aumento de casos de e Aids entre os jovens. No Brasil, a epidemia avança na faixa etária de 20 a 24 anos, na qual a taxa de detecção subiu de 14,9 casos por 100 mil habitantes em 2006 para 22,2 casos em 2016. (Com assessoria)