Roteiro cultural

Governo de Alagoas terá 20 estandes e Espaço Recreação na Bienal do Livro

Projeto cenográfico promete unir tradição e contemporaneidade, destacando todo o simbolismo da cultura afro-brasileira, tema da edição deste ano

Por Bruno Soriano / Ascom Imprensa Oficial 26/08/2025 11h43 - Atualizado em 26/08/2025 11h49
Governo de Alagoas terá 20 estandes e Espaço Recreação na Bienal do Livro
Projeto assinado pela arquiteta Mirna Porto vai transformar o Centro de Convenções de Maceió em um grande quilombo - Foto: Assessoria

A 11ª Bienal Internacional do Livro de Alagoas se aproxima e, com ela, a expectativa em torno de sua vasta programação, com direito à contação de histórias, mesas-redondas, palestras, lançamentos de livros, exposições temáticas e apresentações artísticas. Tudo isso em um amplo espaço de integração entre autores, livreiros, estudantes e público em geral.

E este ano, o Governo de Alagoas terá participação especial. Serão 20 estandes de várias secretarias, dispostos no Centro Cultural e de Exposições Ruth Cardoso, em Maceió, sendo três deles destinados à Imprensa Oficial Graciliano Ramos. Destaque para o Espaço Recreação, formado por estandes que vão concentrar diversos serviços, abrigando, inicialmente, quatro órgãos do Governo de Alagoas: Secretaria da Primeira Infância (Secria), Secretaria de Esporte, Lazer e Juventude (Selaj), Departamento Estadual de Trânsito (Detran) e Agência Reguladora de Serviços Públicos (Arsal).

A ambientação, inclusive, será uma atração à parte, proporcionando aos visitantes uma experiência única, como atesta a arquiteta e urbanista Mirna Porto, que mais uma vez assina o projeto de cenografia da Bienal.

O projeto promete unir tradição e contemporaneidade, destacando todo o simbolismo da cultura afro-brasileira, tema desta edição da Bienal – que acontece entre os dias 31 de outubro e 9 de novembro. “Criamos uma atmosfera peculiar, valorizando não só cultura e natureza dos países homenageados, mas também a autenticidade de seus povos, considerando a profunda influência da história negra na formação de nossa identidade”, conta a arquiteta.

Mirna Porto: 'Criamos uma atmosfera peculiar, valorizando não só cultura e natureza dos países homenageados, mas também a autenticidade de seus povos' (Foto: Assessoria)

O baobá, por exemplo, será revestido com cordas confeccionadas em Feliz Deserto, no litoral Sul de Alagoas, como forma de homenagear as mulheres artesãs daquele município, além de reforçar a importância da conscientização ambiental. Já as folhas do baobá serão capas de livros de Graciliano Ramos. “Como o baobá absorve muita água, decidi fazer do piso um mar revolto, para que o visitante se sinta numa caravela. Ou seja, metaforicamente, ele terá de atravessar o mar para chegar ao quilombo”, explica a também produtora cultural.

Nesta Bienal, o público também vai se deparar com outras figuras representativas, a exemplo da Sankofa, imagem de um pássaro que simboliza a importância de se aprender com os erros. Totens vão contar o significado das adinkras – que expressa os valores da cultura Akan, grupo étnico da África Ocidental – fixadas no teto do Centro de Convenções, enquanto uma das praças de alimentação receberá imagens da Revolução dos Cravos (movimento militar que resultou na independência de colônias africanas de Portugal, como Angola e Moçambique).

“As adinkras estão em praticamente todos os portões de ferro que eram feitos, décadas atrás, por serralheiros que faziam uso desse conhecimento ancestral. Já a Revolução dos Cravos será lembrada não só com um grande painel de fotos. Teremos também uma praça repleta de cravos vermelhos, que, à época, foram colocadas nas pontas dos fuzis dos soldados, como forma de simbolizar o apoio da população àquele movimento”, esclarece a arquiteta.

A Bienal

Maior evento literário, cultural e artístico do estado, a Bienal Internacional do Livro de Alagoas é uma realização da Universidade Federal de Alagoas e do Governo de Alagoas. “Brasil e África: ligados culturalmente por seus ritos e raízes” é o tema da edição 2025, e a expectativa é de que o evento supere a marca de 300 mil visitantes ao longo dos 10 dias de programação.

Serão gerados 1,2 mil empregos temporários durante a Bienal, que terá 140 estandes e mais de 100 lançamentos. A expectativa é de que sejam comercializados mais de 30 mil livros, movimentando, assim, cerca de R$ 10 milhões em vendas. Além disso, o encontro vai reunir, ainda, quase 300 atividades literárias e artístico-culturais – também disponíveis no endereço eletrônico bienal.ufal.br/2025.

O tema deste ano destaca a confluência África-Brasil nos mais variados aspectos, como a língua, a literatura, a dança, a música e a culinária, entre outros costumes que contribuíram para a formação da identidade cultural do povo brasileiro. E além de celebrar os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique e São Tomé e Príncipe), a Bienal deste ano também vai homenagear Mãe Neide Oyá d’Oxum, Mãe Mirian e Pai Célio, patronesse, madrinha e padrinho do evento, respectivamente.

O objetivo, destaca Mirna, é fazer com que o visitante tenha a sensação de estar em um quilombo, com direito à réplica de baobá (árvore originária da África), tendas que lembram pirâmides e tapetes nas cores que estampam as bandeiras de várias nações africanas.

“O nosso Quilombo dos Palmares é o maior da América Latina. E ele não foi somente um refúgio para os negros. Mais que isso, tornou-se parte da história, um símbolo de resistência à opressão sofrida, inclusive, por outras etnias, a exemplo do povo indígena. Portanto, vamos não apenas destacar a luta pela liberdade, mas também reavivar a cultura afro”, avalia a cenógrafa.