A Sala Ipioca do Centro Cultural e de Exposições Ruth Cardoso, em Maceió, ficou pequena para a solenidade em que a patronesse da 11ª Bienal Internacional do Livro de Alagoas, Mãe Neide Oyá d’Oxum, lançou seu segundo livro publicado pela Imprensa Oficial Graciliano Ramos. Realizada na noite do último sábado, a cerimônia representou um importante marco na construção de uma sociedade mais inclusiva.

Com “Diário de uma mãe de santo”, Maria Neide Martins, a Mãe Neide, faz uma retrospectiva não só de sua caminhada espiritual, mas também de sua rica trajetória enquanto mulher negra e quilombola.

“Estou muito feliz com o lançamento de mais esse livro. Foi uma verdadeira terapia. E a palavra cura é a que melhor define ‘Diário de uma mãe de santo’. Porque nós mães de santo sempre estamos prontas para acolher quem mais precisa. Mas e quando nós é que precisamos de acolhimento? Então, o livro também serviu para me trazer ainda mais força nas batalhas do dia a dia”, afirmou a escritora.

Patrimônio Vivo de Alagoas, Mãe Neide disse esperar que o livro inspire outras pessoas a contarem suas histórias, ‘porque não podemos permitir que sempre falem sobre nós’.

“Precisamos fazer com que as pessoas conheçam verdadeiramente a nossa história, para que sejamos vistos da maneira como somos de fato, sem enviesamento. E este é o propósito deste livro: mostrar a rotina de uma mãe de santo, que vive como qualquer outra mulher, que ‘mata um leão por dia’ e que luta contra a intolerância. A diferença, se é que existe, é que somos mães da diversidade, porque abraçamos, inclusive, quem não se identifica com nossa religião”, emendou Mãe Neide.

A também autora de “Wa Jeun: sabores ancestrais afro-indígenas” reforça que o leitor de seu novo livro terá a oportunidade de ressignificar a palavra amor. “O amor não tem cor ou gênero. Porque amor é igualdade. É ter esse olhar mais fraterno diante do diferente, para que saibamos, de uma vez por todas, que somos todos filhos do mesmo criador”, avaliou a yalorixá, destacando, ainda, o apoio do Governo de Alagoas, por meio da Imprensa Oficial.

“A Imprensa [Oficial] já vem publicando, há algum tempo, a história de resistência do povo negro, e isso é muito importante, para que possamos ampliar discussões como a oferta de ensino da cultura afro na educação básica, por exemplo. Afinal, somos silenciados desde 1912, com a Quebra de Xangô [um dos maiores atos de violência religiosa do país]. Portanto, cada janelinha de oportunidade que nos surge é sempre louvável, porque Alagoas não é somente a terra dos Marechais. É, principalmente, a terra da liberdade, de Zumbi, Dandara e Aqualtune”, ressaltou a também premiada chef de cozinha.

Diretor-presidente da Imprensa Oficial Graciliano Ramos, Mauricio Bugarim também prestigiou a solenidade, agradecendo à escritora pela confiança.

“O segundo livro de Mãe Neide publicado pela Imprensa Oficial demonstra o compromisso do governador Paulo Dantas com a diversidade, com a valorização da cultura afro-brasileira. Não à toa, na abertura da Bienal, lançamos também a obra ‘Orgulho LGBTQIAPN+’, que tem o secretário de Estado dos Direitos Humanos, Marcelo Nascimento, como um dos organizadores. Esse, portanto, é outro livro que está disponível em nosso estande e que também versa sobre inclusão e combate ao preconceito”, afirmou Bugarim.

A Bienal Internacional do Livro de Alagoas segue até domingo (09), e a Imprensa Oficial Graciliano Ramos participa com uma vasta programação, incluindo rodas de conversa com autores consagrados. Para conferir a programação completa, basta acessar o site da Imprensa Oficial: www.imprensaoficial.al.gov.br.