Saúde

De 2016 a 2017, mais de 5 mil deixam operadoras de plano de saúde em Alagoas

Foram registrados 400.472 usuários este ano contra 406.166 em 2016

Por Tribuna Independente 23/03/2017 10h19
De 2016 a 2017, mais de 5 mil deixam operadoras de plano de saúde em Alagoas
Reprodução - Foto: Assessoria

O agravamento da crise econômica do ano passado para cá traz consequências também para o atendimento em saúde da população, apontam os dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Este ano, Alagoas registrou 5.694 usuários de planos de saúde a menos, em relação ao mesmo período de 2016.

Em 2015, Alagoas tinha 397.020 beneficiários de planos de saúde. Já no mesmo período do ano seguinte, houve aumento neste número que passou para 406.166 beneficiários. Já em fevereiro deste ano, foram registrados 400.472 usuários.

No Brasil a queda foi ainda mais acentuada, em 2017, mais de 1,3 milhão de pessoas perderam o benefício em comparação ao ano anterior.

Optar por manter ou não o plano associado ao fator desemprego tem sido o dilema de Elaine Bispo, 36 anos.

De licença maternidade, ela, que é auxiliar administrativo, recebeu a notícia que a empresa na qual trabalha irá fechar as portas.

Como considera o plano de saúde uma prioridade, Elaine vai tentar manter o benefício, mesmo desempregada.

“Estou no quarto mês de licença da minha filha Bianca. No mês passado me ligaram dizendo que a empresa ia fechar, aí vou terminar a licença, tirar um mês de férias e nem volto a trabalhar. Mas não vou ficar sem o plano. Vou continuar pagando porque é importante. Não dá para depender do SUS [Sistema Único de Saúde]”, revela.

Elaine vai se beneficiar da Lei 9.656/98 que permite a continuidade da cobertura do plano empresa, desde que o funcionário não tenha sido demitido por justa causa. A depender do tempo que passou empregado, o benefício pode durar de seis meses a dois anos.

FUGINDO DO SUS

Apesar de utilizar unidades públicas de saúde para vacinação, a dona de casa Júlia Azevedo afirma que faz de tudo para não precisar do SUS.

Ter um plano de saúde, para ela, é essencial. Ela explica que o acesso à rede privada ajuda no momento da necessidade.

Júlia e a família tinham plano de saúde, mas precisaram cancelar porque se mudaram para Alagoas. No entanto, Júlia garantiu que o filho Paulo Junior, de 2 anos, tivesse um para não depender exclusivamente do SUS.

“Ainda estou me adaptando aqui e não fiz o meu, mas vou fazer. Estou me organizando para fazer o meu e do meu marido. O plano de saúde para mim está entre as prioridades,  mesmo que eu passe por aperto financeiro vou fazer de tudo para continuar, por conta das dificuldades de atendimento do SUS”, diz Júlia.

Redução do número de usuários é decorrente da crise, diz economista

O economista Silvio Costa considera que o cenário econômico nacional tem sofrido ‘piora de modo geral’, o que justifica essa queda.

“Piorou de um modo geral. Várias empresas, o comércio de um modo geral, onde as pessoas tem plano através de plano empresa. Isso é um fator que agrava mais ainda essa redução”, afirma.

Para Costa, o panorama é difícil em relação à capacidade de pagamento das famílias que passam pelo desemprego.

Somado a isso, o aumento das tarifas dos planos de saúde, desproporcional à evolução do salário mínimo, contribui para a redução no número de usuários.

“A crise se agravou do ano passado para cá. Com o desemprego, as famílias não têm como pagar. Por outro lado, os aumentos dos planos foram maiores que as rendas e realmente ficam sem condição de pagar. Às vezes tem um plano com uma série de vantagens e começa a mudança. A pessoa muda de categoria de plano. Sai de apartamento para enfermaria, de forma que continue pagando o plano, só que mais básico. O segundo quadro decorrente disso é deixar de pagar, se tornam adimplentes e são excluídos. Pode acontecer também de o usuário se desligar do plano por não ter capacidade de pagamento, isso é a grande realidade”, garante o economista.