Saúde

Número de doadores efeitvos de órgãos cresce 3% no Brasil

A recusa por parte das famílias ainda é muito elevada, 43%. O percentual é perigoso e reflete a falta de informação que ainda cerca o tema.

Por Assessoria 20/03/2017 08h23
Número de doadores efeitvos de órgãos cresce 3% no Brasil
Reprodução - Foto: Assessoria

Levantamento da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO) em conjunto com o Ministério da Saúde atesta aumento de 3,5% na taxa de doadores efetivos, em 2016. Apesar do acréscimo, índice ainda está 3,4% abaixo do objetivo do ano. Ao analisar estados separadamente, conclui-se que nenhum da Região Sudeste alcançou a meta proposta – inclusive, o Rio de Janeiro apresentou queda de 26,2% em transplantes renais e 16,9% em hepáticos.

“A recusa por parte das famílias ainda é muito elevada, 43%. O percentual é perigoso e reflete a falta de informação que ainda cerca o tema. Políticas de conscientização devem ser colocadas em prática a fim de desmitificar o procedimento, além de evidenciar que é feito de íntegra”, avalia Clovis Klock, presidente da Sociedade Brasileira de Patologia (SBP).

Não existem mecanismos na legislação brasileira que garantam a vontade do falecido, por mais que ele tenha deixado sua intenção expressa em qualquer meio, como registrada em cartório. Quem dá a palavra final são os familiares, assim uma conversa franca é a melhor ferramenta para um doador garantir que seus órgãos possam salvar vidas.

A autorização por parte da família teve melhor incidência no Paraná, onde apenas 33% dos familiares consultados impediram a doação; na contramão, Roraima e Acre registraram índice de rejeição superior a 75%. Ainda, o estudo apontou forte resistência de pacientes idosos (idade igual o superior a 65 anos), considerados como potenciais doadores – entre eles, a taxa de doadores é de somente 11%. Dentre os estados que mais se destacaram na doação de órgãos, Santa Catarina lidera a lista, com aumento de 22%, representando 36,8 doadores por milhão de população (pmp). Apesar da queda de 9,5%, o Distrito Federal é o terceiro mais bem colocado nesse ranking, com 25,7 pmp.

Klock lamenta, contudo, a disparidade entre regiões do Brasil, concentrando 30,1 doadores pmp no Sul e somente 3,5 no Norte. “Esta centralização prejudica o serviço nessas áreas do País, afetando pacientes que aguardam na fila de espera”, atesta. Roraima, Tocantins, Mato Grosso e Amapá não registraram nenhuma doação de órgãos em 2016.

Transplantes Em todo o País, houve queda nos transplantes renais; contudo, os casos de hepático, cardíaco, pulmonar e pancreático aumentaram significativamente. De acordo com o documento, os transplantes de rim caíram em decorrência da diminuição de 2,4% da realização do procedimento com doadores mortos: neste caso, São Paulo está no topo da lista, com 2.049 transplantes; apesar do Rio de Janeiro ter diminuição de 26,2%, ainda está entre os melhores resultados do Brasil, em quinto lugar.

Segundo o presidente da SBP, o aumento geral do número de transplantes efetivados segue a tendência dos últimos anos, mas ainda há um longo caminho para atingir os parâmetros ideais. “Olhando para o cenário geral, temos avanço positivo. Porém ainda precisamos amadurecer muito, visando atender mais pacientes e, principalmente, fora do polo formado pelo Sul e Sudeste. Há desafios que precisam ser estudados para que aumentemos o número de doadores efetivos e de transplantes”, pondera.

Dados de dezembro de 2016 apontam haver mais de 34 mil pessoas na fila de espera do País. A maior é para rim, com número aproximado de 21 mil, seguida da córnea, com superior a 10 mil.

Garantindo o transplanteO presidente da SBP explica que um órgão se torna inviável para transplante em casos de parada cardíaca do doador, antecedente de alguns tipos de câncer, determinados tipos de infecção e tempo sem circulação sanguínea. Essas condições fazem o tecido do órgão deteriorar-se e sua função ser prejudicada. A biópsia realizada pelo médico patologista, junto com outros exames, fornece as informações sobre a extensão do acometimento do órgão.

“Após um transplante, muitas vezes é necessário seguir com biópsias complementares. Esse exame, analisado por um patologista, consegue avaliar o bom funcionamento do órgão transplantado e a boa preservação tecidual pela vascularização adequada, além da presença ou ausência de alterações sugestivas de rejeição do transplante”, finaliza Klock.

Sobre a SBPFundada em 1954, a Sociedade Brasileira de Patologia (SBP) atua na defesa da atuação profissional dos patologistas, oferecendo oportunidades de atualização e encontros para o desenvolvimento da especialidade. Desde sua instituição, a SBP tem realizado cursos, congressos e eventos com o objetivo de elevar o nível de qualificação desses profissionais.