Roteiro cultural
Jaraguá Folia deve arrastar mais de 60 mil pessoas e ao menos 100 blocos
Promovido pela Liga Carnavalesca, evento com desfile de blocos acontece hoje na Rua Sá e Albuquerque
Com a pandemia da Covid-19, os maceioenses têm vivido dois anos sem festejos e eventos de Carnaval, que costumavam compor seu calendário anual. Com a festa cada vez mais perto, as prévias carnavalescas na capital aquecem os foliões com frevo e alegria em mais um fim de semana.
Nesta sexta-feira (10), o Jaraguá Folia de 2023 deve levar às ruas do bairro tradicional mais de 60 mil pessoas e ao menos 100 blocos, com diversas propostas e temas. O desfile de blocos, que acontece na Rua Sá e Albuquerque, começa às 20h.
Edberto Ticianeli, diretor da Liga Carnavalesca, explicou que o evento aguarda um público acima das 60 mil pessoas, conjecturando um dos maiores desfiles da sua história.
“Pelo clima de entusiasmo demonstrado pelos diversos grupos do Jaraguá Folia, não erro em afirmar que teremos um dos maiores desfiles dos nossos 23 anos de existência. Ainda estamos recebendo a confirmação de alguns organizadores, mas esperamos mais de 100 cordões de foliões. Alguns, que não desfilavam há anos, já confirmaram presença”, afirmou.
A partir das 20h, o público vai poder dançar com show de frevo na escadaria da Associação Comercial. Já na Praça Marcílio Dias, haverá o polo Maracatu, que começa às 21h. E, encerrando a programação, às 22h, no Palco Mamãe Eu Quero, na Praça Dois Leões.
Este ano, a grande Elba Ramalho, cantora paraibana, vai ser a atração mais marcante da festividade. A artista fará um show especial na Praça Dois Leões, com previsão de subir ao palco por volta de meia-noite, após o desfile dos blocos.
Sobre a organização do evento, Ticianeli explicou que a equipe de produção é a mesma há anos e já conhece tudo o que tem que ser feito para que a festa flua sem problemas. Diferentemente dos anos anteriores, haverá um desvio dos blocos na altura da Associação Comercial, para evitar aglomeração nas proximidades da Praça Dois Leões.
“Esse ano, o cortejo termina um pouco antes da Praça Dois Leões. Vamos utilizar a rua lateral da Associação Comercial, onde foi o Banco do Brasil, para fazer a dispersão atrás deste prédio e assim permitir que todos assistam ao show da Elba Ramalho, uma realização da Prefeitura de Maceió”, explicou.
Para o diretor, além das atrações, o diferencial desta edição é a expectativa dos foliões. “A expectativa é a melhor possível. Sinto isso no contato com eles. De certa forma, tem um componente de comemoração da vida, mesmo com tantas e sentidas perdas”, disse.
Campanhas contra assédio no Carnaval oferecem ajuda e proteção a mulheres
Os blocos de Carnaval já estão nas ruas de Maceió e todo mundo corre para arrumar as fantasias. Mas, se você é mulher, existe também outra preocupação: o assédio sexual, recorrente nas festas de rua. Pensando nisso, mulheres estão se organizando e fazendo com que campanhas contra esse tipo de violência ganhem ainda mais força no Carnaval: “Deixe ela Quieta!”, “Não é Não” e “Maceió sem Assédio”.
Elida Miranda, Superintendente de Políticas para a Mulher, da Secretaria Estadual da Mulher e Direitos Humanos (Semudh), explica as ações do órgão com a campanha “Deixe ela Quieta!” durante as prévias, que estará presente com equipes nas ruas fornecendo orientação pedagógica e policiamento, presentes no Jaraguá Folia e também nas prévias na orla de Pajuçara.
“A gente vai distribuir panfletos, materiais pedagógicos explicativos e visuais, vai ter nossas equipes fazendo esse corpo a corpo em pontos estratégicos, tanto no Jaraguá Folia quanto também nas prévias que acontecerão no final de semana na orla da Pajuçara. E também no feriado de Carnaval, por todo o interior de Alagoas”, afirmou.
Para a Superintendente, a participação e adesão da campanha por parte da população é de grande importância. “A participação da população é muito importante, denunciando qualquer tipo de assédio. Vamos ter as equipes de orientação pedagógica e policiamento ostensivo nas ruas. A população pode compartilhar nosso material nas redes sociais, utilizando o nosso adesivo, abanador, e acionando o nosso número, discando 180 ou acionando a polícia nas ruas”.
NÃO É NÃO!
Pioneira, a campanha Não é Não é organizada pelo Movimento de Mulheres Olga Benário desde 2017, depois de várias denúncias de assédio que aconteceram naquele ano em bares de Maceió. Uma das organizadoras à frente da campanha, Lenilda Luna explicou a origem do projeto.
“Em 2017, fizemos um escracho contra o machismo percorrendo a avenida Amélia Rosa, na Jatiúca, que teve uma repercussão muito boa entre as mulheres, que se sentiram acolhidas pela reivindicação de respeito às mulheres que saem com as amigas para se divertir e não estão querendo ser incomodadas por assédios machistas. Depois das ações nos bares, vimos que era preciso atuar com a mesma bandeira de combate ao assédio durante as prévias carnavalescas”, explicou.
O movimento também vai estar no bairro do Jaraguá nesta sexta-feira à noite, na concentração do bloco da Educação. E no sábado pela manhã, na concentração do Pinto da Madrugada.
“Vamos colar cartazes no percurso da folia e distribuir adesivos para colar na roupa, no abadá, no braço. Como as mulheres quiserem. É só pegar o adesivo e espalhar a ideia”, disse.
Dados do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, em 2019, apontaram um aumento de 20% nas queixas e denúncias de violência sexual registradas no Disque 100 e Disque 180. Este é mais um motivo para que cada vez mais iniciativas sejam tomadas para garantir a todas as mulheres proteção e dignidade. O intuito desta e outras campanhas é promover um carnaval sem espaço para qualquer forma de violência contra as mulheres.
“Temos notado que a campanha se multiplica, mais entidades assumem essa campanha. As mulheres já esperam por ela. Quando a gente leva os adesivos “Não é Não”, eles são distribuídos rapidamente. Colocar um adesivo destes no corpo ou no abadá é como dizer: me deixa brincar em paz porque eu não ando só”, afirmou Lenilda.
Para a pesquisadora e socióloga Danúbia Barbosa, durante muitos anos as mulheres vêm lutando contra todo dano causado pelo machismo, já avançamos muito, mas ainda tem muita coisa para conquistar.
“O assédio é um problema que afeta todas as mulheres em todos os níveis sociais, o homem vê a mulher como um objeto a ser desfrutado, algo que está ali à disposição para posse dele. Nesse período de Carnaval, o assédio é visto por muitos como uma autorização para invadir o espaço da mulher. Para combatermos o assédio, faz-se necessário campanhas de conscientização em todas as mídias, além de punições legais”, afirmou a socióloga.
MACEIÓ SEM ASSÉDIO
Lançada no ano passado, a campanha da Prefeitura de Maceió vai atuar pela primeira vez nas prévias e no carnaval da capital. A campanha tem um ponto fixo instalado na orla de Ponta Verde. Mulheres vítimas de violência, importunação ou assédio sexual podem contar com as equipes do Gabinete de Políticas Públicas para Mulheres para receber acolhimento, informação e direcionamento sobre a realização da denúncia.
O local possui uma equipe multidisciplinar composta por advogados e psicólogos que atende a vítima com um protocolo humanizado. Além do espaço fixo na orla marítima, que permanecerá fixo até o mês de março. A campanha Maceió Sem Assédio estará presente nos cinco polos do Carnaval criativo da capital, que vai do bairro de Jaraguá até Ipioca, Pontal, Benedito Bentes e Fernão Velho.
De acordo com Ana Paula Mendes, coordenadora do Gabinete da Mulher, esse equipamento é de acolhimento e proteção das mulheres vítimas de qualquer tipo de violência.
“O equipamento conta com uma equipe multidisciplinar, composta, inclusive, por um advogado e um psicólogo, para prestar os devidos esclarecimentos, além de ser um ponto importante de denúncias para a população”, ressalta.
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