Saúde

Ampliação de testes rápidos de HIV aumenta diagnósticos de Aids

Noventa e oito municípios do Estado estão capacitados para fazer o exame, facilitando o acesso da população

Por Agência Alagoas 10/12/2016 15h46
Ampliação de testes rápidos de HIV aumenta diagnósticos de Aids
Reprodução - Foto: Assessoria

O diagnóstico precoce é essencial para o tratamento e a cura de qualquer tipo de doença. Com o HIV não é diferente, mesmo não existindo uma cura para a Aids – doença que pode ser adquirida pelo contagio do vírus HIV -, o paciente sabendo que é soropositivo pode iniciar o tratamento no momento. Dessa forma, pode retardar a evolução da doença e ter uma qualidade de vida melhor.

Em especial, as gestantes que possuem o vírus, que se forem tratadas e orientadas corretamente durante as etapas do pré-natal, as chances da criança nascer livre do vírus chega a 99%.

Para ampliar o acesso ao diagnóstico precoce do vírus HIV, o Ministério da Saúde (MS), desde 2005, implantou na rede de atenção básica de cada município do país o teste rápido que por ser um dispositivo simples não necessita de uma estrutura laboratorial ou de uma equipe multiprofissional para realizar o exame nos pacientes.

“O teste rápido pode ser feito por qualquer profissional da área de saúde capacitado a partir de uma gota de sangue da ponta do dedo do paciente, com o resultado sendo entregue em até 30 minutos. Diferente dos exames laboratoriais que precisam ser feitos por profissionais especializados e com máquinas específicas, além da ‘demora’ em obter o resultado que pode levar até 15 dias”, explicou Scheila Cristina dos Anjos, técnica do programa estadual DST/Aids da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau).

 

A técnica ainda ressalta que caso seja necessário fazer os exames em laboratório os pacientes do SUS em Alagoas só tem a disposição o Lacen. “Por serem mais práticos, os testes rápidos são mais aconselháveis, principalmente, para a população que reside no interior do estado e não possui condições de se deslocar para a capital e realizar o exame laboratorial no Lacen ou em clinicas particulares”, salientou.

Tratamento

Quando um paciente é diagnosticado com Aids ele é encaminhado para um dos Centros de Testagem e Aconselhamento (CTAs) - unidades de referência no tratamento da doença.

Durante o tratamento o paciente é submetido a terapia antirretroviral (ART), prolongando e dando uma melhor qualidade de vidas para muitas pessoas contaminadas pelo HIV e diminuindo as chances de transmissão do vírus. Com o diagnóstico precoce o paciente com HIV sendo tratado antes do avanço da doença pode ter uma expectativa de vida igual a de uma pessoa que não possui o vírus.

Em Alagoas existem seis CTAs, uma na cidade de Arapiraca, uma em Delmiro Gouveia, uma em União dos Palmares e três na capital que são o PAM Salgadinho, o Hospital Escola Hélvio Auto e o Hospital Universitário Professor Alberto Antunes (HUPAA).

Meta 90-90-90

Até o ano de 2020 a UNAIDS - Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids – traçou uma meta para o tratamento da doença em todo o mundo: 90% das pessoas com vírus estejam diagnosticadas; destas, que 90% estejam em tratamento; e, 90% das pessoas em tratamento, apresentem carga viral indetectável.

Esse é o caso da jovem de 25 anos S.C.F que vivia em situação de rua e usuária de álcool e drogas desde os oito anos de idade, até que foi “resgatada” pela equipe dos Anjos da Paz da Secretaria de Estado de Prevenção à Violência (Seprev) e encaminhada para uma instituição que cuida de dependentes químicos após fazer diversos exames, e entre eles foi preciso fazer o teste rápido de HIV.

“Quando os Anjos da Paz me tiraram das ruas, tive que fazer vários exames para iniciar o tratamento e me livrar das drogas. Foi nesse momento que descobri ser portadora do vírus HIV e sífilis, por causa da minha vida passada ligada à prostituição”, disse S.C.F.

A jovem iniciou o tratamento em março deste ano e começou a tomar a medicação no CTA do HUPAA. “Por meio da Seprev consegui todos os meus documentos e pude dar entrada nos serviços do Hospital Universitário, e agora depois de sete meses do início do tratamento os médicos já disseram que a carga viral está controlada”.

A jovem diz que agora tem uma nova oportunidade de vida e que no HU e na instituição onde mora desde que foi encaminhada pela Seprev, encontrou um ambiente caloroso e acolhedor.

“Durante todo o tratamento tenho recebido muito carinho da equipe médica e de todos da casa onde moro, diferente da forma que era com a minha família, onde minha mãe e meu irmão são dependentes químicos”, disse SCF.

Casos

A ampliação do acesso da população a esse tipo de exame e com as capacitações sendo feitas pela Sesau, os números de testes rápidos aumentaram consideravelmente de 2015 para 2016. No ano passado foram realizadas 160.190 testagens e em 2016 (até o mês de outubro) já foram feitos 154.405 exames para a detecção do vírus HIV.

“Em Alagoas, existem 98 municípios com profissionais de saúde – médicos e enfermeiros - capacitados a realizar o teste rápido para a detecção do vírus HIV, 90 destas cidades já estão fazendo os exames nas Unidades Básicas de Saúde e os 4 municípios descobertos já estão em fase de capacitação e implementação para a cobertura em Alagoas ser de 100% para o teste de HIV”, informou Scheila dos Anjos.

Segundo estimativas feitas pelo UNAIDS - Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids - com base nos dados fornecidos em março de 2016, o número de pessoas vivendo com HIV no país é de 830 mil casos.

Mortalidade – De acordo com os dados do boletim epidemiológico HIV/Aids publicado pelo Ministério da Saúde, desde 1980 – quando a doença foi classificada como uma epidemia - até dezembro de 2014 ocorreram 290.929 mortes causas pela Aids no Brasil.

E segundo o Sistema de Informação de Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde, 15 mil pessoas morrem todos os anos por causas de doenças oportunista relacionadas à Aids, já que o vírus HIV ataca as células de defesa do organismo fazendo com que o corpo do soropositivo fique mais vulnerável a resfriados, gripes ou problemas intestinais que podem evoluir para uma doença mais grave.