Saúde
Enfermeira recebe comenda em AL por serviços prestados à saúde do trabalhador
Lea Cynthia Barros Calheiros é a única enfermeira alagoana a receber a condecoração e a quarta no Brasil
A especialização em Enfermagem do Trabalho pode ser uma novidade para muitos, sobretudo para aqueles que estão fora da área da saúde, mas para quem acompanha e atende desde cedo às necessidades deste segmento, em diferentes ambientes e níveis de atenção, bem como promove a qualidade de vida onde atua, sabe bem do seu papel social como gestor e como referência das ações nos níveis privados e públicos.
Em Alagoas, pensar em Saúde do Trabalhador vem logo em mente como destaque, a enfermeira Lea Cynthia Barros Calheiros, considerada um marco nesta área. Ela está há mais de 30 anos neste segmento e coleciona vitórias ao longo do caminho, entre elas, uma comenda de honra ao mérito de Segurança e Saúde no Trabalho (SST), em reconhecimento pelos significantes serviços prestados por mais de três décadas ao setor, em prol da causa prevencionista. Isso mesmo, Lea é a única enfermeira alagoana a receber esta condecoração e a quarta no Brasil. O evento ocorreu em 2011.
A enfermeira traz na bagagem um vasto currículo, atualmente é representante da Anent – Associação Nacional de Enfermagem do Trabalho seccional Alagoas, Superintendente da Cooperativa de Enfermagem de Alagoas (Coopeal), representante das cooperativas do ramo de saúde em Alagoas e das cooperativas de enfermagem no Brasil. Além de coordenar e lecionar no curso de especialização de Enfermagem do Trabalho na Escola Santa Bárbara, em Maceió e na disciplina de saúde coletiva. Representa a categoria da Enfermagem na Comissão Intersetorial de Saúde do Trabalhador - CIST
Lea também fez parte da diretoria do Sindicato dos Enfermeiros de Alagoas (Sineal) na década de 90, entre 1994 a 1998. Com orgulho diz ministrar palestras voltadas para o trabalhador em Sipat's (Semana Interna de Prevenção de Acidentes), como também em diversas empresas com ênfase em primeiros socorros, do mesmo modo, em assuntos relacionados à saúde do homem e da mulher.
ENCANTAMENTO
A enfermeira contou que seu encantamento pelo cuidar começou ainda criança, quando ela auxiliava no zelo pelos quatro irmãos mais novos, no auge dos seus 6 anos de idade; desde então, aquela garotinha tomou gosto e não parou mais. Segundo Lea Cynthia, o ritmo ficou ainda mais intenso com a chegada dos sobrinhos, posteriormente aos 18 anos quando se casou e vieram os três filhos. Aos 23 anos prestou vestibular para o curso de enfermagem.
(Foto: Ascom / Sineal)
“Fiquei maravilhada com a Saúde do Trabalhador ainda na época de estágio, de lá para cá, não parei mais. Amo o que faço e a arte do cuidar me emociona. Trabalhei na área de Saúde do Trabalhador desde a antiga Telasa, atuava sem especialização, até que em 1991 foi criado o primeiro curso de pós-graduação na Universidade Federal de Alagoas (Ufal) por intermédio da professora Regina Santos”, lembrou.
Durante toda a sua vida acadêmica, ela foi estagiária do serviço de saúde ocupacional e considera a antiga Telasa, em Maceió, uma grande escola. “Foi um verdadeiro aprendizado ter sido estagiária desta empresa, onde desenvolvia atividades da enfermagem do trabalho, lá tive a oportunidade de ter o primeiro emprego contratada como enfermeira assim que terminei a graduação”, contou.
Lea terminou o curso de enfermagem em 1985 e fez a pós-graduação em 1991, da qual, integrou a primeira turma de especialização na Ufal. “Fui pioneira. Foi uma batalha para conseguir formar a primeira turma, mas junto com a colega Zélia Lessa, a especialização saiu. Não bastava apenas a prática tinha que ter o certificado”, ressaltou.
MERCADO DE TRABALHO
A especialista e comendadora fez um breve discurso sobre a situação atual da área de saúde do trabalhador em Alagoas, seus investimentos e políticas públicas no Estado.
Conforme Lea, em Alagoas as principais empresas que contratam enfermeiro do trabalho são as usinas e hospitais, destacando que a função do enfermeiro do trabalho é compor a equipe de saúde ocupacional e desenvolver atividades, no sentido de prevenir doenças ligadas a ocupação específica de cada função. Ela explicou que cada empresa tem suas particularidades, de acordo com a área de atuação. Há também cuidados importantes a serem pontuados no que diz respeito à epidemiologia.
A especialista diz que hoje tem enfermeiro do trabalho sobrando no mercado, porém em meados dos anos 90 não tinha profissional para a área específica pela falta de interesse da classe. “Fóruns que debatem o exercício da profissão destacam a contratação de enfermeiro do trabalho, contudo lamenta que o número de trabalhadores precise ser superior a 3.501 para que haja um enfermeiro atuando na enfermagem do trabalho”, mencionou.
Em Alagoas, por exemplo, Lea coloca que são pouquíssimas as empresas que tenham este montante de funcionários. “Nestes 30 anos de carreira venho batendo na tecla de que as empresas são obrigadas a contratar com apenas esse número de 3.501, mas nada impede que haja um enfermeiro do trabalho”, observou.
Ela afirma que existe um desentendimento entre a lei do exercício e a lei trabalhista, tendo em vista, que uma empresa tem obrigação de contratar um técnico de enfermagem a cada 501 funcionários, porém existe na legislação que esse auxiliar deve ser supervisionado por um enfermeiro. “É complexo, estão tentando adequar com Ministério do Trabalho e Conselho Federal de Enfermagem, porque não tem como o nível médio chegar numa empresa antes do nível superior”, defendeu.
POLÍTICAS PÚBLICAS
Lea aponta que há políticas públicas adequadas com bons programas e legislação específica pautada na saúde do trabalhador. Cita a Norma Regulamentadora NR 32, que trata do trabalhador da saúde, “nós somos o único país do mundo que tem uma norma para cuidar do trabalhador. Porém com dificuldades de se colocar em prática, porque quem coordena e trabalha são seres humanos e nem todos seguem a risca, um grande exemplo é o uso de jaleco na rua, o que é proibido”. “Sempre digo para meus alunos que jaleco não é bolsa, depois vai para dentro de um hospital cuidar do paciente, em seguida sai do hospital contaminado e contamina os locais externos por onde passa; então a NR 32 proíbe esta prática, entre outras situações, como adornos, sapatos abertos, etc”.
Um dos maiores avanços para a enfermeira no que se refere às questões trabalhistas foi a redução do assédio moral. “Não havia direito a voz ativa, e hoje, já se sabe a quem reclamar. Bem como a informatização para a melhor qualidade do trabalho”, frisou.
MUSEU FLORENCE NIGHTINGALE
Na ocasião, Léa Calheiros não escondeu a emoção ao falar do sonho de conhecer o Museu Florence Nightingale, em Londres há alguns meses. “Me marcou muito a oportunidade de realizar este anseio. E principalmente no Dia Internacional da Enfermagem e aniversário dela. Foi marcante e surpreendente”, disse.
CURIOSIDADE
Florence Nightingale foi uma enfermeira britânica que ficou famosa por ser pioneira no tratamento a feridos de guerra, durante a Guerra da Crimeia. Ficou conhecida na história pelo apelido de "A dama da lâmpada", pelo fato de servir-se deste instrumento para auxiliar na iluminação ao auxiliar os feridos durante a noite.
Sua contribuição à Enfermagem, sendo pioneira na utilização do modelo biomédico, baseando-se na medicina praticada pelos médicos. Florence, uma anglicana, acreditava que Deus a havia chamado para ser enfermeira.
Também contribuiu no campo da Estatística, sendo pioneira na utilização de métodos de representação visual de informações, como, por exemplo, gráfico setorial (habitualmente conhecido como gráfico do tipo "pizza") criado inicialmente por William Playfair.
Nightingale lançou as bases da enfermagem profissional com a criação, em 1860, de sua escola de enfermagem no Hospital St Thomas, em Londres, a primeira escola secular de enfermagem do mundo, agora parte do King's College de Londres. O Juramento Nightingale feito pelos novos enfermeiros foi nomeado em sua honra, e o Dia Internacional da Enfermagem (12 de maio) é comemorado no mundo inteiro no seu aniversário.
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