Roteiro cultural
Baile da Chita: 72 anos de história e tradição
A representação cultural de uma cidade emancipada através de um evento que reúne gerações a cada edição
Se você é alagoano ou esteve pelas bandas de Alagoas no mês de julho, certamente já ouviu falar no Baile da Chita. Evento tradicional que acontece no município de Paulo Jacinto, na região da Zona da Mata, a cerca de 110 quilômetros e Maceió, desde o início da década de 50, mais precisamente em 1953, quando a cidade ainda era um povoado que pertencia a Quebrangulo.
O famoso Baile da Chita foi criado para arrecadar dinheiro e emancipar a cidade, sendo assim, mais velho que o próprio município. E neste sábado, dia 20 de julho, os paulojacintenses vão celebrar 72 anos de história e tradição. Ah, este ano com uma novidade, o evento que recebeu o título de sexto Patrimônio Cultural Imaterial e Histórico de Alagoas, em 2015, em 2024 se torna também uma marca ao ser registrado no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI).
E de acordo com diretoria do Clube Cultural Recreativo Paulojacintense (CRPJ), desde divulgação do 72º Baile da Chita, a procura por ingressos e mesas está sendo intensa. Elvis Pereira e Renato Nascimento, membros da diretoria do CRPJ e da organização do Baile da Chita, edição 2024, afirmam que praticamente todas as mesas foram vendidas e a procura e reservas por ingressos individuais são constantes.
“Seu valor histórico é imensurável para todo o povo de Paulo Jacinto. A cidade já está no clima da festa e as pousadas e restaurantes se preparando para receber os visitantes’’, falou os membros da comissão organizadora.
Para Elvis, a expectativa é de mais um ano brilhante, com casa cheia e muita animação por parte das atrações musicais e do público que se fará presente. “Salientamos que o clube conta com o apoio da Prefeitura Municipal e outros parceiros que contribuem para a realização do Tradicional Baile da Chita”.
Renato Nascimento conta que assim como nos anos anteriores, haverá homenagens a cidadãos paulojacintenses e alagoanos que de alguma forma contribuíram e contribui com a tradição. “Será uma grande surpresa durante o evento para esse pessoal, por suas contribuições com nossa cultura”.
Ainda conforme Renato, a expectativa é vender todas as 140 mesas. “Tentamos diminuir para 110, mesas, mas a procura foi grande esse ano. Com relação ao público, a gente recebeu uma visita do Corpo de Bombeiros, e infelizmente, nesta edição vai ser limitado. Será um público de 900 pessoas no máximo.
Acredito que vai ser a primeira vez esse número. A direção pensa em trabalhar com o certo e se o local comporta apenas este número, assim será, evitando algo de errado”, disse acrescentando que os ingressos individuais estão sendo vendidos por R$ 50,00, antecipadamente.
Pauta de diversas reportagens especiais na mídia local e regional, temas de Trabalhos de Conclusão de Cursos (TCC’s), o famoso baile terá como atrações a Banda Forró Maior e a Orquestra Golden Time e acontece neste sábado, dia 20, a partir das 23 horas, no Clube Cultural e Recreativo Paulojacintense.
E como todo baile que se preze, neste também existe uma rainha. E ela já foi escolhida e segue nos preparativos para receber sua faixa durante o evento. A estudante Isabelle Pereira Mendonça, 16 anos, foi à escolhida para representar a beleza paulojacintense no 72º Baile da Chita e prestar uma homenagem ao seu pai que faleceu recentemente, e era um dos apoiadores da festa.
“Foi uma honra imensa e um sonho realizado. Sempre admirei este evento tão tradicional e ser escolhida para representá-lo é um privilégio. Minha preparação tem sido intensa e muito especial. Sempre tive o desejo de participar e ser a rainha do Baile da Chita. E agora, vou realizar e fazer essa homenagem ao meu pai, ele que sempre me incentivou a seguir este caminho. O coração bate mais forte. Estou muito feliz e ansiosa para viver este momento único e especial”, falou, acrescentando que sua roupa com certeza vai seguir a tradição e terá a chita presente.
Para a mãe da rainha, Roseane Pereira, a ‘coroação’ é a realização de um sonho. “É uma felicidade imensa, pois é um sonho que vai ser realizado. Desde criança ela tinha esse desejo de um dia ser rainha desse baile tão importante para nossa história. Além disso, era um sonho que o pai dela (in memorian) sempre almejou e agora será realizado. Estamos todos felizes e somos só gratidão”.
Evento agrega outras tradições históricas e movimenta a economia da cidade
O evento surgiu após várias reuniões entre Josefa Barbosa (a idealizadora, in memorian), José Aurino de Barros (in memorian), e outros membros da comunidade, que discutiam o que fazer para pagar o advogado e emancipar o povoado que pertencia a Quebrangulo.
Nos preparativos para o primeiro baile, Josefa teve a ideia de colocar uma rainha, uma vez que o baile seria realizado após os festejos juninos, no mês de julho. A rainha era eleita através dos fundos adquiridos, a que mais arrecadasse dinheiro na venda de rifas e bingos seria a eleita.
Como uma forma de dar continuidade à tradição, a escolha da rainha ainda acontece, com algumas modificações. Como não se trata de arrecadação de dinheiro para emancipação, atualmente a escolha da rainha é feita com votos dos diretores ou associados do clube. Para participar deste momento, a jovem tem que obedecer a alguns requisitos como, por exemplo, ter idade entre 15 e 18 anos, ser natural da cidade ou morar na cidade.
Musicalidade – A música também se tornou importante. Na época, Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira estavam fazendo sucesso com a composição Propriá, que carinhosamente ficou conhecida como Rosinha de Propriá pelos paulojacintenses, por se tornar a chamada de abertura do evento. À época, Luiz Gonzaga estava de passagem pela região Nordeste e ao saber que sua música era considerada a chamada de abertura do baile, em agradecimento e por convite do senhor José Aurino de Barros, prefeito nomeado em 1953, fez questão de realizar um show na cidade já emancipada.
Até hoje a música Propriá, ainda é tocada pelas bandas e orquestras convidadas, na abertura do baile, e inclusive ganhou uma paródia cantada por artistas locais e a filha da idealizadora da festa a cantora alagoana Leureny Barros, que foi uma das primeiras rainhas.
Economia e tradição – No período da festa, a movimentação na cidade aumenta. Gerando mais renda para o comércio local. Nessa época as costureiras da cidade faturam, pois muita gente quer ir seguindo a tradição e acaba em busca das profissionais para fazer suas roupas com o tecido chita. Além de pousadas e restaurantes, quem também fatura com o baile são os pequenos comerciantes e ambulantes que acabam vendendo seus produtos nos arredores do clube.
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