Roteiro cultural
Paulo Betti faz apresentação única em Maceió da peça “Autobiografia Autorizada”
Espetáculo acontece na terça-feira (15) e faz parte da programação dos 112 anos do Teatro Deodoro
O ator Paulo Betti apresenta o espetáculo “Autobiografia Autorizada”, na próxima terça-feira (15), dentro da programação de aniversário do Teatro Deodoro – a apresentação acontece na sala de música do Complexo Cultural. O espetáculo tem entrada gratuita. O monólogo, que estreou em 2015, comemora seus 40 anos de carreira e foi construído pelo próprio artista, que agora retorna às apresentações do texto percorrendo todo Brasil.
“Tem humor e tem emoção, já tem seis anos que estou na estrada com essa peça. Estava em Portugal, onde fiz 15 cidades e interrompemos por causa da pandemia. Agora é primeira vez que nos apresentamos presencialmente para o público. A peça fala da infância e adolescência, da imigração dos italianos para o Brasil, é um pouco da minha vida que está ali”, disse o ator.
O projeto permitiu a Paulo, com muito humor, poesia e dor, mergulhar nas suas histórias pessoais, na vida de seus pais e avós, reafirmando a importância do ensino público e do trabalho social para a valorização do ser humano. Segundo ele, a peça tem “50% de comédia, 25% de drama e 25% de poesia”.
Paulo conta que, desde pequeno já escrevia e a Autobiografia Autorizada foi inspirada nos seus próprios textos, escritos em grandes blocos, durante a adolescência, onde também fazia colagens de fatos da época. O espetáculo também é inspirado nos artigos semanais redigidos por quase 30 anos para o jornal Cruzeiro do Sul, de Sorocaba, onde foi criado.
Sucesso de crítica, o espetáculo foi indicado para o prêmio Shell de Melhor Texto e rendeu a Paulo Betti a indicação para o Prêmio Faz Diferença, do jornal O Globo. Segundo o ator, o sucesso da peça foi um retorno pelo seu amor e sua dedicação, já que o monólogo, por meio de suas histórias e da sua família, causa identificação com cada espectador. “É um mergulho muito intenso na minha memória, amo muito os personagens envolvidos. Fiz com muito amor! Imagine: são meu pai, minha mãe, meu avô, meus irmãos… Acho que isso eu consegui passar. É uma peça feita com amor”.
Segundo Paulo, lendo as anotações que fez no decorrer de quase uma vida inteira, chegou à conclusão que, o tempo todo, se preparou para revelar as extraordinárias condições que o levaram a sobreviver e a contar como isso aconteceu. “Minha fixação pela memória da infância e adolescência, passada num ambiente inóspito e ao mesmo tempo poético, talvez mereça ser compartilhada no intuito de provocar emoção, riso, entretenimento e entendimento”, completa Betti.
Paulo interpretou vários personagens na televisão brasileira que marcaram muitas épocas e renderam vários bordões engraçados. Com mais de 70 participações em novelas e séries desde a Rede Tupi, passou por emissoras como Rede Globo, Bandeirantes e Manchete. “Só percebi que estava fazendo 40 anos de carreira quando o divulgador da peça me alertou. Venho escrevendo desde menino. Agora senti vontade de contar a história da minha infância e juventude no palco, pois alguns amigos começaram a me alertar para aspectos extraordinários de minha vida, e começaram a dizer que sou um bom contador de histórias. Acreditei e criei coragem para esse desnudamento que é a peça. Percebi que minha história era um pouco da história de um Brasil profundo; falo dos meus avós imigrantes e sobre o quilombo onde fui criado”, disse o ator.
Atuou, dirigiu e roteirizou mais de 30 filmes. Neste ano, finalizou um novo longa-metragem, A Fera na Selva, baseada na obra do escritor norte-americano Henry James, com direção do próprio Paulo, ao lado de Eliane Giardini – adaptação para o cinema do espetáculo que ele encenou com a atriz e ex-mulher, em 1992, e com o qual recebeu o Prêmio Shell de Melhor Ator. As filmagens foram realizadas em Sorocaba, cidade onde Paulo passou a infância e adolescência e conheceu Eliane. É produtor e diretor do filme Cafundó, estrelado por Lázaro Ramos, baseado no primeiro trabalho de campo do grande sociólogo Florestan Fernandes, filme vencedor de mais de 20 prêmios.
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