Saúde

Número de jovens e crianças com diabetes cresce, alerta pediatra do HGE

Dados do Ministério da Saúde apontam que 30% dos jovens consomem doces em demasia

Por Agência Alagoas 28/05/2017 16h34
Número de jovens e crianças com diabetes cresce, alerta pediatra do HGE
Reprodução - Foto: Assessoria

Ela tem cinco anos de idade. Sempre foi uma criança ativa, brincalhona, mas, repentinamente, passou a ficar mais quieta, reservada e a sentir muita sede e urinar bastante. Resultado, Cíntia Meyriele de Moura foi diagnosticada com diabetes ao ser internada no Hospital Geral do Estado (HGE).

Na idade infantil e adolescência o tipo de diabetes mais comum é a tipo 1. A doença surge quando o organismo deixa de produzir insulina ou produz apenas uma quantidade pequena. Por isso, é preciso utilizar a insulina para viver e se manter saudável. São necessárias injeções diárias do hormônio para regularizar o metabolismo da glicose.

A pediatra Ana Carolina Ruela explicou que o diabetes infantil se manifesta de repente e os principais sintomas são muita sede, urina em excesso, perda de peso sem explicação e fome excessiva. “A criança pode ficar desidratada. Quando o organismo não consegue mais compensar essas perdas, surgem os vômitos, o quadro se agrava, acontecendo a cetoacidose diabética, quando a glicose está descompensada e, geralmente, acontece o diagnóstico neste momento” advertiu.

Foi o que aconteceu com Cíntia Meyriele. Sua mãe, Maria Selma de Moura recorda que, ao perceber os sintomas na filha, correu para o hospital mais próximo da região onde moram, em União dos Palmares. Por não conseguirem baixar a glicose da criança, que passava de 400 mg/dl, encaminharam-na para o HGE, onde recebeu todos os cuidados necessários.

(Foto: Agência Alagoas)

Doces e refrigerantes

No entanto, muitos jovens também vêm desenvolvendo a diabetes tipo 2, que é mais comum em adultos com sobrepeso. Dados do Ministério da Saúde (MS) apontam que 30% dos jovens consomem doces em demasia.

“Ela vem atingindo os mais jovens, principalmente devido à má alimentação associada a uma síndrome metabólica, relacionada a aumento de peso, aumento de colesterol e triglicerídeos, aumento de glicemia, hipertensão, entre outros”, relatou a pediatra, lembrando que o início da diabetes tipo 1 não tem relação com alimentação.

De acordo com a médica, entre os principais fatores de risco para o diabetes tipo 1 está o fator genético e para o diabetes tipo 2, os maus hábitos alimentares e o sedentarismo. “Também tem o fator genético, mas em geral, os outros fatores se sobressaem. A ausência ou pouco tempo do aleitamento materno também pode desencadear uma diabetes no futuro”, enfatizou a especialista.

A educação dos pais com relação à alimentação é fundamental, através de uma orientação nutricional adequada, relatou a pediatra. “Resistir à tentação das guloseimas e refrigerantes não é uma tarefa fácil, mas quando se trata de crianças portadoras de diabetes, pais e professores precisam ficar atentos, pois a doença exige rigoroso controle dos hábitos alimentares”.

Para Ana Carolina, a diabetes, principalmente a tipo 2, vem atingindo mais os jovens, porque essa geração é muito sedentária. “Eles passam muito tempo em celulares, tablets. A alimentação, em geral, é pobre em fibras e rica em carboidratos, gordura e sódio”, comentou.

A médica lembrou que o diabetes não tratado pode levar a morte. “A criança que tem diabetes tipo 1 deve seguir uma dieta restrita e fazer uso contínuo da insulina como parte do tratamento. No caso da diabetes tipo 2, inicialmente, o tratamento pode se dividir em dieta, atividade física e perda de peso. Quando não há mudança usamos os medicamentos”, disse Ana Carolina.

Dieta, atividade física e medicação

A atividade física é um dos pilares do tratamento, que inclui ainda, a dieta e a medicação, de acordo com a pediatra. O exercício físico reduz o índice glicêmico e estimula a resposta do tecido gorduroso. “O individuo diabético deve fazer atividade física diariamente. No caso das crianças, por já serem mais ativas, as brincadeiras já fazem um bom efeito”, salientou a médica, ao acrescentar que, entre as consequências do diabetes tratado, mas, mal controlado, estão as neuropatias, as doenças coronarianas, a insuficiência renal, a hipertensão, o pé diabético e doenças relacionadas à retina.